Filarmônica de Pasárgada lança álbum “PSSP”; confira faixa a faixa

PSSP é o novo álbum do grupo paulistano Filarmônica de Pasárgada, com 14 canções inéditas inspiradas na história da cidade de São Paulo. As faixas do disco abordam diversos aspectos ligados à metrópole paulista, ora de modo mais factual, ora de modo mais onírico, por vezes com ironia e humor: a sua fundação na colina histórica pelos jesuítas no século 16, a economia do café, a desigualdade social, o drama da Cracolândia, a recorrente crise hídrica, a poluição, o descaso em relação aos rios da cidade, o machismo e o racismo impregnados no desenvolvimento urbano de São Paulo são alguns dos temas que atravessam o álbum. As canções de PSSP foram escritas e arranjadas pelo compositor do grupo, Marcelo Segreto, e contam com participações especiais de Tom Zé, Barbatuques, Trupe Chá de Boldo, Música de Montagem, Mestre Zelão e Escola Mutungo de Capoeira Angola. O projeto gráfico de PSSP é de Guto Lacaz, a produção musical é de Segreto e o lançamento é pelo selo YB Music em parceria com a Gravadora Experimental da Fatec Tatuí. PSSP por Marcelo Segreto GPS (Caê / Marcelo Segreto) A canção GPS, a primeira faixa do álbum, aproveita a ideia do sistema de navegação por satélite (que usamos cotidianamente para nos localizarmos em nossas respectivas cidades) como metáfora da busca sentimental do eu-lírico pela cidade de São Paulo, misturando denominações atuais e antigas de logradouros da metrópole paulista. Cartão postal (Marcelo Segreto) A faixa faz uma paródia da canção Luar do Sertão (João Pernambuco / Catulo da Paixão Cearense) construindo um retrato irônico e bem-humorado da cidade de São Paulo, uma cidade sem cartões postais e cheia de problemas tais como a poluição, a carência de transporte público, a desigualdade social e o estresse. Rios e ruas (Marcelo Segreto) Rios e Ruas é uma canção que versa sobre os rios (canalizados e enterrados) que ainda correm debaixo das ruas e avenidas da cidade de São Paulo: “São São Paulo milagroso tem riacho e eu não acho, tudo sepultado vivo, vive embaixo desse chão”. Ao final da canção, os nomes dos rios vão pouco a pouco se sobrepondo aos nomes das ruas e avenidas que atualmente passam sobre eles. A faixa é uma homenagem ao Coletivo Rios e Ruas, projeto social de conscientização em relação aos rios paulistanos. Falta de (Marcelo Segreto) Falta de retrata as recorrentes crises hídricas vividas pela população paulistana, fazendo um paralelo entre o desaparecimento da água nas torneiras dos moradores da cidade e o desaparecimento das palavras na letra da canção. A faixa nasceu de uma encomenda do caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo que, em 2014, pediu para o grupo compor uma música sobre a crise hídrica vivida naquele ano. Nome de rua (Marcelo Segreto) Com participação especial do cantor e compositor Tom Zé, Nome de Rua aborda o machismo que observamos na história e no desenvolvimento de São Paulo, uma vez que somente 15% das mais de 48 mil ruas da cidade recebem nomes femininos. “Pois as ruas, alamedas, praças, passarelas/Avenidas, estações, pontes e vielas/São sempre femininas, mas as meninas/Não estão no nome delas”. Saudosa ma loka (Kiko Dinucci / Marcelo Segreto) Primeira parceria de Marcelo Segreto e Kiko Dinucci, Saudosa Ma Loka resgata as personagens de Adoniran Barbosa, com referências a diversas canções do compositor, inserindo-as na São Paulo atual da Cracolândia e da violência urbana. “A maloca derrubada/O ardifício incendiado/Hoje Joca queima pedra/Mato Grosso pele-e-osso/Doniran no camburão”. Virada cultural (Marcelo Segreto) Virada cultural faz um relato non-sense e bem-humorado da metrópole paulista, com referências a vários pontos importantes da cidade a partir de uma onírica virada cultural, evento já tradicional da cidade. “As ruas eram rios/O Copan tava quadrado/O aerotrem já tava pronto/O Minhocão tava enterrado”. Spleen (Marcelo Segreto) Spleen é uma canção dedicada ao escritor romântico Álvares de Azevedo (1831/1952), tomada pelos sentimentos de tristeza e melancolia misturados ao clima enevoado de uma imaginada São Paulo do século XIX: um nevoeiro da alma que, ao final da faixa, pode dissipar-se. “Nuvem de chumbo/Sinto o peso do mundo/Na neblina/Mas ela passa/Como um raio de sol/Iluminina”. Lira paulistana (Paula Mirhan / Marcelo Segreto) Lira paulistana é uma canção dedicada ao poeta e escritor modernista Mário de Andrade (1893/1945) e que propõe uma combinação devaneante entre duas importantes gerações de artistas ligados à cidade de São Paulo (o movimento modernista inaugurado em 1922 e a Vanguarda Paulista da década de 1980), fusão resumida ao final da faixa: “Tarsiwaldi, Ozzetatit, Arrigo Bananère, Itamário”. Kasato Maru (Fernando Henna / Marcelo Segreto) Kasato Maru é uma canção em forma de haicai, gênero de poesia japonesa composto por três versos. A faixa faz uma homenagem à imigração japonesa em São Paulo (o bairro da Liberdade, no centro da cidade, abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão). Kasato Maru é o nome do navio que, em 1908, chegou ao Porto de Santos transportando o primeiro grupo de japoneses para o Brasil. Quarto de despejo (Marcelo Segreto) Com participação especial de Mestre Zelão e da Escola Mutungo de Capoeira Angola, Quarto de despejo é uma canção dedicada à escritora Carolina Maria de Jesus e ao músico, educador e mestre de capoeira Mestre Moa do Katendê. A canção retrata a opressão secular contra a população negra no Brasil e como essa violência está intimamente relacionada à história da cidade de São Paulo. Psiu (Marcelo Segreto) Psiu é uma canção dedicada ao compositor americano John Cage e inspirada em sua obra 4’33’’. A faixa apresenta um espaço de silêncio repentino a partir de 0’22’’, fazendo com que o som ambiente do local onde está o ouvinte seja a complementação sonora da canção. Assim, é como se o som da cidade de São Paulo (se o ouvinte nela estiver) fizesse parte da composição. A cada nova escuta, uma nova canção. São Paulo de Piratininga São Paulo S Paulo SP (Marcelo Segreto) Com participações especiais dos Barbatuques, Música de Montagem e Trupe Chá de Boldo, a canção São Paulo de Piratininga São Paulo S
Vivi Rocha derruba clichês românticos no clipe e single, “Com você”

Depois do lançamento da nostálgica Um recado pra mim, a cantora, compositora e pianista paulistana Vivi Rocha mostra uma faceta um pouco mais romântica de seu trabalho em Com você. Apesar de descrever uma pessoa se apaixonando, a letra procura fugir dos clichês românticos, indicando que a proximidade se dá mesmo sem grandes gestos. O single chega às plataformas e com um vídeo em preto e branco da cantora gravando em estúdio. “Posso não querer tomar um banho gelado no inverno por você e eu me sinto cada vez mais com você”, canta Vivi. A canção também busca se afastar da ideia de que um relacionamento deve ser exibido nas redes para ser real: “Posso não querer postar o dia incrível que eu tive com você e me sinto cada vez mais com você”. “Nem tudo que está nas redes é real e nem tudo que não está não existe. Essa é uma canção para espantar o friozinho e aquecer os corações com a ideia de que o amor real é aquele vivenciado nas pequenas coisas”, resume Vivi. Com você foi produzida por Habacuque Lima e gravada no Trampolim Estúdio, sendo o segundo lançamento do projeto IMPERMANENTE, financiamento coletivo criado para a produção do segundo álbum da cantora e compositora. A escolha de Com Você como single foi feita pelos apoiadores, após uma live da artista apresentando faixas inéditas. Vivi Rocha fará deste um novo capítulo da sua trajetória musical. Sucessor da estreia Entreatos e de seus três EPs subsequentes, IMPERMANENTE será, para o público, uma possibilidade inédita de mergulho nos bastidores da feitura de um disco independente.
Dramón revela “O Tempo Abaixo dos Céus”, single inspirado por literatura

Músicas climáticas e que brincam com os sentidos são uma das muitas facetas de Dramón, projeto de ambient e eletrônica do músico Renan Vasconcelos. Abrindo caminho para o novo disco, C É U S, a ser lançado pelo selo americano Mystery Circles, a inédita O Tempo Abaixo dos Céus revela forte conexão com todo o conceito do álbum, calcado na temática dos mistérios para além do firmamento. O single já está disponível para streaming, e o álbum fechará um ciclo criativo iniciado pelo artista como um desafio pessoal em 2020 de criar uma música por semana. Embora seja uma faixa instrumental, O Tempo Abaixo dos Ceús é uma peça narrativa importante dentro das sensações que Dramón quer passar com o novo trabalho. Tanto que a inspiração veio da literatura. A ideia da paisagem também permeia o álbum, tendo se tornado um dos temas centrais do single anterior, Ouro Cinza da Terra. “O Tempo Abaixo dos Céus é uma música bem desoladora, inicialmente inspirada em paisagens de romances norte-americanos como A Folha Dobrada (William Maxwell) e O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger), romances que retratam algum grau de angústia e alienação. Essa música é meio chave para toda a conceituação do disco pois quando há esse nível de desolação, os céus ganham um protagonismo maior e mais especial: é para lá que olhamos e confidenciamos nossos medos e desejos, e imploramos por respostas”, resume.
Banda Barba Ruiva mostra outros tons da faixa “Notícias”

O trio Barba Ruiva explora outros lados do seu versátil repertório no compacto Notícias. O lançamento celebra os cinco anos do selo Caravela Records – cujo primeiro artista foi justamente a banda carioca -, com uma nova interpretação da faixa de mesmo nome, parte de seu disco de estreia. Além disso, o single inclui a versão original presente no trabalho autointitulado e um take alternativo de Just Fuck, com solo de guitarra invertido. O resgate dessas canções atesta a versatilidade de Barba Ruiva, que integra a cena do rock independente do Rio de Janeiro com um relacionamento estreito com a música brasileira, o blues, o indie rock e a psicodelia, mas sempre com um olhar pop. Para revisitar Notícias, Rafael Figueira (lead vocal e guitarra), Leonardo de Castro (baixo e voz) e Aline Vivas (bateria e voz) revelaram um trecho inédito. “Notícias é uma música de poucos acordes, maiores e menores. Essa versão que estamos lançando agora tem uma cara meio jazzística e até meio progressiva porque ela tem umas fases, umas transições diferentes. É uma música que vai se escalando, ela começa de um jeito e vai para outro lugar como se ela fizesse um passeio que visitasse locais musicais diferentes”, resume Figueira, compositor da canção. A versão que chega para os fãs agora foi gravada em 2012 no Estúdio SuperFuzz com Lisciel Franco e contou também com os técnicos de gravação Elton Bozza e Felipe Nareba. O resultado foi bem diferente da versão do disco lançado cinco anos depois, produzido por Maurício Negão. A história da banda começa em meados dos anos 2000, quando os músicos retornaram ao Brasil após uma longa residência nos Estados Unidos. Desde então, os integrantes atuam como compositores, escritores, atores e realizadores culturais. Com o lançamento de seu primeiro disco no fim de 2017, o trio buscou sedimentar seu lugar na cena independente.
Crítica | Predador: A Caçada

Engenharia do Cinema Desde que foi anunciado pela 20th Century Studios, “Predador: A Caçada” causou muita desconfiança por todos, uma vez que a Disney conseguiu a proeza de estragar todas as obras que eram da Fox até então. Porém, mesmo tendo como diretor o experiente Dan Trachtenberg (“Rua Cloverfield, 10”) sabíamos que o projeto teria uma chance grande de ser bom. E felizmente ele acertou em sua narrativa, e conseguiu tirar o gosto amargo que a versão “satírica” de 2018, havia deixado. A história se passa em 1719, quando a índia Naru (Amber Midthunder) e sua tribo tem seus caminhos cruzados com o misterioso ser alienígena Predador, e tudo começa a se tornar um verdadeiro jogo de gato e rato. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Trachtenberg está ciente que o local onde se passa a narrativa pode haver diversas cenas explorando o ambiente e situações que fazem jus ao termo “Predador”. De forma progressiva, este é apresentado sempre de maneira sutil, com animais pequenos sendo atacados por maiores, e estes sendo finalizados pelo próprio Predador (inclusive o CGI é muito bem conduzido nestas horas). Outro quesito que chamou atenção é a fotografia de Jeff Cutter (que já trabalhou com o diretor em “Rua Cloverfield, 10“), que se assemelham a verdadeiras pinturas de tão belas, e que seriam melhor aproveitadas se a produção tivesse sido lançada nos cinemas (mostrando mais uma vez que a Disney não sabe trabalhar seus produtos). Mas como estamos tratando de uma produção do gênero de terror, obviamente que as mortes e as formas de como ela seriam feitas, deveriam ser criativas e impactar o espectador. Só que mesmo se tratando de um produto direto para o streaming, vemos que o estúdio tinha medo de mostrar certas mortes e elas sempre são “cortadas” ou “vistas de outros ângulos”, para não chocar o espectador. Sem dúvidas, o original acaba vencendo neste quesito também. Agora com relação ao roteiro de Patrick Aison, confesso que ele possui diversos problemas a começar pela questão de colocar a protagonista como uma pessoa implacável e todos os outros personagens ao seu redor sejam vilões ou burros (inclusive, as falas sempre fazem questão de enaltecer a mesma ou jogar frases de efeito que tratam debates inexistentes naquela época). Inclusive a própria Naru consegue ter carinho e atenção do espectador em poucos minutos de projeção, não pelo seu carisma, e sim pela presença de seu cachorro (cujas cenas de interação entre eles são ótimas). “Predador: A Caçada” pode-se dizer como uma luz no fim do túnel, em meio ao caos de diversas produções horripilantes que a Disney fez com os produtos da Fox.