Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, faz show no Arte no Dique

O Festival O Som das Palafitas, promovido pelo Instituto Arte no Dique, recebe Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, na quinta-feira (1º), às 15h, na sede da ONG. Uma hora antes haverá apresentação do Coletivo Querô, formado por crianças e jovens da oficina de percussão da instituição santista. Um dos guitarristas mais respeitados do país, Davi Moraes tem amplo reconhecimento como instrumentista e como compositor. De formação autodidata, possui técnica peculiar e inconfundível na guitarra, e consegue a proeza de aliar percussão aos ritmos que pulsam em seus acordes amplificados. Protagonista de uma das cenas históricas e inesquecíveis do primeiro Rock In Rio, realizado em 1985, é a de um menino de 11 anos tocando com seu pai ritmos brasileiros como o chorinho e o frevo frente um público de centenas de milhares de pessoas. Não muito tempo depois dessa participação, Davi se tornaria figura presente e constante na cena contemporânea da nossa música. Sua reconhecida e impressionante capacidade como músico, capaz de criar com a guitarra camadas de som ao mesmo tempo de enorme sensibilidade e potência, com foco em igual escala para os aspectos rítmicos e harmônicos do instrumento, o fez criar um diálogo especial com outros instrumentistas e produtores musicais de distintas gerações. Atua como produtor e diretor musical em shows, discos, musical e cinema, assinando a direção musical de projetos como o Musical dos Novos Baianos e no cinema com o grande sucesso Ó Pai Ó. Davi Moraes, na composição, se mostra cada vez mais diverso, com trânsito entre consagrados e novos, fazendo seu próprio caldeirão de misturas. O artista está no terceiro trabalho solo. Ademais, conta com inúmeras participações em gravações de artistas e instrumentistas de sucesso, figura presente e constante em discos e shows de artistas diversos como Elba Ramalho, Marisa Monte, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Adriana Calcanhoto, Vanessa da Mata, Maria Rita, entre outros. Em janeiro de 2021, lançou pela gravadora Biscoito Fino o EP Todos Nós, uma homenagem a seu pai Moraes Moreira. O EP tem convidados como Carlinhos Brown, Marina Lima, Joyce Moreno e Mu e Dadi da A Cor do Som. Aliás, no final do mesmo ano, lançou o EP Pelo Celular, em parceria com selo Savalla Records. ServiçoDavi Morais no festival O Som das PalafitasQuinta-feira, 1 de setembro 14h – Abertura com Coletivo Querô 15h – Davi MoraesArte no Dique – Rua Brigadeiro Faria Lima, 1349, Rádio Clube
Hiënaz fala de apostas e desejos na densa e pesada Olhos de Cobra

O quarteto paulistano Hiënaz vai lançar duas músicas que aliam seu stoner rock a outras sonoridades. Em resumo, do violão 12 cordas ao math rock, passeando pelo southern rock ao sludge. O primeiro lançamento é Olhos de Cobra, a música mais complexa e pesada composta pela banda, distribuída pelo selo Abraxas Records. Olhos de Cobra tem uma introdução de violão 12 cordas, mas logo o peso faz o estardalhaço. Apresenta-se com um potente riff à la Zakk Wylde, que reverbera também num breve solo antes mesmo do refrão. O ritmo vai ficando frenético, com vocalizações que aumentam a tensão da música. O peso extra em Olhos de Cobra é um ponto de inflexão no atual momento da Hiënaz, desde o ano passado com a formação fixada com Felipe Dhël (baixo), Julio Cëzar (guitarra e vocal), Pëter Kerr (guitarra) e Tömmy Omarsson (bateria). O quarteto arremata cada pedaço da composição com harmonias e arranjos intrigantes, sempre totalmente audíveis e perceptivos na produção de Cello Nascimento, no m6 Studio, de São Paulo. Olhos de Cobra fala sobre o vício em jogos e apostas, mas é também sobre desejos. E em um jogo de dados, por exemplo, é melhor não cair no um e um (o fatídico snake’s eys = olhos de cobra), porque a derrota em uma jogatina jamais é o fim, pelo contrário, é a ansiedade e vontade por mais uma rodada.
Macy Gray fará quatro shows em dois dias, no Blue Note São Paulo

Crítica | Continência ao Amor

Engenharia do Cinema Não é novidade que a Netflix é conhecida por lançar filmes de qualidade ruim e mediana, e raramente nos entrega uma obra realmente boa. “Continência ao Amor” se encaixa perfeitamente neste último quesito, tanto que está há quase um mês entre os longas mais vistos do serviço. Apesar de pegar uma fórmula já conhecida do cinema (vide “A Proposta“), temos dois protagonistas que realmente possuem química e estavam dispostos a fazerem um ótimo projeto. A história mostra a cantora Cassie (Sofia Carson), que após descobrir não ter mais dinheiro para conseguir tratar de suas diabetes, acaba tendo uma brilhante ideia: Se casar com um militar de fachada, para conseguir usufruir dos benefícios hospitalares (já que nos EUA, os tratamentos para cônjuges de militares são os melhores). E ela acaba conhecendo justamente Luke (Nicholas Galitzine), que está prestes a embarcar para o Iraque, mas aceita a proposta devido a uma dívida que ele possui com um traficante. Imagem: Netflix (Divulgação) Um dos principais méritos deste projeto ter dado certo é o roteiro de Kyle Jarrow e Liz W. Garcia, procurar enfatizar o lado humano dos protagonistas. Em uma era de polarização, é bastante “normal” você encontrar casais com pensamentos ideológicos diferentes, o que os fazem ter várias discussões por conta de atitudes divergentes (e que neste texto, acabam rendendo ótimas piadas dentro do contexto). Já que aqui temos um militar mais beirando para o lado conservador, que se “casa” com uma feminista. E a diretora Elizabeth Allen Rosenbaum é bastante inteligente neste contexto, pois ela sabe que para fazer graça e até mesmo reflexão neste tipo de assunto, você deve jogar ele não a todo momento, e sim em momentos chaves e de forma homeopática. E por isso, ela procura dividir o projeto em blocos, que exploram os tópicos citados no segundo parágrafo. Mesmo sendo previsível, “Continência ao Amor” acaba sendo um dos raros casos de projetos da Netflix que realmente funcionam positivamente e rendem um entretenimento sadio.