Na véspera do aniversário, Lorde celebra o amor com show vibrante em SP

Na véspera de seu aniversário de 27 anos, Lorde mostrou mais uma vez, em São Paulo, que é uma artista em pleno desenvolvimento. Atração de destaque do Palco Primavera, neste domingo (6), a cantora neozelandesa estava ainda mais desenvolta e com um cenário grandioso na comparação com suas duas primeiras vindas ao Brasil, no Lollapalooza 2014 e Popload Festival 2018. Uma coisa não mudou: as canções seguem consistentes e o jeitinho quase confidente, de conversar abertamente com os fãs sobre particularidades da vida, continua ativo. Em determinado momento do show, Lorde chegou a falar sobre o início da carreira, quando era uma menina apenas. Em resumo, cantora estourou mundialmente com 16 anos e veio ao Brasil pela primeira vez aos 17. “Eu sou do outro lado do mundo e vocês estão cantando músicas de quando era adolescente de volta para mim. Nós somos os estranhos, os que passam do ponto, os que pensam demais, os que variam de humor”, disse. “E vocês são as pessoas que mais escutam minha música”. Divulgando o terceiro álbum de estúdio, Solar Power, cuja tônica é de um som mais orgânico e de contemplação e amor à natureza, Lorde apresentou um repertório muito equilibrado, com seis faixas de Melodrama (2017), cinco do Solar Power (2021) e outras quatro de Pure Heroine (2013). Lorde lulista Tal como em 2018, Lorde estava vestida de vermelho da cabeça aos pés. No entanto, dessa vez foi mais incisiva para falar do figurino: “o vermelho é uma cor bem apropriada, combina com esse país lindo”. “Duas coisas muito interessantes aconteceram no Brasil na última semana. Bom, vocês conseguiram um presidente novo e colocaram uma música minha de dez anos atrás em primeiro lugar no iTunes porque queriam que eu a tocasse”, disse em referência a Bravado, tocada pela primeira vez na atual turnê. Para quem acompanha a cantora nas redes, o recado foi claro. No último domingo (30), logo após o término da apuração das Eleições, Lorde postou nos stories: “Tão animada e honrada por estar com vocês neste momento. Lula! Obrigado! Deus”. Após comemorar a vitória do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, Lorde compartilhou, em um e-mail que envia para os fãs, um recado um tanto quanto intenso para Jair Bolsonaro: “Vai se fuder Bolsonaro e boa viagem”, escreveu no final do texto. Surpresas no repertório de Lorde Falando sobre o repertório, que reuniu hits como Liability, Royals, Green Light, entre outros, Lorde trouxe duas surpresas para os fãs. A primeira foi logo no início do show, quando chamou Phoebe Bridgers, que havia terminado o show há pouco, para cantar Stoned at the Nail Salon. “Essa música provavelmente não existiria sem essa pessoa”, disse. Posteriormente, Lorde cantou Bravado, canção do primeiro álbum, que não havia sido tocada ainda na atual turnê. A faixa, aliás, roubou o lugar de dois hits fortes do mesmo disco, Team e Tennis Court, que ficaram de fora. Por fim, Solar Power deu números finais ao show, que contou com apoio intenso do público do início ao fim. Haja disposição agora para correr até o outro palco e ver Travis Scott, no Palco Beck’s

Em casa, Terno Rei toca Gêmeos quase na íntegra no Primavera Sound

Segunda atração do Palco Primavera, neste domingo (6), no Distrito Anhembi, em São Paulo, logo após a norte-americana de origem indiana Raveena, a banda paulistana Terno Rei mostrou muita força diante de um espaço cheio.Com um repertório inteiramente dedicado aos dois últimos álbuns, Gêmeos (2022) e Violeta (2019), o Terno Rei mostrou que a escolha foi certeira. Recentemente criticamos o Planet Hemp por lançar o incrível Jardineiros na Virada SP, em Santos, e tocar apenas uma faixa do disco, que havia sido liberado um dia antes. Gêmeos é mais “antigo”, chegou ao streaming em março, mas foi representado com dez canções no Primavera Sound. Para quem já viu o Terno Rei em outros festivais ou abrindo shows internacionais na Capital, a mudança de foco é necessária. E corajosa, claro. As primeiras três canções do show vieram desse álbum: Esperando Você, Difícil e Brutal. Todas muito bem recebidas e cantadas pelo público. Antes de mudar o foco para o antecessor, Violeta, o vocalista e baixista do Terno Rei, Ale Sater, comentou a emoção de estar no palco do Primavera Sound. “A gente sempre quis ter esse festival aqui. Estamos muito felizes de tocar na nossa cidade preferida, no nosso festival preferido”, disse Sater. A reta final do show, que durou uma hora, guardou os maiores sucessos de stream da banda: Solidão de Volta, Dia Lindo, Retrovisor, Yoko, Olha Só e Dias da Juventude. SETLIST Esperando Você Difícil Brutal 93 Medo Sorte Ainda Internet Estava Ali Isabella Luzes de Natal Trailers Solidão de Volta Dia Lindo Retrovisor Yoko Olha Só Dias da Juventude

Arctic Monkeys debuta The Car no Brasil, mas não esquece hits em São Paulo

Com um disco fresquinho na bagagem, o Arctic Monkeys retornou ao Brasil três anos e meio após sua última passagem por aqui, quando foi headliner do Lollapalooza. E, justamente, com uma canção de The Car, Sculptures of Anything Goes, que a banda de Alex Turner abriu o show principal do primeiro dia do Primavera Sound, no Distrito Anhembi. Muito bem recebida pelos fãs, a faixa mostrou que a banda não precisaria de muito esforço para ter o público na mão. Bastava incluir seus principais hits e colocar os singles do novo álbum que o jogo já estaria ganho. Brainstorm, Snap Out of It, Crying Lightning e Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair em sequência, uma música de cada álbum dos ingleses, mostrou que a ideia era justamente contemplar todos os públicos da banda. Dos mais antigos, que beiravam um punk rock moderninho, até os mais introspectivos das fases mais recentes. AM, maior sucesso comercial da banda, segue sendo o carro-chefe do show, mesmo após o lançamento de outros dois álbuns. Mas Alex Turner e companhia não ignoram os outros trabalhos. Pelo contrário, conseguem um equilíbrio muito bom. A diferença para a apresentação no Lollapalooza está justamente na troca do protagonismo de Tranquility Base Hotel + Casino por The Car. O primeiro aparece mais tímido no setlist, com apenas duas canções, enquanto o mais recente surge com quatro faixas no repertório. Alex Turner melhora show do Arctic Monkeys Ademais, Alex Turner parece mais empolgado em cena, diferente do que vimos em 2019, no Lollapalooza, quando lembrou até Julian Casablancas, do The Strokes, mas sem as piadas idiotas. Algumas canções ganharam novos arranjos, como Four Out Five e 505. Novidades? Do Me a Favour voltou a figurar no Brasil pela primeira vez desde 2012, tal como rolou na véspera, no show do Rio de Janeiro. I Bet You Look Good on the Dancefloor e R U Mine? fecharam a apresentação da melhor forma possível. Impossível foi segurar esse povo todo para o restante do festival, que tinha programação estendida até 2h, com nomes relevantes, inclusive.

Mitski rouba a cena no Palco Primavera e faz um dos melhores shows do festival

A cantora nipo-americana Mitski, de 32 anos, saiu certamente como a artista que mais ganhou público e consolidou fãs no primeiro dia do Primavera Sound São Paulo. No Palco Primavera, logo após o Interpol, que estava no Beck’s, Mitski fez uma apresentação cheia de emoção, sensualidade e repertório consistente. Os dois maiores sucessos comerciais de Mitski, campeões de streams, bury me at makeout creek e Be The Cowboy, dominaram o repertório, com seis e cinco músicas, respectivamente. E foi justamente com os singles desses dois álbuns que a cantora mostrou sua força diante dos fãs. Cantaram juntos o tempo todo.O domínio do palco por parte de Mitski também impressiona. São apenas dez anos de carreira e oito dos primeiros singles com alcance comercial relevante. Mas ela se porta como uma veterana. Repleta de movimentos teatrais e influência nítida da dança contemporânea, a pouco fala com os fãs. Mas diante de um show tão impecável, impossível alguém se queixar dessa “falta de atenção” que o público brasileiro sempre espera dos artistas internacionais.

Interpol esquenta público do Primavera com set cheio de nostalgia

Interpol e Arctic Monkeys, duas das principais atrações do primeiro dia do Primavera Sound São Paulo, têm algo em comum: ambos vieram ao Brasil pela última vez em 2019, no Lollapalooza. Aliás, ambos estão com discos recém lançados na bagagem. The Other Side of Make-Believe, lançado em julho, é o que traz frescor para a apresentação do trio novaiorquino. Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino vêm de uma temporada de shows sold out pela Europa. Na frente do palco, a expectativa dos fãs era muito grande. Foi o primeiro show da tarde que realmente houve “briga” por espaço na frente do palco. Os álbuns Antics, The Other Side of Make-Believe e Turn On The Bright Lights foram lembrados em dez das 12 faixas do repertório, que foi completado com uma canção de El Pintor e outra de Our Love To Admire. No palco, pouco se vê os integrantes. O gelo seco domina boa parte da apresentação e a iluminação baixa dificulta ainda mais a missão de ver os músicos. Sorte de quem conseguiu um lugar na frente e teve uma experiência melhor. Evil, de Antics, logo no início do show, foi um ponto fora da curva. Aqui, a iluminação contribuiu para a visão do público, diminuiu o gelo seco e aumentou os refletores no palco. Sem muita conversa, o Interpol aproveitou bem os 50 minutos no palco para engatar uma sequência de guitarras, algo que estava em falta até então na programação, deixando os fãs do Arctic Monkeys mais à vontade. The New, PDA e Slow Hands vieram em sequência, garantindo um fim de apresentação bem empolgante para os fãs mais nostálgicos. Melhor atração possível para entreter o público que esperava ansiosamente pelo Arctic Monkeys.

Acompanhada da Orquestra Bachiana, Björk faz show que poucos entenderam

Björk é grandiosa em tudo que faz. Ícone na moda, referência musical, símbolo da Islândia, seu país. Tudo em que está envolvida tem um cuidado em todos os detalhes. A apresentação no Primavera Sound, em São Paulo, não foi diferente. Acompanhada da Orquestra de Cordas Bachiana e com um figurino muito extravagante, Björk deu o seu melhor. No telão, uma mensagem pedia para que os fãs não a fotografassem, muito menos filmassem a apresentação. No entanto, não houve a sinergia necessária com o público. Na frente do Palco Primavera, onde ela se apresentava, uma debandada dos fãs rumo a outros palcos, mesmo com o concerto em andamento. No Palco Beck’s, onde um telão exibia a apresentação, o público reclamava das músicas e pedia para o DJ colocar um som diferente. Uma falta de respeito sem limites. Sim, o som de Björk não é fácil de digerir. Não é para um público jovem ávido por guitarras e bateria. Casaria muito melhor no Auditório Barcelona, junto a nomes incríveis como Amaro Freitas e Hermeto Pascoal. Nada, no entanto, tirou Björk de sua concentração. Apresentou um repertório semelhante ao tocado em seus últimos concertos. Destaque para Ovule, canção do recém-lançado álbum Fossora. Foi a única lembrada do disco. Que Björk retorne ao Brasil, no palco certo, na hora certa, que a experiência será ainda mais vibrante do que foi no fim da tarde deste sábado (5).

Helado Negro festeja Lula, dança e comando coro no Primavera Sound

Americano de origem equatoriana, Helado Negro subiu ao Palco Beck’s, logo após o término do show da Liniker, que rolou no Palco Primavera, no primeiro dia da edição inaugural do Primavera Sound, em São Paulo, no sábado (5). Helado e seus dois músicos de apoio, um baixista/guitarrista e um baterista, surgiram todos com calça cinza e camiseta vermelha, parecendo até uma homenagem aos bombeiros. Helado é muito comunicativo. Conversou com os fãs o tempo todo, fez dancinhas desengonçadas e pediu o apoio deles o tempo todo, sendo atendido em todas. Far In, álbum lançado em 2021, foi o que deu o tom do show de Helado Negro. Quando cantou Gemini and Leo, o músico puxou coreografias divertidas para acompanhar o som. Até o intérprete de libras, presente no telão de todos os shows, entrou na mesma vibe que o cantor, acompanhando os passinhos. There Must Be a Song Like You, também de Far In, veio logo na sequência. E, mesmo que o público desconhecesse boa parte do repertório, isso não foi problema. O show de carisma de Helado contagiou o público, que na reta final já gritava “Helado gostoso” e “Helado, te amo”. Antes de cantar Pais Nublado, o músico conquistou de vez os fãs, quando dedicou a canção ao presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva (PT), e foi ovacionado pelo público. Na reta final, ele ainda apresentou Running, quando foi para os braços do público e comandou um coro orquestrado durante o refrão. Mesmo que ainda não tenha um hit tão poderoso, Helado Negro saiu com gostinho de vitória do palco. Certamente conquistou uma nova fatia de fãs.

Primavera: Toda de rosa, Liniker emociona com vocal potente e set forte

Luccas Carlos e a cantora Liniker foram os representantes brasileiros no Palco Primavera, o principal da primeira edição do Primavera Sound, que teve início neste sábado (5). Aliás, Liniker entregou uma das melhores apresentações do dia, logo após o show de Amaia, que aconteceu no Palco Beck’s. Com muita desenvoltura, público na mão e uma banda incrível por trás, a cantora colocou o público para cantar e dançar do início ao fim. E arrancou lágrimas também. Atualmente com 27 anos, Liniker alcançou a fama em 2015, quando despontou nacionalmente e internacionalmente com o grupo Caramelows, lançando o EP Cru. A parceria com o Caramelows rendeu ainda dois ótimos discos, Remonta (2016) e Goela Abaixo (2019), ambos presentes em listas de melhores álbuns do ano. Mas Liniker sabe que é gigante. Hoje brilha em carreira solo, como cantora e atriz. No Palco Primavera, toda de rosa, assim como os integrantes da banda, Liniker cantou, tocou guitarra, dançou, correu de um lado para o outro. Estava muito feliz e à vontade diante de uma plateia muito receptiva. Começou o show com Antes de Tudo, faixa do seu álbum solo de estreia, Indigo Borboleta Anil (2021), que foi a base do repertório.Foi desse álbum que vieram outras canções apresentadas no show, como Mel e Baby 95. “Aplaude e grita porque tem uma travesti no palco”, gritou a artista. Mas nem precisava pedir, o público já estava entregue.

Sensação espanhola, Amaia passa mal no palco, retorna e entrega bom show no Primavera

Cantora e pianista natural de Pamplona, Amaia foi mais um nome trazido pelo Primavera Sound para divulgar a música espanhola. No Palco Beck’s, ela teve um início tímido, no piano, mas bastou se apresentar para os fãs que o jogo virou. O forte calor foi o grande rival de Amaia, diante de uma plateia que a apoiou e soltou gritos de incentivo do início ao fim. Na reta final, em função do forte sol, a espanhola de 23 anos chegou a passar mal e precisou sair do palco. Socorrida pelos músicos da banda, logo retornou e cantou mais duas canções. O ponto de virada da apresentação foi quando anunciou que cantaria algumas músicas no piano. Iniciou o set mais intimista com Perdona, canção de Marcelo Criminal que Amaia gravou uma versão com a banda Carolina Durante, que havia se apresentado há pouco em outro palco. Na sequência, foi para a frente do palco e acompanhada da guitarrista, que trocou o instrumento por um violão, cantou uma faixa autoral, Yamaguchi. O retorno da banda veio em Santos que Yo te Pinte, na qual mostrou muito entusiasmo com o apoio do público. Aliás, seguiu dançando e interpretando cada estrofe. Bastante performática, Amaia cantou Quiero Pero No. Ao término da canção foi recebida com gestos de L dos fãs. Repetiu o gestual e perguntou o significado do L. A resposta foi “olé, olé, olé, Lula, Lula”. Sim, as eleições acabaram, mas a alegria do público não. Mas vale destacar como Amaia voltou cheia de disposição depois de passar mal. Em La Canción que no Quiero Cantarte, nem parecia que minutos atrás estava desacordada no backstage. Show de superação e muita dedicação no palco.