Rafael Castro lança álbum Vaidosos Demais, uma cutucada em estereótipos

Duas décadas de carreira e 20 discos. Um dos artistas mais hiperativos da música contemporânea brasileira, Rafael Castro ficou conhecido por produzir seus álbuns completamente sozinho, lá nos anos 2000, e pelo cinismo criativo que o cunhou como um novo “marginal”. Agora, ele quebra o silêncio de oito anos revelando Vaidosos Demais, seu novo trabalho solo. Bar e Lanches, faixa de abertura, aponta a que veio o (aguardado) disco: dar aquela cutucada, com lugar de fala, na classe média-baixa da Zona Oeste da cidade de São Paulo, região que é reduto artístico e, vejam só, abriga bar, estúdio e casa de shows do próprio Rafael. A decadência da simbologia hipster, passando pela objetificação dos artistas nas redes sociais – via promessa empreendedora, evidenciada na faixa O Algoritmo te Escolheu, com participação da cantora e compositora Vanessa Bumagny – e os exageros retóricos de uma esquerda falha em suas práticas, o conservadorismo mascarado de liberalismo e a hipocrisia das fofocas novelísticas compõem o curioso mosaico temático de Vaidosos Demais. O disco também contempla canções que exaltam a entropia do universo, encerrando debochada e liricamente com a faixa Quando Essas Canções Não Existirem Mais, parceria com o músico e compositor André Mourão e a beleza da iconoclastia ao cristianismo. Em sua reta final, Tim Bernardes achou o nome do disco com uma ideia genial: “Qual é o último verso da última música?”, “Vaidosos Demais”, “Pronto!”, “Curti, pô!”. Vaidosos Demais deixa claro o amadurecimento de Rafael Castro, e sua conexão com o presente e suas questões. As questões cotidianas, registro temático do artista, aqui se apresentam aprofundadas e marcadas pela contemporaneidade, com a presença das redes sociais, a polarização política e os impactos da vida pós-pandêmica. Gravado e finalizado em 15 dias entre sua casa e diferentes estúdios, o álbum mistura canções que estavam guardadas e produções novas, realizadas “na velocidade da luz”. Aproveitando as noites em que chegou em casa acelerado pela agitada vida noturna da capital paulista, as composições inéditas foram feitas, em sua maioria, nas madrugadas. “A correria foi uma delícia e com uma grande ajuda dos amigos, botei geral pra tocar e cantar, e até um maestro pra fazer arranjo de cordas, o que trouxe pra esse trabalho um astral completamente novo, diferente do que fazia na solidão e na derrota”, conta. A sonoridade, dessa vez, é bastante polida e profissional, porque, afinal, as coisas se complexificam ao longo da vida.
Fantástico Caramelo lança single para embalar dança psicodélica

A banda catarinense Fantástico Caramelo revelou mais um single que antecipa seu segundo disco, Nas Colinas Astrais, que será lançado este ano. Dançante e com cara de hino indie pop, Melhor Assim chegou acompanhada de um videoclipe dirigido pelos integrantes da banda Henrique Marquez e Nayara Lamego, que assinam também a letra da canção. A faixa é marcada por elementos da música pop e por guitarras espaciais que remetem a grupos como Os Mutantes, Pink Floyd e Boogarins, além de synths que celebram nomes como The Doors e Pond. O vídeo, por sua vez, tem direção de fotografia de Guilherme Galdino e mostra a banda de figurino vermelho em clima de suspense e psicodelia. Abordando temas como mudanças, o ego e a indiferença, a música é cantada por Nayara Lamego em português e espanhol – reafirmando o caráter poliglota das composições do projeto. “Melhor Assim fala sobre o impulso de tomar decisões no calor do momento, tendo que lidar depois com as consequências dos atos”, conta Nayara, que integra a banda ao lado de Henrique Marquez, Gabriel Alves, Diego Pereira e Marcelo Sutil. A produção musical é do catarinense Rafael Rossetto. Este é o terceiro single a ser revelado antes do disco, dando sequência a Alquimia e Goteira de Amor – que foi incluída na playlist editorial Indie Brasil do Spotify. A capa foi feita pelo ilustrador catarinense Grazzus Cunha, que assina o projeto gráfico do novo álbum Nas Colinas Astrais. A arte remete à imagem de uma escada e de uma porta, elementos que representam a busca pelo desconhecido, o caminho para novas fases e ciclos, a abertura de um novo mundo. “Através da imaginação cada ouvinte terá suas próprias conclusões, transportando a música para alguma situação vivida”, comenta Nayara. Ouça Melhor Assim, do Fantástico Caramelo
Bravaguarda lança experiência cinematográfica de indie pop

O duo Bravaguarda revelou o EP Plano-Sequência. O trabalho, gravado ao vivo, apresenta quatro faixas, incluindo a música inédita FIZO, e chega acompanhado de um audiovisual gravado em plano-sequência, como já avisa o nome do EP. O lançamento é via Alma Music. Combinando arranjos indie pop e pop/rock, o trabalho captura a essência única da Bravaguarda, oferecendo uma experiência musical e visual únicas. O destaque do EP, FIZO, é uma reflexão sobre seguir a intuição e quebrar os padrões impostos pela sociedade, transmitindo uma mensagem poderosa de autodescoberta e autenticidade. Ao lançar seu primeiro EP ao vivo, a Bravaguarda não apenas oferece uma experiência musical imersiva, mas também acompanha as faixas com um filme em plano-sequência, que ficou à cargo do diretor Breno Kruse. Este visual inovador eleva a experiência do ouvinte, proporcionando uma jornada cinematográfica que complementa perfeitamente a atmosfera e o estilo do EP. Falando sobre o processo criativo por trás do visualizer, os integrantes da Bravaguarda, Dan e Gui Barreto, compartilham: “O processo todo veio da gente querer fazer um material totalmente ao vivo, daí chamamos o Breno para dirigir. Fomos montando o quebra-cabeça de estética, cores, iluminação e repertório para compor o filme. Nós somos muito fãs de artistas que prezam por esta entrega de material ao vivo, mostrando a execução nua e crua ali no vídeo, por isso partimos daí para que depois tudo se conectasse a ideia acima do plano-sequência intervalado com as pequenas entrevistas no melhor estilo do saudoso Programa Ensaio, da TV Cultura.” Sobre a escolha do formato de plano-sequência, Breno Kruse acrescenta que a banda comprou a ideia de fazer neste formato. “O legal é que o plano sequência, assim como a música ao vivo, não precisa ser perfeito. O valor está na autenticidade e na energia pulsante que transmite. A gente fez de câmera na mão, e de certa forma a câmera vira um membro da banda, porque a gente tem que estar muito conectado com a música para no momento que tem uma virada de bateria, o câmera tem que estar ali escutando, tocando junto com ele para pegar este momento. Tem um solo de guitarra, a gente tem que estar junto com a câmera no solo de guitarra, então a gente está meio que numa sincronia, quase que fazendo parte da banda como unidade de câmera e direção.” Além de FIZO, as outras faixas do EP, Surpresas e Acasos, Descobri e Não Importa Mais, complementam-se harmoniosamente, oferecendo uma experiência coesa. “Ela [FIZO] é uma canção que foi composta mais ou menos na mesma época que Descobri e Não Importa Mais, então naturalmente ela tem uma vibe similar. Tanto o arranjo quanto a letra trazem uma mensagem sobre olhar para si e priorizar o melhor caminho que sua intuição te direciona.” Gravado no estúdio Camaleão, no bairro Vila Madalena, São Paulo, e com direção de fotografia de Pedro Knoll, o EP Plano-Sequência captura a essência autêntica da Bravaguarda, destacando sua habilidade excepcional de se conectar emocionalmente com o público. Breno Kruse, que já havia dirigido os clipes dos singles anteriores da banda, contribui com sua visão única para este projeto: “A gente foi atrás dessa linguagem mais vintage, mas ao mesmo tempo em que a gente está tentando criar uma linguagem, construir uma identidade, sempre tentando também fazer alguma coisa nova”, finaliza. Inspirado por shows clássicos como Stop Making Sense, do Talking Heads e Live at the Apollo, do Arctic Monkeys, o EP Plano-Sequência da Bravaguarda promete encantar os ouvintes, oferecendo uma experiência musical e visual única.
Odair José anuncia novo álbum de inéditas e lança primeiro single

Aos 75 anos e com 54 anos de carreira, Odair José anunciou o lançamento de seu trigésimo nono álbum, Seres Humanos, com produção dirigida por Junior Freitas. Aliás, o anúncio veio acompanhado do primeiro single do disco, DNA, já disponível nas plataformas de streaming, com distribuição da Monstro Discos. Artista e produtor se aliaram à tecnologia na execução de um projeto simples, como é do feitio de Odair, mas como sempre pensado nos mínimos detalhes para oferecer ao público um trabalho atual e de qualidade. “A ideia é trazer em alguns momentos do álbum uma parceria com a inteligência artificial, uma ferramenta eficaz, curiosa e divertida, que está presente cada vez mais na rotina do nosso tempo”, comenta o artista. Em DNA, Odair trilha o caminho do desenvolvimento humano, questionando o que virá. “Nesta canção faço uma observação realista e não muito otimista sobre o perigo que a humanidade corre de uma clara involução por não prestar atenção em alguns valores essenciais. Se apropriando de uma falsa hipocrisia, nos desculpamos dos nossos erros e defeitos, colocando a culpa na nossa genética e no DNA dos nossos ancestrais”, avalia Odair. Ouça DNA, de Odair José, primeiro single do álbum Seres Humanos