Entrevista | P.O.D – “Brasil é como um segundo lar para nós”

Entrevista | P.O.D – “Brasil é como um segundo lar para nós”

O P.O.D. lançou recentemente uma versão de I Won’t Bow Down em parceria com o argentino Andrés Giménez, vocalista da banda A.N.I.M.A.L. A faixa, que ganhou um refrão em espanhol e reforça o peso e a identidade multicultural do grupo, marca um momento especial para a banda californiana. Em entrevista ao Blog n’ Roll, o guitarrista Marcos Curiel falou sobre a colaboração, a amizade com Giménez e o desejo de voltar ao Brasil com uma turnê mais extensa.

Durante o bate-papo, Marcos relembrou a primeira conexão com Andrés, feita há cerca de uma década em um show na Argentina, e explicou que a ideia de colaborarem já vinha sendo discutida há anos. O convite para participar da nova versão de I Won’t Bow Down surgiu de forma natural.

Curiel também comentou o carinho especial que o P.O.D. nutre pelo público brasileiro, descrevendo o país como “um segundo lar”. A última passagem da banda por aqui, em 2024, incluiu shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. No entanto, ele reforça o desejo de voltar com uma turnê mais completa, passando por cidades como Recife, Vitória e Brasília, além de articular uma possível turnê conjunta pela América do Sul com a banda A.N.I.M.A.L.

Apaixonado por futebol, o guitarrista do P.O.D revelou seu apoio a clubes como Chelsea e Real Madrid, mas disse também ter carinho por times brasileiros como São Paulo, Palmeiras e Santos — cidade de Pelé e do Charlie Brown Jr., que ele reconhece como uma referência brasileira com “muita alma”.

Confira a entrevista completa abaixo.

Olá Marcos! Tudo bem? Onde você está agora? 

Oi, tudo bem. Estou em casa. Vou para a Europa nos próximos dias. E você?

Estou no Brasil, em uma cidade chamada Santos. Você torce por algum time de futebol no Brasil ou na Europa? 

Tenho times em todos os lugares. Aqui em San Diego, tenho o San Diego FC. E na Europa, torço pelo Chelsea, é meu time desde que era criança. Na La Liga, sou Madridista. Sou um verdadeiro fã do Real Madrid há muitos anos. E quando fui para o Brasil, ganhei uma camisa do São Paulo. Mas eu também conheço o Corinthians, um outro time do Rio, acho que o Palmeiras. Não sei se é do Rio, mas se chama Palmeiras. E o Santos também. 

Aqui em Santos tem um museu do Pelé. 

Uau, isso é incrível.

Você precisa vir aqui e visitar o Museu Pelé. 

Eu definitivamente irei. Não sei se já tocamos em Santos. Fizemos muitas turnês pelo Brasil, mas da próxima vez quero ter uma agenda aí.

Como surgiu a ideia de regravar I Won’t Bow Down com Andrés Giménez? Vocês já haviam trabalhado juntos?

Demorou muito. Somos amigos do Andrés desde que tocamos na Argentina em 2013 ou 2015, não lembro o ano. Ele subiu no palco conosco e cantou ao vivo. E nos tornamos amigos desde então. Sempre falamos: ‘ei, cara, vamos fazer uma turnê. Vamos fazer uma colaboração. Vamos fazer um recurso ou algo assim’. E finalmente aconteceu com essa música.

Queríamos fazer uma versão com o refrão em espanhol. E disse aos caras que provavelmente poderia ver se Andrés estaria interessado. E quando ele soube disso, disse: ‘sim, eu farei isso’. Então fizemos. E foi orgânico, não foi forçado. Estamos muito felizes com o resultado. Espero que possamos fazer muito mais juntos.

Vocês costumam conhecer e acompanhar bandas da América do Sul quando vem ao continente? O que sabem sobre bandas brasileiras?

Toda vez que vou, fico sabendo de algo, aprendo mais e mais. No começo, quando começamos a fazer turnê no Brasil, sempre ouvíamos falar de uma banda. Eles não existem mais. Era uma banda chamada Charlie Brown Jr. E o meu técnico de guitarra era parecido com o cantor. Então todo mundo, quando andávamos pela cidade, dizia que ele parecia o cantor do Charlie Brown Jr. E eu pensava: ‘uau, isso é engraçado‘. Tivemos que pesquisar sobre a banda e descobrimos mais sobre o Charlie Brown Jr. Obviamente conhecemos o Sepultura e algumas bandas de reggae também. Os brasileiros têm muita alma.

Você sabia que Charlie Brown Jr. é de Santos? 

Ah, eu não sabia. 

Infelizmente, Chorão, o cantor, e o Champignon, o baixista, morreram.

Sim, infelizmente. Eles eram incríveis. As pessoas amam essa banda.

Satellite, de 2001, é o grande sucesso comercial do P.O.D, com músicas que marcaram época, como Alive e Youth of the Nation. Como é para vocês tocar essas canções mais de duas décadas depois? Elas ainda fazem muito sentido para vocês?

Essas são músicas que posso dizer honestamente que são atemporais. Elas falam de geração para geração, e as pessoas amam essas músicas.

Acredito que, em termos de mensagem, Youth of the Nation é mais relevante agora do que quando a escrevemos, por causa de toda a violência, dos tiroteios nas escolas e tudo mais. Então acho que essa música sobreviveu porque é mais relevante. E, obviamente, é uma música foda.

Veritas, o último álbum da banda, teve grande alcance e ótima recepção da crítica especializada. Esse feedback positivo estimula vocês? Ou não ligam para os críticos?

Quer dizer, para um artista dizer que não se importa com os críticos, ele está mentindo. Mas, ao mesmo tempo, não é por isso que escrevemos música. Nós não escrevemos música para os críticos, prêmios ou reconhecimento. Nós escrevemos música porque é real da nossa alma, e escrevemos música que é real para nós. Mas também é um pedaço do nosso coração e alma. Então, quer você goste ou não, ainda é o que amamos. 

O P.O.D está na ativa há mais de 30 anos e com uma carreira consistente, lançando álbuns, sem pausas. O que mais motiva vocês a seguirem tão determinados?

Os fãs. Quero dizer, ouça, somos artistas e sempre seremos criativos, estejamos no P.O.D. ou em outro projeto. E se os fãs do P.O.D. querem continuar nos ouvindo e indo aos nossos shows, por que pararíamos? É algo como: ‘ei, sabe de uma coisa? Temos uma base de fãs que ama o que fazemos. Vamos continuar escrevendo músicas incríveis. E se as pessoas aparecerem, estaremos lá, enquanto pudermos‘. Como uma banda, nós cuidamos uns dos outros como irmãos.

Estamos por volta dos 30 e poucos anos de banda, nós temos que cuidar da nossa mente, do nosso corpo, da nossa alma e do nosso espírito, fazendo exercícios, nos mantendo saudáveis. Enquanto estivermos saudáveis ​​e formos capazes de fazer isso e amarmos fazer isso como uma banda e como irmãos, vamos continuar. Quer dizer, olhamos para bandas como Metallica e pensamos: ‘eles ainda estão acontecendo‘.

Olhamos para Bad Religion e eles ainda estão na ativa. Nós também ainda estamos na correria. Nós não sabemos o que o amanhã tem a oferecer, mas nós levamos um dia de cada vez. Como se eu já estivesse escrevendo novas músicas para o próximo disco. 

Como estão os planos de turnê? Pretendem retornar ao Brasil em breve? O que acharam da experiência no Brasil, no ano passado?

Nós amamos o Brasil, é como um segundo lar para nós. América do Sul e Brasil têm uma paixão pela nossa banda tão incalculável. Então nós sempre planejamos fazer isso.

Mas é meio difícil no momento porque nós temos que continuar excursionando pelos Estados Unidos ou Europa ou até Ásia.

Da última vez no Brasil, nós só fizemos três shows: São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Queremos Recife, Vitória, Brasília. Planejamos voltar. É só uma questão dos promotores e resolver toda a logística. Nossa ideia no momento é montar uma turnê com o A.N.I.M.A.L pelo Brasil, Argentina, Chile e toda a América do Sul.