Chega ao mundo o aguardado décimo álbum do Deftones, Private Music. Foram longos cinco anos desde o último lançamento e, nesse meio tempo, a banda experimentou um crescimento inédito, impulsionado pelo TikTok, que apresentou seus clássicos a uma nova geração de adolescentes. Hoje, o grupo também é apontado como influência direta de nomes como Sleep Token e Bad Omens, considerados herdeiros do metal moderno.
O Brasil teve a honra de sediar uma listening party na última quinta-feira (21) no The Cave, espaço da lendária Galeria do Rock, onde Private Music foi apresentado em primeira mão para fãs e foi muito bem recebido. O Blog N’ Roll foi representado pela Lya Hemmel que colheu as opiniões e expectativas dos presentes.
Criar esse disco era um desafio enorme. Afinal, a banda precisava lidar com a pressão de seu inesperado auge, somado ao revival do Nu Metal e os fantasmas dos dois trabalhos anteriores: Gore foi incompreendido, enquanto Ohms soou como uma tentativa sufocada de agradar os fãs. Não à toa, em 2025 apenas uma música de cada álbum sobreviveu aos palcos: Prayers/Triangle e Genesis, deixando clara a urgência de uma resposta à altura neste décimo capítulo da carreira.
Em Private Music, o Deftones não faz rodeios. A nostalgia aqui não é mero maneirismo ou bola de segurança, mas um portal direto ao passado da banda: a tensão entre a brutalidade das guitarras de Stephen Carpenter e a sensibilidade atmosférica de Chino Moreno continua sendo o coração criativo do grupo.
O álbum abre com o single My Mind is Mountain e sua introdução thrash que lembra muito o Metallica. A canção já soma 16 milhões de plays no Spotify, é pesada, impactante e foi recebida com entusiasmo por fãs e crítica. O outro destaque, Milk of Madonna, disputa o topo da parada de Rock da Billboard, logo atrás de seus discípulos do Bad Omens.
Entre as inéditas, Infinite Source traz o Deftones em essência: psicodelia, riffs monumentais, bateria grandiosa e os vocais de Chino, que abraçam ao mesmo tempo a calmaria e o caos. Já Cut Hands resgata com força as raízes do nu metal, soando como uma faixa perdida em algum disco dos anos 2000.

Há espaço para experimentações, como na balada I Think About You All The Time, que poderia figurar facilmente no clássico Mellon Collie and The Infinite Sadness, do Smashing Pumpkins.
O encerramento vem com a grandiosa Departing the Body, uma síntese de toda a trajetória da banda. O início grave, quase no estilo Roger Waters, explode em uma catarse que soa como um encontro entre Smashing Pumpkins, Pink Floyd e The Cure.
A produção reflete com precisão o estágio atual do Deftones: monumental. Os riffs de Carpenter aparecem ainda mais robustos sem abrir mão da distorção, e o estúdio soube potencializar a força do grupo sem diluir sua essência.
O retorno ao Brasil está previsto para 2026, com grandes chances do Deftones ser o nome principal do rock no Lollapalooza. Infelizmente, Stephen Carpenter não deve acompanhar a turnê, já que mantém restrições de viagem desde a pandemia.
Nota: 4/5