A cantora, compositora e instrumentista Ana Cacimba lança Luminosa Ato 1 Lua, trabalho que marca seus dez anos de trajetória artística e inaugura um projeto conceitual dividido em dois capítulos. Quilombola e periférica, a artista propõe uma obra guiada por metáforas de luminosidade, em que a Lua simboliza mistério, intuição e espiritualidade, enquanto o segundo ato, Sol, previsto para os próximos meses, representará expansão e realização. O lançamento sai pelos selos Head Media e Universal Music.
O primeiro ato reúne canções autorais e tradicionais diretamente conectadas à fé da artista, com a Música Popular Brasileira atravessada pela afro religiosidade. A sonoridade percorre samba rock, samba, pop, afrobeat, kuduro e referências da música caipira inspirada nas congadas do Rosário do Vale do Jequitinhonha. O asalato, instrumento de origem africana, aparece como elemento central e reforça o vínculo com a ancestralidade. Segundo Ana, o conceito de Luminosa nasce da necessidade de falar sobre autoestima e valorização do próprio brilho pessoal e espiritual em meio às exigências do cotidiano.
O disco se abre com “Exu”, uma poesia autoral em forma de reza, seguida por “Padê Onã”, ambas com participação de Alessandra Leão. Ao longo do repertório, a espiritualidade se manifesta em diferentes camadas, como na exaltação do sagrado feminino em “Pombagira Dona da Casa Maria Mariá”, na força dos ventos em “Oyá”, que dialoga com o kuduro angolano, e nas homenagens às yabás das águas em “Ponto de Oxum” e “Canto de Iemanjá”. Tradições também são revisitadas em faixas como “Preto Velho”, “O Sino da Igrejinha” e “Se Meu Pai é Ogum”, além das referências às memórias quilombolas da família da artista ao celebrar Oxóssi, Oxalá e Xangô.
A produção musical é assinada por Los Brasileros e Dmax. O lançamento vem acompanhado de um visualizer para “Exu Padê Onã”, dirigido por Gabriel Sorriso, com imagens captadas durante a gravação no estúdio Head Media. A identidade visual reforça o conceito do projeto, trazendo a Lua como personagem central da capa, em um trabalho concebido por Ana Cacimba e desenvolvido em parceria com uma equipe majoritariamente feminina. O segundo ato, Sol, dará sequência à narrativa ao explorar experiências cotidianas, alegria e a energia do convívio com o mundo exterior, ampliando o retrato da afro brasilidade e da afro religiosidade na música popular brasileira.