Antes de se apresentar como atração de abertura do Pierce The Veil no Espaço Unimed, em São Paulo, nesta terça-feira, 16 de dezembro, o Health falou sobre o momento atual da banda. A repórter Mayara Abreu entrevistou o baterista BJ Miller, que falou sobre o momento atual da banda com seu novo álbum.
O show marcou mais um capítulo da fase intensa vivida pelo grupo, impulsionada pelo lançamento de seu sexto álbum de estúdio, Conflict DLC, que chega como a consolidação de uma trajetória marcada por peso extremo, experimentação sonora e uma estética que abraça o desconforto como linguagem.
Anunciado em setembro, Conflict DLC reúne 12 faixas de metal industrial em alta voltagem e aprofunda os subtextos existenciais que se tornaram marca registrada do Health. O disco transita sem concessões entre ruído eletrônico, industrial pop e estruturas quase dançantes, como nos singles Ordinary Loss, Vibe Cop e Shred Envy, sempre sustentados por riffs massivos, batidas explosivas e um clima melancólico que reflete o caos da vida moderna.
Definido pela própria banda como uma coleção de “sad bangers” para o fim dos tempos, o álbum dialoga diretamente com sua base de fãs, uma coalizão de subculturas unida pela intensidade emocional e pela busca de conexão em meio à escuridão.
Falando sobre o Health, minha primeira pergunta é sobre o último álbum, Conflict DLC. Eu li que o disco é descrito como uma coleção de “sad bangers”. Esse álbum é mais um espelho desse mundo ou um jeito de escapar dele?
Isso é difícil de responder e eu estou tentando responder para todos agora. Certamente está espelhando nossos tempos, mas nós temos intenção de ser um escapamento. Nossos livestreams são sempre bons, esperamos, um espelho e um lançamento do que se tornou, mais ou menos, um monte de ansiedade no mundo.
Quando eu estava lendo sobre o Health e ouvindo a banda, percebi que os fãs vêm de diferentes cidades e de diferentes subculturas. Como vocês mantêm o Health verdadeiro a si mesmo enquanto falam com públicos tão diversos?
Bem, a gente não consegue agradar todo mundo o tempo todo. Eu odeio citar o Mitch Hedberg, porque vocês já sabem disso, mas ele tem uma frase ótima sobre isso. No fim das contas, todas essas pessoas estão no nosso show. Só que é impossível atender a todas as expectativas. A gente vive constantemente nesse limite entre tentar agradar os outros e ser fiel ao que faz sentido para nós mesmos.
Por isso, a decisão quase sempre começa pelos nossos instintos, que é agradar a nós mesmos. Ao mesmo tempo, a gente observa as reações, especialmente o que aparece no Discord, que o John costuma chamar de um tipo de grupo de foco da internet. Tentamos filtrar esses retornos e levar em conta o que o público responde. Muitas vezes isso acontece em tempo real. Tocamos uma música nova, percebemos que não funcionou tão bem, reavaliamos, mudamos a ordem ou voltamos a testá-la em outro momento. Quando tocamos algo e a resposta vem forte, fica claro que aquilo conecta.
A ideia é que essa energia seja contagiante. Mesmo que alguém não esteja totalmente convencido no começo, a empolgação de quem está ao lado acaba envolvendo todo mundo. De repente, a pessoa se vê ali, abraçada àquele momento, pensando que, no fim das contas, aquilo faz sentido.
Falando especificamente dos shows, eles parecem sempre funcionar como um ritual, não apenas como um concerto comum. O que você quer que as pessoas sintam quando saírem de um show do Health?
Você sabe, nós não somos pessoas muito religiosas, e o espiritual não está geralmente no nosso vocabulário, mas eu espero que seja uma experiência espiritual de algum tipo.
Para encerrar, uma pergunta rápida. Pop extremo ou industrial clássico?
Oh, você disse pop extremo? Sério? Eu não sei, o que é pop extremo? Tipo, super pop? Industrial, sim, eu acho, você sabe, mas nós dois, eu quero dizer, nós dois, nós todos gostamos de ambos, então, sim, aqui estamos. Um show perfeito para você.
Um show perfeito para assistir?
Tool no ano passado foi bastante incrível. Deus, se eu pudesse ver o Nirvana tocar..
E o novo álbum em uma palavra?
Uau! Isso funciona?
Foto: Renan-Facciolo