Pato Fu reafirma liberdade criativa em novo álbum

Por Carlota Cafiero

Patos são bichos engraçados. Preferem nadar e marchar, são desengonçados e emitem sons estranhos. Comparando assim, a banda Pato Fu faz jus ao nome que carrega há 22 anos.

Ao contrariar as regras do mercado e experimentar à vontade em cada álbum, o grupo nunca dá pistas para que lado vai quando se fecha em estúdio: se para o pop, o rock, a eletrônica ou tudo ao mesmo tempo.

“Continuamos desajeitados como patos e fazendo uma música que não é convencional. E por mais que uma canção tenha um ar pop, damos uma entortada ou na letra ou na sonoridade dela. Isso faz parte do nosso jeito de fazer música”, disse a cantora e compositora Fernanda Takai (em entrevista para A Tribuna) que encabeça a banda ao lado do marido, John Ulhoa.

Depois de ficar sete anos sem lançar um álbum de canções inéditas – desde Daqui Pro Futuro –, o Pato Fu reafirma essa liberdade criativa no décimo segundo álbum, Não Pare Pra Pensar (Rotomusic), ao continuar apostando na diversidade como identidade e misturando momentos de quebradeira com calmaria.

Mas o grupo não ficou parado entre um álbum e outro. Tanto que, em 2010, surpreendeu a todos com o disco Música de Brinquedo, que vendeu mais de 40 mil cópias, chegando a Disco de Ouro em 2011, e ainda rendeu um DVD ao vivo no ano seguinte.

Feito de covers da música nacional e internacional, tocados com instrumentos de brinquedo, o álbum recebeu críticas de velhos fãs e elogios dos novos, especialmente das crianças.

“Todo mundo na banda estava tocando seus projetos paralelos e excursionando com o Música de Brinquedo. Tivemos de parar mesmo este ano para poder fazer o novo disco”, conta Fernanda, que lançou o quinto CD como intérprete, Na Medida do Impossível, em março deste ano.

A cantora acha que o Pato Fu precisava lançar um disco para manter a sua unidade e integridade musicais. “Acho que todo mundo esperava que fôssemos fazer o Música de Brinquedo 2, mas não somos dessas bandas que se entregam facilmente ao sucesso. Já fizemos discos mais orgânicos e calmos, outros mais pesados, como o Ruído Rosa, e até eletrônicos. Acho que este (Não Pare Pra Pensar) é um amálgama de todos os outros”, considera.

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De acordo com o material de divulgação, o conceito do novo álbum passa pelo sentimento de urgência, que segue os instintos e não deixa que os pensamentos paralisem as ações.

A capa, com uma arte estilo retrô, traz um robô gigante soltando raios contra os humanos. A autoria é de Marcos Malafaia, um dos diretores artísticos do grupo Giramundo (para o qual o Pato Fu fez a trilha sonora do espetáculo Aventuras de Alice no País das Maravilhas).

“A capa tem tudo a ver com a nossa proposta. É intensa, tem humor e traz a personalidade de cinco pessoas”, diz ela, referindo-se aos demais integrantes da banda: Ricardo Koctus (baixo), Glauco Nastacia (bateria) e Lulu Camargo (teclados).

Menino Veneno
O novo disco traz 11 canções, sendo dez inéditas e uma cover de Erasmo e Roberto Carlos (Mesmo Que Seja Eu). Os destaques ficam para as músicas Cego para as Cores, cantada por Fernanda Takai, que abre o disco com um riff que lembra muito a banda Black Sabbath, e You Have To Outgrow Rock’n Roll (a única em inglês, cantada por John Ulhoa), que segue o estilo skate rock. Ambas ganharam clipes que podem ser vistos no site oficial da banda e no YouTube.

Outra surpresa é a participação do cantor inglês (radicado no Brasil) Ritchie (conhecido pelo hit oitentista Menina Veneno). Ele divide o vocal com Fernanda na faixa estilo folk music Pra Qualquer Bicho. “Esperamos que ele suba no palco quando passarmos pelo Rio de Janeiro”, espera Fernanda.

Nova Turnê
O show da turnê de Não Pare Pra Pensar só começa em março. “A gente vai ensaiar até fevereiro para então levar o show para a estrada, mas a nossa vida não para. Vou continuar com meus shows solos. O Pato Fu tem outros shows para cumprir, que não são só do Música de Brinquedo, mas só com os sucessos da banda”, adianta Fernanda.

Nascida no Amapá (Serra do Navio), em 1971, filha de um geólogo com uma enfermeira apaixonados por música, Fernanda é mãe de Nina, de 11 anos, que adora balé clássico. “Acho que essas referências vêm de casa. Eu tive sorte de meus pais me incentivarem a ouvir de tudo”.