Há 50 anos o rock desembarcava no Porto de Santos por meio de marinheiros europeus. A novidade vinha com sotaque britânico. Rolling Stones, Beatles e The Who eram os principais nomes. Na Boca, jovens músicos da região aproveitavam ao máximo as novidades e o cenário efervescente para apresentar as canções do momento para os estrangeiros. Passadas cinco décadas, essas três bandas ainda embalam gerações. Sejam daqueles jovens músicos dos anos 1960 ou da nova turma de roqueiros. Isso ficou provado no show de despedida da turnê New, de Sir Paul McCartney, o mais carismático dos Beatles, na Allianz Arena, estádio novo do Palmeiras, na última quarta-feira.
O local não poderia ser mais apropriado. Um verdadeiro teatro dos sonhos, em uma região central, próximo ao terminal da Barra Funda, em São Paulo, e com opções cobertas (cadeiras) e descobertas (pista e pista premium) para os fãs. A lamentar apenas a acústica prejudicada em algumas partes da pista. Fãs reclamavam que o som parecia abafado. Nas cadeiras e no fundo da pista, o som era impecável.
Paul McCartney, mesmo antes de subir ao palco, já mostrou duas coisas aos fãs: faz chover sempre e nem mesmo o mais britânico consegue ser pontual em São Paulo, ainda mais caótica após as fortes chuvas registradas ao longo do dia. Ele subiu ao palco com 45 minutos de atraso.
Chuvas, que por sinal, renderam brincadeiras dos fãs, que gritavam o tempo todo para Paul McCartney cantar na Cantareira, que sofre uma das piores secas da história. No dia do show, o sistema de abastecimento da Grande São Paulo caiu mais uma vez, de 9,2% para 9,1%. Fica a dica para os produtores de São Paulo.
Mas voltando ao ponto máximo da noite, McCartney mostrou muito vigor desde o início da apresentação. Aos 72 anos, o músico parece incansável. Proporcionou uma noite histórica para os fãs, com um show de 2h45 minutos e um repertório com 39 canções.
Na comparação com a primeira apresentação em São Paulo, na noite anterior, Paul fez apenas duas alterações no repertório. Trocou Eight Days a Week por Magical Mystery Tour na abertura e Hi, Hi, Hi por Get Back.
Carismático e divertido, o músico brinca o tempo todo com o público. Rege corais, arrisca palavras em português e simula estar cansado à espera de gritos dos fãs. “E aí, galera! Tudo bem? Está bombando, molecada e irado” foram algumas das palavras repetidas pelo Beatle.
Vale destacar a parte cenográfica do show. Os dois telões, com ótima resolução, garantiram uma experiência única. E o equipamento localizado no fundo do palco exibia imagens de momentos da vida de Paul e dos seus companheiros de banda. Muitas homenagens foram prestadas também para ex-mulheres e personalidades do século 20.
O britânico faz questão, ainda, de agradar aos seus seguidores pós-Beatles. Canções como Band on The Run, Let Me Roll It, ambas da fase com o Wings, além de faixas do novo álbum marcaram presença no setlist.
Blackbird, com Paul alçado a uma altura agradável para todo o estádio poder vê-lo, Ob-La-Di, Ob-La-Da, que fez o público dançar, além das belas Let it Be e Hey Jude foram pontos altos da apresentação. Helter Skelter e Live and Let Die, com explosões e queima de fogos também fizeram os fãs vibrarem. Desde aqueles senhores com mais de 60 anos até os mais novos, na faixa dos 11 ou 12 anos.
Setlist:
Magical Mystery Tour
Save Us
All My Loving
Listen to What the Man Said
Let Me Roll It
Paperback Writer
My Valentine
Nineteen Hundred and Eighty-Five
The Long and Winding Road
Maybe I’m Amazed
I’ve Just Seen a Face
We Can Work It Out
Another Day
And I Love Her
Blackbird
Here Today
New
Queenie Eye
Lady Madonna
All Together Now
Lovely Rita
Everybody Out There
Eleanor Rigby
Being for the Benefit of Mr. Kite
Something
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Band on the Run
Back in the U.S.S.R.
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude
Day Tripper
Get Back
I Saw Her Standing There
Yesterday
Helter Skelter
Golden Slumbers
Carry That Weight
The End