Aquecimento Lollapalooza 2015 – Interpol

Aquecimento Lollapalooza 2015 – Interpol

Por Jonathan Vincent

A descrição mais comum para o Interpol é compará-lo ao lendário Joy Division. Talvez as letras e o estilo post-punk das melodias lembrem bastante a obra da banda de Ian Curtis, porém há algo de único no quarteto nova-iorquino. Apesar de dramáticas, as composições do vocalista Paul Banks não possuem um “choroso”, comum nesse tipo de letra. A soturnidade na voz de Banks faz com que linhas como “ela põe o peso no meu pequeno coração/então ela chega no meu quarto e o despedaça” não soe babaca e infantil.

Longe disso, a melancolia do Interpol é muito bem-vinda em tempos que letras de desilusão amorosa se resumem a simplórios sentimentos de saudade ou até mesmo uma esquisita obsessão implícita.

Para acompanhar as letras, o guitarrista Daniel Kessler e o baterista Sam Fogarino fazem questão de apresentar melodias que seguem a linha “sombria” de um clássico post-rock mas com espaço para riffs chicletes e batidas que farão você ao menos bater o pé no chão.

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Infelizmente, o responsável pelas sensacionais linhas de baixo que acompanharam o grupo em boa parte da carreira não faz mais parte do Interpol e a banda toca com músicos temporários em seu lugar desde então. Carlos D saiu em 2010 após crises de identidade com a repentina fama que ganhou no cenário hype de Nova Iorque. Curiosamente, ele ainda deu uma declaração na época em que revelou que o baixo nunca foi seu instrumento preferido.

Essa combinação faz do Interpol uma das bandas mais legais que surgiram no rock nos últimos anos e das mais criativas também. Apesar da genialidade do início de carreira ter se perdido um pouco com amadurecimento da banda nos últimos anos, o legado permanece. Afinal, ser comparado ao Joy Division é coisa para poucos, não?

O que eu preciso conhecer do Interpol para curtir o show deles?
No currículo do Interpol existem dois disco essenciais. Turn Off the Brights Lights, álbum de estreia lançado em 2002, é um deles e sustenta boa parte do setlist da banda nos shows desde então. Esse é o disco perfeito para se conhecer a banda, já que a química entre letra e música está mais afiada do que nunca aqui.

Canções como Obstacle 1, NYC, Say Hello to the Angels e PDA são quase unanimidade entre os fãs como as preferidas a serem tocadas. E o grupo atende (quase sempre).

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Já o disco Antics, de 2004, continuou a fórmula de sucesso da estreia e espantou a famosa maldição do segundo disco. Para não dizer que foi apenas mais do mesmo, é notável uma evolução nas melodias. Os destaques são as populares Evil, C’mere e Slow Hands, sempre presentes na maioria dos shows. As excelentes Take You on a Cruise e Not Even Jail (que inclui uma linha de baixo hipnotizante) também possuem boas chances de darem as caras durante a apresentação no Lolla.

A curiosidade fica por conta do tema náutico que ronda o álbum, contando com diversas referências a barcos, cruzeiros e mar. Essa atmosfera faz de Antics um excelente álbum para se escutar durante uma viagem em estradas. Boa pedida para ouvir durante o trajeto até o Lolla.

Os discos restantes do Interpol podem não possuir o mesmo brilho do começo da carreira, mas também merecem ser conferidos. Our Love to Admire (2007) tem seus pontos altos e fica claro que a banda quis fazer algo de diferente, adicionando instrumentos como trompete e piano nas canções.

Interpol (2010) tem como destaque os singles Barricade e Lights, mas o restante do disco fica bem aquém do que o grupo pode oferecer. Já El Pintor (2014) revitaliza bem o catálogo da banda e mostra o amadurecimento do som desde a estreia deles há 13 anos.

E é com esse disco bem sólido que o Interpol vem ao Brasil pela terceira vez, depois de memoráveis passagens em 2008 e 2011. Para facilitar sua vida, o Blog n’ Roll preparou uma playlist no Spotify com os principais sucessos do grupo e que possivelmente lhe transformarão em uma das milhares de pessoas que farão coro no show da banda, que ocorre no segundo dia do Lollapalooza 2015.