Nofx esquece alguns hits, mas compensa com ‘The Decline’ no show de São Paulo

Nofx esquece alguns hits, mas compensa com ‘The Decline’ no show de São Paulo

Um show de punk rock com ingressos esgotados há meses. Essa façanha não é para qualquer banda. O feito foi alcançado pelos californianos do Nofx. Programados para março passado, os caras tiveram que cancelar a turnê e remarcar para dezembro. A vontade do público só aumentou de lá para cá.

E não pense você que a ansiedade dos fãs se deve ao ineditismo do grupo por aqui. O Nofx está pela quinta vez no Brasil (a primeira foi em 1997, inclusive com show em Santos, na extinta Planet Z). O que leva o público ser tão fiel à banda? O imprevisível. Nunca se sabe o que esperar de Fat Mike e companhia.

Na noite de sábado, o Nofx finalmente retornou a São Paulo, após três anos da última apresentação. O show na casa Via Marquês foi sold out e com uma energia fora do comum. Mas não nas apresentações da banda, sempre bem disputadas pelos fãs.

Desta vez, Fat Mike estava muito tranquilo e à vontade em cena. Brincou o tempo todo com os fãs, fez suas tradicionais piadas politicamente incorretas e fez um passeio antológico pela carreira. Com mais de 30 anos de estrada, é impossível agradar a todos. As ausências de Don’t Call Me White e Franco Un-American chamaram a atenção do público.

Mas Fat Mike soube recompensar os fãs com a apresentação de The Decline, provavelmente o maior punk rock da história, com 18 minutos de duração. Linoleum, Bob, Leave it Alone e a rápida Murder the Government botaram mais fogo ainda nos circle pits.

O frontman do Nofx se destacou mais uma vez, tanto pela música como no stand up comedy proporcionado aos fãs. “Você é muito esquisito. Assustador!”, disse para um fã. Em outro momento chamou um cara de gay. Já El Hefe, guitarrista e trompetista da banda, brincou com o fato de ter alguns descendentes de orientais na plateia. “Vocês são chineses? Japoneses? Coreanos? Brasileiros asiáticos?”

Mas quem conhece a banda sabe que isso faz parte do personagem de Fat Mike. O Nofx não é uma banda homofóbica, racista, nem nada disso. Inclusive leva bandeiras coloridas, símbolo do movimento LGBT para o palco. Apenas faz piada com tudo, sem se preocupar com o feedback.

A forte personalidade da banda é bem aceita pelo público que se diverte com Fat Mike e companhia. A quantidade de copos, garrafas e objetos atirados no palco também reduziu. Talvez isso explique o bom humor do músico durante a apresentação. Dois CDs, provavelmente de bandas locais, foram arremessados em Fat Mike, que guardou dentro de sua camiseta.

Diferentemente do show no Rio de Janeiro, que ocorreu na noite de sexta-feira, Fat Mike não vestiu roupas femininas. Optou pela camiseta regata da banda Teenage Bottlerocket, utilizada nas apresentações da Argentina e Peru.

Horas depois do show, o UFC teve como luta principal a disputa de cinturão dos penas entre José Aldo e Conor McGregor. O evento parecia estar na programação de Fat Mike após a apresentação. Durante alguns momentos da apresentação, o músico repetiu o nome de McGregor. Somente para provocar o público. Torcendo ou não, deu certo. McGregor destronou José Aldo em apenas 13 segundos.

A expectativa por mais uma turnê no Brasil já começou. Antes disso, no entanto, o Nofx deve finalizar a gravação de um novo álbum, que terá 18 canções, conforme divulgado por Fat Mike em entrevistas antes dos shows no País.

Set list
Seeing Double at the Triple Rock
Stickin’ in My Eye
72 Hookers
Quart in Session
Murder the Government
Leave It Alone
Eat the Meek
The Decline
I Believe in Goddess
IQ32 (Necros cover)
Monosyllabic Girl
I’m Telling Tim
Louise
The Moron Brothers
New song
Perfect Government (Mark Curry cover)
Fuck the Kids
Linoleum
We March to the Beat of Indifferent Drum
Bob
Bottles to the Ground
The Brews
Dinosaurs Will Die