Com o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, completamente tomado por camisetas pretas, o Iron Maiden fez a despedida da etapa sul-americana da The Book of Souls Tour, com um show impecável e com boas novidades para o público de 42 mil pessoas.
Para uma banda que veio pela décima primeira vez ao Brasil, inovar é sempre preciso. Mesmo que seja o Iron Maiden, que consegue lotar estádios sempre. Se as últimas turnês de Bruce Dickinson, Steve Harris e companhia por aqui priorizam os clássicos dos anos 1980, a atual deu uma valorizada maior para o álbum The Book of Souls, do ano passado. Foram seis faixas escolhidas para o repertório de 15 canções. Duas delas tocadas logo no início e com apoio máximo dos fãs.
Hits como Fear of the Dark, The Trooper, The Number of the Beast, Powerslave, Hallowed be thy Name, Wasted Years e Iron Maiden foram mantidas. E, claro, foram responsáveis pelos momentos mais empolgantes do público. Children of the Damned, não muito comum nos sets das outras turnês, garantiu a dose de clássico esquecido para o público paulistano.
Mas o que chama a atenção é a técnica dos integrantes no palco. Parece que nada muda para eles. Com a maior parte dos músicos na casa dos 60 anos, a banda segue com um som quase idêntico aos álbuns, execuções exemplares. Não está menos pesado, as canções não ganharam versões novas para adaptar a uma nova realidade. Nada disso!
Bruce Dickinson, a clássica voz da banda britânica, aos 58 anos, demonstra ter nenhuma sequela do tratamento realizado no ano passado para combater um câncer na língua. E para quem passou por sessões de radioterapia e quimioterapia há menos de um ano, Bruce é um belo exemplo de superação. Não para por um minuto. Corre, pula tanto quanto Dave Lee Roth (Van Halen) e segue como um dos principais artistas do espetáculo musical-teatral do Iron.
Na faixa The Book of Souls, o mascote demoníaco do Iron Maiden, Eddie, entra no palco e começa a provocar o público, enquanto o guitarrista Janick Gers o distraía, passando no meio de suas pernas. Bruce Dickinson acaba com a farra do boneco no fim da canção, quando arranca o coração dele com as suas mãos, derrama um pouco do sangue cenográfico em Janick e o restante no público.
Carisma
Muito carismático, Bruce Dickinson conversou diversas vezes com o público, sempre de forma bem carinhosa. “Estou triste porque este é o último show da nossa turnê aqui no Brasil. Mas guardamos a melhor apresentação da turnê para São Paulo”, disse
Em outro momento, voltou a falar com carinho de São Paulo e batizou a cidade como o “coração pulsante do metal brasileiro”. “Viemos para o Brasil pela primeira vez em 1985, quando muitos de vocês nem eram nascidos. Já passamos por Curitiba, Belém, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, entre outras cidades. Mas sempre que viemos aqui percebemos a diferença”.
Performance
Se Bruce conquista o público com carisma, voz impecável e figurinos clássicos, o guitarrista Janick Gers é o responsável pelo malabarismo. Alonga as pernas nas caixas de som diversas vezes enquanto toca, joga a guitarra para cima, baixo, frente, trás, lados, além de ameaçar arrebentar ela no chão.
O baterista Nicko McBrain parece se divertir o tempo todo. Distribui sorrisos e arremessa as baquetas em vários momentos. O fundador Steve Harris também tem presença empolgante, mas o grande mérito é fazer o seu baixo ser escutado à distância, algo não muito comum nos shows de rock.
E mesmo que Harris tenha declarado na Argentina que o grupo vive seus últimos anos de estrada, uma coisa é praticamente certa: o Iron Maiden vai voltar. Brasil, Argentina e Chile são os públicos mais apaixonados pela banda e eles sabem disso.
FOTO: Flavio Hopp / Especial para o Blog n’ Roll