Quinze anos atrás, quando chegaram a Itanhaém, os paranaenses da Afrodizia não fizeram muito barulho por aqui. Vinda de Maringá, a banda se estabeleceu no Litoral Sul para ficar mais próximo do mercado paulistano. Aproveitaram que um dos integrantes possuía casa na Cidade e vieram. A ideia inicial era passar apenas seis meses aqui. Mas as coisas funcionaram e eles ficaram. Estão aqui desde 2001.
No próximo dia 8, a banda atinge o ápice de sua história, com uma participação na 50ª edição do Festival de Montreux, na Suíça, que terá Muse, Buddy Guy, Herbie Hancock, ZZ Top, Patti Smith, PJ Harvey, Van Morrison, Quincy Jones, Simply Red, Vintage Trouble, Jamie Cullum, Deep Purple e muitos outros na programação.
Mas a conquista por um espaço em Montreux veio com muita batalha. Mesmo na miúda, no início da trajetória em Itanhaém, os integrantes conseguiram muitas coisas: música na trilha sonora da novela teen Malhação (Rede Globo), contrato com a carioca Indie Records e um alcance maior na mídia nacional.
“A banda foi adotada pela Cidade, criando raízes, alcançando grandes conquistas e estabelecendo-se no Litoral Paulista. Em Itanhaém, desenvolvemos o projeto Regado a Reggae, um festival internacional de reggae em parceria com a prefeitura, que há 11 anos apresenta nas areias da praia, de forma gratuita, grandes nomes do reggae nacional e internacional”, diz o baterista, Tony Sheen.
A característica brazuca da música da Afrodizia foi o que abriu as portas para parcerias internacionais com grandes nomes do reggae mundial. Em 2003, por exemplo, a banda foi convidada para lançar a versão em inglês do primeiro álbum, Todas as Tribos, na Europa, a convite da gravadora Prestige Elite. Do chamado nasceu o disco Peace, debute da banda no exterior.
Afrodizia pelo mundo
A partir desse momento, a Afrodizia iniciou contatos ao redor do mundo, com vários artistas e desenvolveu algumas parcerias como na música Regueiro de Jah, com a participação de Quino, do Big Mountain, no álbum Mutação.
“O Mutação foi o divisor de águas na carreira da banda. Foi com esse álbum que a gente se consolidou internacionalmente como um expoente genuíno do reggae brasileiro e rendeu os dois primeiros convites para turnês na Europa, nos anos de 2008 e 2009 com passagens por França, Eslovênia, Suíça e Áustria. Foram mais de 70 shows nas duas passagens”, comenta Sheen.
No meio dessas turnês, a Afrodizia viveu um momento glorioso de sua trajetória, quando ingressou no palco principal do festival Riverplash, ao lado de grandes nomes do reggae mundial.
O convite para o Festival de Montreux era um sonho antigo dos caras.
“Através da TV e de DVDs acompanhamos lendas da música como Ella Fitzgerald, Eric Clapton, Peter Tosh, George Benson, Prince, Seu Jorge, Chico César e Paralamas do Sucesso em apresentações memoráveis lá”.
Mesmo tendo como base o reggae, a Afrodizia desperta a atenção do público internacional pelo estilo próprio. Além da influência de Bob Marley and The Wailers, Peter Tosh e Steel Pulse, o grupo consegue introduzir Michael Jackson, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga e Djavan em seu caldeirão.
“A música da Afrodizia apresenta uma pitada de world music, trazendo sempre referência dessas influências e com o novo trabalho um flerte com o dub também”, avalia Sheen.
Em suas canções, a Afrodizia traz mensagens de paz, amor e otimismo. As músicas retratam contextos históricos da população brasileira, cotidiano social, político e cultural.
“Uma curiosidade é que uma de nossas músicas do primeiro álbum, Todas as Tribos, é constantemente usada por professores de Geografia do Ensino Médio e foi publicada no livro didático Geografia: Sociedade e Cotidiano, da Editora Escala”.
Na carreira, Afrodizia três álbuns autorais
A trajetória da Afrodizia já rendeu três álbuns autorais no Brasil: Todas as Tribos (1999), Mutação (2004) e Reggaelização (2014), dois internacionais: Peace (2003) e Mutacion (2006), além de participações em 14 coletâneas. E ainda tem muita coisa boa por vir.
Uma das novidades da Afrodizia está relacionada ao último trabalho de estúdio do grupo, Reggaelização, que foi mixado pelo renomado produtor Victor Rice.
“Durante o processo de mixagem, fomos construindo vídeos de sessões de dub feitas por ele, que é um dos grandes nomes do gênero. Resolvemos transformar o material em um projeto que será lançado nas redes sociais em vídeo e depois em um álbum com as versões dub de Reggaelização”, explica o baterista, Tony Sheen.
A primeira música já pode ser conferida nas redes sociais da banda. Little More Love, com participação de Junior Marvin, lendário guitarrista de Bob Marley and the Wailers, que também assina a co-produção do álbum, está no ar.
Mas, além de pensar na projeção internacional de sua carreira, a Afrodizia mantém os olhos na região. Acredita que o cenário na Baixada Santista é bom e está em grande ascensão.
“Grandes nomes do reggae alcançaram destaque nacional como Ducasco e Macaco Prego. E ainda tem muita gente boa chegando. O festival Regado a Reggae, em Itanhaém, também teve papel fundamental nesse desenvolvimento, pois atraiu a atenção do circuito mundial do reggae para Itanhaém, apresentando em seus palcos grandes nomes do reggae mundial, como The Wailers, Big Mountain, Pato Banton e muitos outros”.
