Foto: Rama de Oliveira / Divulgação
A poesia na música do maranhense Zeca Baleiro surge com facilidade no cotidiano do artista. Seja em meio ao corre-corre com os shows, em um momento de solidão em casa ou no quarto de hotel. Em seu novo álbum, Era Domingo (Som Livre), essa característica é mantida. A começar pela faixa-título que abre o seu décimo segundo trabalho de estúdio.
Em Era Domingo, Zeca Baleiro canta em suas estrofes iniciais: “Era Domingo, era do mundo. Meu olhar perplexo, na voz navalha. Vida, migalha. E eu quero mais que isso. Toda beleza, na Fortaleza, de um céu cheio de azuis, música bela, pela janela, soava feito um blues”.
Segundo o cantor, a música foi composta numa noite de insônia em Fortaleza, não por acaso num domingo. “Era Domingo é uma canção sobre luz e sombra, solidão e esperança, ou, trocando em miúdos, da sobrevivência da alma no mundo contemporâneo. O disco trata desses temas”, comenta.
Sempre priorizando as parcerias, Zeca Baleiro afirma que montou um time forte para a produção das 11 faixas de Era Domingo. “Tenho buscado novos meios de fazer CDs e shows, para manter o frescor de sempre. Tenho conseguido, por ora. Compor ou produzir em parceria é muito prazeroso. Neste caso, chamei 13 produtores para trabalharem comigo na elaboração de 11 canções. Tem as participações de Lino Krizz, Luciana Vieira e Ellen Oléria nos vocais. Foi um processo muito instigante”.
Com shows agendados pelo Brasil e exterior (Portugal e Inglaterra) até dezembro, o cantor só chega a São Paulo em 22 de outubro, no Tom Brasil. Santos ainda não consta na programação. O retorno do público para as canções novas é positivo.
“Está com muito punch o show, gostoso de tocar. Começamos a turnê em maio pelo Nordeste. Criamos uma nova dinâmica, de fazer estreias fora do eixo Rio-São Paulo, o que penso ser muito salutar pra cena. O público já elegeu umas duas músicas para hits”.
Intervalo sem pressão
Foram quatro anos de intervalo entre Disco do Ano e Era Domingo, os dois últimos de estúdio de Zeca Baleiro. Nesse período, o artista trabalhou em outros projetos, incluindo dois registros ao vivo. Nada que pressionasse o maranhense a correr para o estúdio.
“Quando tenho uma produção que julgo digna de gravar, aí vou para o estúdio. Não gravei nada antes porque estava ocupado com projetos paralelos, como o DVD/CD Chão de Giz e discos de outros artistas, que estive a produzir”.
Baleiro afirma não sofrer pressão por novos sons, nem por fãs, nem gravadora. O desafio é outro. “Rola uma ansiedade por novos trabalhos. É o artista que tem que administrar isso, temperar sua fome com a dos fãs”, comenta.
De olho nas tendências, o autor de hits como Bandeira, A Flor da Pele, Heavy Metal do Senhor e Samba do Approach, avisa que pretende trabalhar seus próximos lançamentos de uma forma diferente, mas muito comum entre os novos artistas. “Penso sim. Já estou preparando algo para breve”, indicando que pode ser single ou EP nas plataformas de streaming.
Aficcionado por CDs físicos, ele reconhece a importância de trabalhar suas produções em plataformas como o Deezer, Spotify e Apple Music.
“A internet tem sido um canal muito poderoso hoje. A cultura do streaming está crescendo, e rápido. As pessoas estão ouvindo mais música que nunca, e em vários suportes e plataformas. E isso é um bom sinal”.
Com o crescimento no consumo de música por streaming, Zeca Baleiro agora espera uma mudança na forma como é conduzido o pagamento aos artistas. Mas reconhece que a situação está melhorando. “Já melhorou bastante, os royalties do digital começam a ser pagos, ainda que timidamente”, comenta.
