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Aerosmith em São Paulo: show de despedida?

GUILHERME ZEINUM

Já sabemos que o Aerosmith fará sua provável despedida dos palcos brasileiros no ano que vem, quando se apresentará no Rock in Rio 2017 para uma multidão de fãs, talvez realizando um último desejo da banda, que nunca escondeu a enorme vontade de se apresentar no festival. Mas o que esperar da nova turnê, Rock N’ Roll Rumble – Aerosmith Style 2016?

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Com direito a aquecimento no festival Kaaboo, na Califórnia, e passagens por Colômbia, Chile, Argentina e Porto Alegre, a turnê finalmente chega a São Paulo para talvez a última apresentação da banda na cidade, que acontece neste sábado, no Allianz Parque, a partir das 21 horas.

Além do lado emocional e da sempre excelente performance individual de cada integrante do Aerosmith, a turnê em si não apresenta grandes novidades e não promove nenhum álbum (o último de estúdio do grupo, Music from another Dimension!, lançado em 2012, logo caiu no esquecimento e mal foi promovido tanto pela banda tampouco pela então gravadora deles, a Sony Music), e parece focar muito mais nos grandes sucessos que marcaram a carreira da maior banda de rock dos Estados Unidos, responsável pela venda de mais de 150 milhões de cópias de discos pelo mundo.

Capitaneada pela Mercury Concerts e promovida como “turnê de despedida” por todas as produtoras da América Latina envolvidas na turnê, esta é a sexta passagem do Aerosmith pelo Brasil. Eles já cansaram de citar o país como um de seus lugares favoritos para tocar e, desta vez, estão com o time completo: Steven Tyler (vocal), Joe Perry (guitarra), Brad Whitford (guitarra), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria). Da última vez em que passaram por aqui, em 2013, como headliners do festival Monsters of Rock, o baixista Tom Hamilton fora substituído por David Hull (Joe Perry Project) devido a problemas de saúde.

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Com uma pitada ‘vintage’, os shows da nova turnê incluem iluminação manual/analógica, assim como era feito nos shows de rock de antigamente, além de três telões de LED (uma curiosidade é que a banda tem feito fotos e vídeos em locais e monumentos importantes de cada cidade para exibir nos telões durante os shows, algo que vem agradando em cheio). O road manager John Bionelli é o encarregado pelas introduções, que remetem aos primórdios da banda.

Já a tradicional passarela com cerca de 10 metros de comprimento, por onde Tyler adora passar boa parte dos shows, continua imponente no mapa de palco.

A lista de pedidos da banda para o camarim também mudou bastante em relação a outros tempos: café, chás, água mineral, refrigerantes, e nada de bebidas alcoólicas! E para acompanhar, um cardápio bem simples incluindo pães, saladas, frango, carne, peixe e frutas para a equipe de 70 pessoas que acompanha a banda em turnê.

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Alguns pontos positivos foram as entradas de Aaron Perry (filho de Joe Perry) e Zack Whitford (filho de Brad Whitford) como integrantes fixos da equipe do Aerosmith desde as turnês mais recentes da banda. Aaron virou o social media do Aerosmith, responsável pelo gerenciamento de todas as redes sociais do grupo, introduzindo novos conceitos e tecnologias nas turnês, como transmissões ao vivo e, consequentemente, proporcionando uma aproximação maior dos fãs.

Zack ocupou o posto de fotógrafo oficial das turnês do Aerosmith (ele também acompanhou alguns shows da turnê solo do Steven Tyler), talvez uma opção mais barata que o badalado fotógrafo Ross Halfin (amigo de longa data do Aerosmith, que cobriu boa parte da carreira do quinteto de Boston). Contrapondo a experiência, porém, o garoto mostra muita personalidade e talento, que está sendo lapidado dia a dia na melhor “escola” que ele poderia ter na vida.

Com um set notavelmente mais enxuto comparado a outras passagens pelo Brasil, o Aerosmith tenta (se é que isso é possível) equilibrar ao máximo seu repertório ao vivo entre clássicos e baladas – preferência quase que unânime entre a maioria dos fãs sul-americanos. Verdadeiros hinos como Toys in the Attic, Draw the Line, No More No More, Seasons of Wither, Mama Kin, além de grandes hits como What it Takes e Janie’s Got a Gun, por exemplo, infelizmente já não fazem mais parte do atual setlist. As mais contemporâneas – e mais pedidas – Jaded e Pink têm se revezado nos sets. Por outro lado, as épicas Rats in the Cellar (do álbum Rocks, de 1976, considerado a maior obra de arte do Aerosmith) e Kings and Queens (do Draw the Line, de 1977) surpreendentemente voltaram a aparecer.

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Com tanta música boa deixada de fora, talvez a adição de três covers no repertório, por melhor que sejam – Stop Messin’ Around, Come Together e Train Kept-A Rollin – deveria ser revista. Joe Perry poderia muito bem ressuscitar antigas pérolas como Bright Light Fright (também do Draw the Line), e é até um pecado que canções como One Way Street, Movin’ Out e Walkin’ the Dog (todas do primeiro disco, autointitulado, de 1973), Lord of the Thighs e S.O.S. (Too Bad) (do segundo álbum, Get Your Wings, de 1974), Sick as a Dog (também do Rocks) ou a agitadíssima Eat the Rich (do Get a Grip, de 1993), por exemplo, tenham sido preteridas.

Retribuindo o enorme carinho dos fãs sul-americanos, que têm passado várias horas nos aeroportos e na porta dos hotéis à espera da banda, talvez o Aerosmith nunca tenha sido tão “acessível” como agora, autorizando a organização de extensas filas na porta dos lugares onde ficam hospedados para facilitar o contato com os fãs. Seria parte já de uma pré-anunciada “despedida”?

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Apresentações pontuais em grandes festivais não estão totalmente descartadas para 2017, mas a grande expectativa fica para o meio do ano que vem. Tyler já declarou que seguirá, a partir de janeiro, com sua turnê solo Out on a Limb, para promover seu recém-lançado álbum com influência country, We’re All Somebody From Somewhere.

Perry já tem material suficiente para abastecer tanto o Aerosmith (quem sabe numa obra final de estúdio, que depende somente de Tyler para acontecer), seu próximo álbum solo (que também deve ser o último de sua carreira solo) ou até mesmo o Hollywood Vampires, banda que mantém ao lado de Alice Cooper e Johnny Depp.

Kramer tem sua própria marca de café, Rockin’ & Roastin’, incluindo uma cafeteria em Boston para administrar. Hamilton foi convidado recentemente para acompanhar a turnê de aniversário do Thin Lizzy, que prossegue a partir do ano que vem. E Whitford, ao lado do antigo parceiro Derek St. Holmes (Ted Nugent), deve continuar na estrada com o Whitford St. Holmes para divulgar o recém-lançado álbum Reunion (a próxima data vai ser no cruzeiro do Kiss, o The Kiss Kruise, dia 4 de novembro).

Voltando ao show deste sábado, com preços bem “salgados” para tempos de crise e desemprego, os ingressos para a apresentação do Aerosmith em São Paulo estão esgotados há alguns meses. A previsão é de chuva e público estimado de mais de 40 mil pessoas no Allianz Parque.

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O Aerosmith, aparentemente, não deve chegar aos 50 anos de carreira ainda em atividade, mas ninguém também pode duvidar do que a maior banda de hard rock do mundo de todos os tempos guarda daqui para frente. Eles ainda têm lenha para queimar e isto só depende deles!

Idade avançada, constantes desentendimentos, estado de saúde mais frágil de alguns integrantes em episódios recentes e projetos paralelos são alguns fatores que podem definir a aposentadoria do Aerosmith, que está em atividade há 46 anos. Resta aos fãs brasileiros torcerem – e muito – para a banda não assinar contrato de exclusividade com o empresário Roberto Medina, o que transformaria o show deste sábado numa possível despedida final do Aerosmith à cidade de São Paulo. De qualquer forma, será um show que definitivamente entrará para a história!

Na sequência, o Aerosmith toca em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia (18/10), Recife (21/10), Lima no Peru (24/10) e Cidade do México (27/10).

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Setlist (do último show, em Porto Alegre):
1) Back in the Saddle
2) Love in an Elevator
3) Cryin’
4) Crazy
5) Kings and Queens
6) Livin’ on the Edge
7) Rats in the Cellar
8) Dude (Looks Like a Lady)
9) Same Old Song and Dance
10) Monkey on My Back
11) Pink
12) Rag Doll
13) Stop Messin’ Around (cover do Fleetwood Mac)
14) I Don’t Want to Miss a Thing
15) Come Together (cover dos Beatles)
16) Walk This Way
17) Train Kept A-Rollin’ (cover de Tiny Bradshaw)
–Bis–
18) Dream On (piano intro)
19) Sweet Emotion

Serviço:
SÃO PAULO
Data: 15 de outubro, sábado
Local: Allianz Parque (Av. Francisco Matarazzo, 1705 – Água Branca)
Horário do show: 21h
Abertura dos Portões: 16h
Classificação: 14 anos (menores de 14 anos acompanhados dos pais ou responsáveis)

*Guilherme Zeinum é jornalista, proprietário da Z1Press Comunicação, colaborador do Blog n’ Roll e fã do Aerosmith desde 1997.

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