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Som na Vitrola - Victor Persico

Som na Vitrola # 10 – Cinco discos essenciais de Elis Regina

Aproveitando o lançamento do filme Elis, cinebiografia da eterna Pimentinha,  que chega aos cinemas nesta quinta-feira (24), me vi obrigado a falar sobre a sua carreira. Sendo interpretada pela atriz Andreia Horta, o filme vai retratar a trajetória da gaúcha Elis Regina, desde sua infância, participando do programa de calouros O Clube do Guri, na extinta Rádio Farroupilha, sua passagem pelo famoso Beco das Garrafas, os programas de televisão em que dividia o palco com o saudoso Jair Rodrigues, sem deixar de mostrar o lado genioso e crítico da considerada A Voz Do Brasil.

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Elis foi um sucesso estrondoso no Brasil e deixou várias pérolas em sua voz, como O Bêbado e o Equilibrista, Madalena, Me Deixas Louca. 

Mas Elis Regina é MPB. Como que um blog de rock pode falar de MPB? Uma cantora que se embrenhou desde o jazz até o samba ?

Meu querido, Elis Regina é muito mais rock n’ roll que muita cantora roqueira atual. A “Eliscóptero” (apelido dado por Rita Lee) não precisou cantar rock para ser “rockista”. A atitude da mulher é que a fazia ser merecedora de tal título. Vai dizer que você não gosta de pelo menos UMA música dela, seja por causa de seus pais ou avós ?

Convido a todos a relembrar, ouvir e se emocionar com a Voz de Elis.

  • Falso Brilhante (1976)

Gravado durante o decorrer das apresentações do espetáculo de mesmo nome, Elis escolheu 10 músicas do repertório de sua “peça teatral”, entre elas o carro chefe Velha Roupa Colorida, Tatuagem e Como Nossos Pais, que catapultou a carreira de Belchior, varreu o País e que tem umas das interpretações mais belas e fortes de sua carreira.

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  • Essa Mulher (1979)

Lançada pela gravadora Warner, Essa Mulher sempre será considerado um clássico pelos seguintes motivos: O Bêbado e o Equilibrista, Basta de Clamares Inocência e Bolero de Satã, com a participação de Cauby Peixoto. Durante as gravações, Cauby Peixoto olhou para Elis e disse:

“Você se veste feito uma senhora. Caia na real. Você é Elis Regina. Você deveria usar roupas mais coloridas. Olhe pra mim!”

Elis mudou seu guarda roupa. Começou a usar roupas mais coloridas, mais largas e decotes generosos. Um marco na imagem da Pimentinha.

  • Elis & Tom (1974)

https://www.youtube.com/watch?v=gqavRbAhQzY

Quem nunca ouviu Águas de Março? Considerado um dos maiores momentos na história da Música Popular Brasileira, dois gênios se encontram e formam um dos melhores casamentos, musicalmente falando.

Uma observação interessante: em 1964, Elis fez testes para estrelar o musical Pobre Menina Rica, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes. Tom Jobim a descartou para o papel e acabou escolhendo Nara Leão – que se tornaria futuramente junto com Elis os papéis principais de uma das maiores inimizades da MPB – dizendo que:

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“Essa garota com essas roupas ? Meio Vesguinha ? Ela parece mais uma cantora de churrascaria”.

Toma Tom Jobim, pagou a língua. Mas todo mundo erra, está perdoado.

  • Trem Azul (1982)

https://www.youtube.com/watch?v=1rzjqY-nHQw

Nesse disco ao vivo, lançado após a sua morte, Elis mostra para o que ela foi feita: Cantar. Com 25 músicas, uma banda impecável ao fundo e uma voz poderosíssima, ela canta desde seus sucessos Alô, Alô Marciano, Se Eu Quiser Falar Com Deus, Maria, Maria, até interpretações de Lança Perfume, da Rita Lee, além de uma versão debochada de Menino do Rio. 

  • Elis (1972)

O álbum já começa com 20 anos Blue, um blues – AH VÁ! – que já é uma música fora dos padrões lançados anteriormente em seus discos, que era regado com samba. Levando em seguida, Nada Será como Antes, de Milton Nascimento, Vida de Bailarina,  e uma versão mais clean e rápida de Águas de Março. Sem esquecer do desabafo descontrolado e sentimental de Atrás da Porta, além da belíssima Casa no Campo, feita para Elis por ninguém menos que Zé Rodrix.

O Cometa Elis Regina passou rápido. E a saudade e carência dessa mulher segue gigante mesmo após 34. E vai continuar assim durante um bom tempo. O que nos resta é não deixar ser esquecido.

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Elis Vive !

 

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