VINICIUS HOLANDA
Um dos principais pilares do rock alternativo americano na década de 1990, o Pavement retomou as atividades em 2010 – com uma passagem inclusive pelo Brasil, no finado Planeta Terra Festival – e, depois, desapareceu. Stephen Malkmus é a cara mais conhecida da banda, mas o outro fundador, Scott Kannberg, também não pendurou as chuteiras.
O guitarrista acaba de lançar o segundo disco de seu projeto Spiral Stairs, Doris and the Daggers. Quem for ouvir a banda esperando algo na linha do antigo grupo, pode sair frustrado. Apesar de a sonoridade ser simples, fica longe da música lo-fi que marcou o quinteto principalmente nos primeiros trabalhos.
Aqui, Kannberg mostra um lado mais ‘meigo’. Com letras intimistas, o álbum é quase que integralmente contido, calmo. O que contrasta com sua voz, algo estranha e rouca. Ele consegue ser ainda mais hesitante no vocal que Malkmus. A leve influência de country music já percebida no disco anterior, The Real Feel (2009), é mantida. A introdução de órgãos, violinos e metais às canções ajuda a tornar a ambientação geral interessante. Trams (Stole My Love) é um bom exemplo dessa mistura. A bonita AWM também.
Ladeado por integrantes do The National, Broken Social Scene e Oranger, segue na mesma direção trilhada por essas bandas – indie, com pitadas de melancolia aqui e lá. Não tem o brilho dos bons tempos do Pavement, mas é rock honesto e sem afetações. Perfeito para ouvir num boteco esfumaçado de beira de estrada. Esse é o clima.