O que você está procurando?

Radar - Nuno Mindelis

Radar #13 – Bobby Rush – Porcupine

NUNO MINDELIS

Se você ainda não ouviu o álbum Porcupine de Bobby Rush, pode correr. Só o solo de Joe Bonamassa em Me, Myself and I já vale a empreitada. O de Vasti Jackson em Porcupine Meat também. Bonamassa, aliás, parece ter feito aqui algo melhor do que jamais fez em seu próprio trabalho.

Continua depois da publicidade

Emmett Elis Jr (nome original de Bobby Rush), nascido em 1933, pintava quando adolescente um bigode para parecer mais velho e poder tocar em casas noturnas e outros locais que exigiam idade mínima. Era amigo do (lendário e seminal) Elmore James, e integrou o circuito (da Meca!) do blues, como Muddy Waters , Howling Wolf, Etta James, Jimmy Reed (com quem trabalhou) e outros grandes nomes. Apesar disso, e de ter sido o primeiro artista de blues a apresentar-se na China, ser nomeado Embaixador da Grande Muralha e ter realizado o maior show por ali desde sempre, o seu reconhecimento só aconteceu no 22º disco que lançou.

Ganhou um monte de Blues Awards, (17, para ser mais preciso) foi homenageado com o Blues Hall of Fame e indicado ao Grammy algumas vezes. Tocou na Casa Branca, junto com James Brown, (do qual parece também ter assimilado alguma influência) para Bill e Hillary Clinton, e por aí vai. Com este álbum, aos 83 anos, finalmente ganhou o Grammy. Achou que era fácil ? Carreira artística é megasena e Rush é o exemplo descarado disso. É um artista com A maiúsculo e é certo que deveria ter sido agraciado com um Grammy há muito mais tempo. Mas poderia nem tê-lo ganho, como tantos outros gênios que morrem sem reconhecimento.

Continua depois da publicidade

Se conseguir ouvir Catfish Stew sem sacudir um pouco, algo está errado. É muito groove, ahh! Tema simples, mas não são as coisas simples as mais bonitas, na verdade? À medida que o tempo passa, tenho cada vez mais certeza disso. Nighttime Gardener é o exemplo de shuffle de quem é do ramo e exala legitimidade, com a participação mais do que especial de Keb Mo. A versão de I Think Your Dress is too Short é simplesmente na mosca! Deliciosa. Standing on Shaky Ground é de sacudir mesmo o chão, embora não seja esse o sentido da sacudidela, na letra.

As sonoridades , timbres, arranjos, são especiais em todas as faixas e a banda é um bandaço! Em certos momentos, parece haver uma reencarnação de Otis Redding. E olha que sou chato com Otis.

Discaço!

Continua depois da publicidade

Abraço, pessoas bonitas e antenadas!

COLUNAS

Advertisement

Posts relacionados

Publicidade

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados

Desenvolvimento: Fika Projetos