Masmorra, uma surpresa positiva em todos os sentidos

Masmorra, uma surpresa positiva em todos os sentidos

RICARDO AMARAL

Quem me conhece sabe que minha praia não é o hard. Meu querido editor Lucas Krempel me incumbiu de cobrir a apresentação de estreia da banda Masmorra, num pequeno cubículo, antes garagem, sede de um clube paulistano de motociclistas.

Entrevistei os cinco componentes da banda: Frank Gasparotto – guitarra solo (Spiritual Hate, Atroz, ex-Kamboja, ex-Anthares), Ronaldo Martins – guitarra base(ex-BlackFang, Biffs of Hill Valley), Toni Estrella – bateria (Dona Encrenca, ex-Tears of Joker) e Airton Jr. – baixo (Biffs of Hill Valley). Ronaldo (ex-vocal da excelente banda de versões Biffs of Hill Valley) era meu conhecido já. Um perfeccionista e um intelectual do rock. Após um “acidente” em suas cordas vocais, assumiu a guitarra base e os backing vocals da excelente Masmorra.

A banda tinha então à frente o desafio de procurar um novo vocalista. Após diversas audições chegaram ao nome de Ricardo Peres (Demolition Inc., ex-Fates Prophecy, ex-Seventh Seal). Logo no primeiro ensaio a empatia foi mútua e, desde então, Ricardo prepara-se para gravar o primeiro EP do grupo.

Segundo eles, logo no primeiro ensaio a empatia foi mútua e, desde então, Ricardo prepara-se para gravar o primeiro EP do grupo. Esse material, auto-intitulado, conterá com quatro canções: Não quero mais, Tantas madrugadas, Tudo ficou pra trás e Acreditar em mim. A última com participação especial de China Lee (Salário Mínimo). As gravações estão sendo realizadas no Dual Noise Estúdio, com produção a cargo do experiente Rogério Wecko (Threat, Olho Seco, NLO, Kamboja).

Pra início dessa conversa, A Masmorra se insere no tipo de som que, mesmo sem ser do seu gosto, agrada demais.

O vocal – o xará Ricardo, pequeno de estatura vira um gigante no palco. Sua capacidade de vocalizar cada palavra no meio da barulheira normal de uma hard é comparável aos grandes do estilo. Meu problema com o hard é o pouco prestígio que a maioria das bandas dá as letras e à mensagem.

A despeito do nome (minha única crítica) Masmorra não canta o breu das prisões; a desgraça do terror fantasmagórico ou, pior, aquela besteira sintomática de confundir rock com coisa do demônio.

https://www.youtube.com/watch?v=NIoupGcLAI8

Masmorra transmitiu mensagens de força, vitalidade e grandeza, em composições com rimas inteligentes e totalmente inseridas no contexto sonoro.

Sua dinâmica foi um de seus maiores destaques. A banda de apoio, com uma batera e um contrabaixo, juntamente com a guitarra de base, aliviam as baquetas e as palhetas para prestigiar a riqueza do vocal e os solos da guitarra espetacular se Frank.

Aliás, para extrair duas palavras desse cara na entrevista foi duro, mas entendi perfeitamente que seu instrumento lhe pertence, como uma prótese a um ciborgue. Frank simplesmente rouba a cena. Seus solos não insistem apenas nas já batidas descidas para a zona aguda do instrumento, mas desenha pentatônicas precisas por todo braço de sua Washburn N2.

A banda apresentou quatro canções escolhidas para o EP e duas separadas para o próximo disco. As duas que não estarão no EP são Cai Fora e Sexy Young Lady e, como disse acima, possuem excelente trabalho poético e arranjos muito bem elaborados. Mas a porradaria é garantida.

Mamorra chega num momento em que seus músicos me pareceram no ápice de seus momentos pessoais. Seus olhares de cumplicidade, seguidos de uma alegria contagiante (lógico, no clima hard rock, lembrem-se) demonstra que tudo vai bem nos ensaios e uma série ainda melhor de apresentações está ainda por vir.

Recomendo muito. Pra quem gosta do estilo, obrigatório! Pra quem curte rock pesaddo de altíssima qualidade, encare e vai adorar.

A Masmorra é uma grata aparição no mercado triste e sem talento que anda mandando no bom e velho rock and roll tupiniquim.

https://www.youtube.com/watch?v=9l_i7y7qRHI