Desde que me entendo por gente, minhas grandes paixões são: video games, música e futebol. Como já falei diversas vezes sobre games na Romper Stomper, resolvi relacionar algumas histórias dos dois mundos que embora distantes, tenham muito em comum.
Sou da geração dos anos 1990, e naquela época ainda pipocava jogador de tudo quanto era lugar. Mas um em especial me chamava a atenção desde os tempos de Campeonato Italiano na Band com o saudoso Luciano Do Valle. O que eu não sabia, é que no mesmo ano em que eu me encantava com seu futebol, foi o ano em que eu mais passei raiva por conta do futebol, a frustrante derrota por 3×0 na final da Copa do Mundo de 1998. Zinedine Zidane é o maior jogador que eu vi jogar, destruiu a nossa Seleção após uma vitória heroica na semifinal contra a Holanda que contavam com nomes como Van Der Sar, Jaap Stam, Edgard Davids, Seedorf, Dennis Bergkamp, Patrick Kluivert e os irmãos De Boer. Fez o gol mais bonito que eu vi em uma final de Champions League, e foi “homenageado” pelo grupo de musica eletrônica Vaudeville Smash com direito a clipe.
O gol em questão foi esse:
Alguns jogadores tentaram se lançar em carreira de músico. Quem não se lembra do Ronaldão Giovanelli, o Ronaldo eterno goleiro do Corinthians e hoje comentarista da Band com seu Ronaldo e os Impedidos:
E pô, Ronaldão até que mandava bem. Já seu companheiro de clube na época, o Pé de Anjo, Marcelinho Carioca…
https://www.youtube.com/watch?v=6V1zH96Kwos
E o Bruxo hein? Pois é, Ronaldinho foi que foi pro Funk.
… e até o Rei Pelé tentou algo na música, mas pelo Blog ser santista, vou continuar respeitando todos da região e não vou mostrar o que ele fez.
Mas antes que você feche a aba do seu navegador, vamos mudar de assunto, e falar do que mais bonito as duas artes podem proporcionar: as homenagens.
Talvez o caso mais lindo de todos, seja a homenagem prestada à Maradona por Manu Chao. Em seu último disco (La Radiolina – 2007), Manu compôs La Vida Tómbola, uma “resposta” de um grande admirador aos críticos de seu ídolo.
No documentário Maradona por Kusturica (disponível no Netflix), Maradona é surpreendido na frente de sua casa por Manu, em uma verdadeira serenata tocando a música para um Pibe visivelmente emocionado. Essa não foi a primeira vez que Manu homenageou Maradona, tendo composto a faixa Santa Maradona para sua antiga banda, o Mano Negra.
Um dos cantos de torcida mais famosos do mundo, por incrível que pareça não surgiu nas arquibancadas. You’ll Never Walk Alone, que se tornou hino do Liverpool F.C. surgiu como um dos atos do musical Carousel, de 1945, composto por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, gênios da era de ouro da Broadway. O Liverpool adotou a música em 1960, e esse ano, o Dropkick Murphys feza sua própria versão.
O Punk Rock sempre esteve ligado com o futebol. O caso mais famoso com certeza é o do St. Pauli, clube do subúrbio de Hamburgo na Alemanha, onde adotou não só o movimento sonoramente, mas em sua filosofia em um todo. Quando um alemão que é envolvido com Punk Rock e te vê com uma camisa do St Pauli, ou relacionado ao clube, automaticamente você tem um amigo. A VICE fez esse mini-documentário onde mostra os fatos e os mitos criados por esse clube.
O Old Firm Casuals, que para quem não sabe é a outra banda do Lars Frederiksen do Rancid, lançou com direito a clipe e tudo mais o hino do San Jose Earthquakes, um dos mais antigos times da Major League Soccer, a primeira divisão dos EUA.
Mas antes disso, o batera do Rancid, Branden Steineckert havia composto o hino (um pouco mais tradicional) para o Real Salt Lake City,
Mas o maior caso de amor de uma banda de Punk Rock com um clube de futebol, é do Cockney Rejects com o West Ham United, um dos clubes mais tradicionais e com uma das histórias mais bonitas do futebol de Londres. Durante toda sua carreira, o Cockney Rejects proagou seu clube de coração, tocando Bubbles, o cântico mais famoso da torcida dos Hammers, e no dia em que seu estádio de 112 anos de história abriu pela última vez, a banda estava lá.
Quando você é realmente louco pelo seu time, não mede esforços e nem dinheiro para ajudar seu clube de coração. Foi o que os irmãos Gallagher (até hoje não sei quem é Liam e quem é Noel) fizeram para ajudar o Manchester City, que chegaram a comprar ações em uma época que o clube era bem menos badalado do que é hoje, e o amor reinava entre a família e o Oasis.
Durante a Copa de 2002 na Coréia do Sul e no Japão, a Seleção Britânica contava com um dos elencos mais fortes da competição. Contando com Michael Owen, Paul Scholes, Ashley Cole, Rio Ferdinand e o Spice Boy David Beckham, fazia uma bela campanha até topar com o Brasil nas Quartas de Final. O resultado é que o Bruxo Ronaldinho deitou, Rivaldo humilhou, e o resto da história a gente sabe, mas o que a gente não viu foi a decepção britânica. Na época, a rede de TV BBC fez esse vídeo para que a autoestima geral desse um up com Stop Crying Your Heart Out.
E para não fechar com esse clima corocochô de inglês chorão, deixo aqui a música que na minha opinião é o que define o casamento entre música e futebol.
Apesar de não ter uma história tão detalhada como Fio Maravilha, outra grande composição do grande mestre Jorge Ben Jor, Ponta de Lança Africano (Umbabarauma) tem todo o groove do futebol brasileiro. Por mais piegas e cliché que seja, mas se você colocar a música para rolar, fechar os olhos e ouvir o riff de introdução, logo vem os mais mágicos lances que o nosso futebol produziu e que você guarda com mais carinho na sua cabeça.
Eu escuto isso e sempre lembro do Ronaldinho acabando com a carreira do Dunga em um Grenal com apenas 18 anos de idade, Romário entortando a costela de Amaral e depois fazendo um gol sem ângulo nenhum, Edmundo parando e rebolando na frente de Gonçalves, Túlio Maravilha filosofando, entre tantos outros lances e acontecimentos que só acontecem aqui.
E agora sim, encerrando de vez deixo o hino que eu considero o mais bonito de todos do futebol brasileiro, e claro, para dar aquela puxada de saco no chefe, e ele esquecer que eu atrasei minha coluna. Até mês que vem.
