Lenda do stoner doom, Electric Wizard retornará mais cruel do que nunca

Lenda do stoner doom, Electric Wizard retornará mais cruel do que nunca

Love it or hate it.

Esta pequena linha define boa parte da história do que é Electric Wizard. Ativos desde 1993 sob a atual alcunha, os britânicos chegaram onde nenhuma outra banda de stoner doom chegou: ao status cult mais ambivalente que se pode imaginar. E não, não falo apenas do fiasco comercial que foi seu Time to Die, que conseguiu ter seu holofote tomado por uma banda-cover-acústica – surgida do nada –  de suas próprias composições, a Acoustic Wizard (tome nota, essa proeza terá um parágrafo próprio posteriormente). O buraco é bem mais embaixo.

O ano 2000, com as especulações sobre fim dos tempos, deram a Jus Osborn, Tim Bagshaw e Mark Greening o terreno necessário para lançamento do massacrante Dopethrone, álbum qual fez o nome da banda por algumas parcelas de anos, até os fãs se cansarem de tantas intrigas internas e alguns problemas (leia-se riffs repetidos). De qualquer forma, Dopethrone foi um sucesso e continua a ser. ‘Já ouviu Electric Wizard? Ouvi dizer que eles são pesados!’, ‘Sim, cê deveria ouvir Funeralopolis ou We Hate You.

Desde então, tivemos alguns salpicos de bons sons… Tivemos um apressado Let Us Prey, um bem ‘heh’ We Live. E uma porção de outros que provavelmente passariam batido se não fossem por seus singles Legalise Drugs and Murder, Saturnine, e agora com a bola da vez e que me levou a escrever este maldito texto: See You in Hell.

O monstro Lovecraftiano da vez, See You in Hell marca o retorno da banda à antiga fórmula da qual nunca deveria ter saído: peso, vocais tortuosos, porém limpos na mixagem, tempo despreocupado, paredes e mais paredes de fuzz. Esta faixa em específico me leva a recorrer a colegas externos, no entanto (caderninhos abertos?).

O projeto supracitado, Acoustic Wizard, por acaso é de um camarada chamado Jeff Owens, que por outro acaso tem um projeto mais parrudo chamado Goya, que não tem nada de acústico e, para alguns fãs que se manifestaram pelas plataformas de divulgação da banda de Owens, faz “o negócio do Electric Wizard melhor que o próprio Electric Wizard.”

A banda vem, em sua jovem, porém prolífica carreira lançando excelentes trabalhos que desafiam as paredes do stoner metal/stoner doom, flertando com o sludge fortemente inspirado pelos californianos do Sleep.

Voltemos a Electric Wizard. O single See You in Hell é indubitavelmente mais forte do que os lançados em 2014 para propagar Time to Die. Se a preocupação dos integrantes da banda era integrar temas mais relacionados a drogas em suas letras e sonoridade – fato que incomodou Tim Bagshaw, que optou por migrar para a With the Dead -, tal preocupação caiu por terra e os temas voltaram ao horror, a morte e a loucura que antes, com fortes inspirações na obra literária de H. P. Lovecraft, compôs os pilares que sustentam tanta loucura.

See You soa familiar para quem já ouviu muito Black Sabbath, ou até mesmo outros lançamentos mais recentes, como o The Harvest dos ucranianos do Stoned Jesus. Mas isto não tira o brilho do novo som: brutal, cru e sem rodeios, See You in Hell sela a promessa de uma volta por cima. Este é o primeiro single do novo álbum, Wizard Bloody Wizard, a ser lançado em 10 de novembro. Sua capa intriga, por ser a primeira a apresentar uma fotografia e não uma arte cheia de símbolos desenhados e letras groove. Vale a apreciação enquanto o novo single destrói seu estéreo.

Image result for wizard bloody wizard

Agora, ao que interessa: no ciclo love it or hate it, em qual estágio estamos com esse novo lançamento? Só o dia 10 de novembro dirá. O que há de antecipado nos posiciona no love it, mas até aí mesmo o grande Black Sabbath já morreu na praia com singles antecipados: nunca esquecer o fiasco crítico de Thechnical Ecstasy (1976).

Resta aguardar. Para não roer tanto as unhas, segue playlist com os maiores sucessos da autoentitulada banda mais pesada do universo: