ZÉ VIRGÍLIO BBMP

Quando sai do serviço público, lá na Bahia, em 1991, iniciei minha carreira de produtor cultural ligado à área musical. À época fui convidado pelo meu compadre Moraes Moreira para fazer um projeto cultural para ele na Bahia. A TV Itapuã ia lançar um programa musical, e conversando com Ricardo Luzbel, diretor de programação da emissora, sugeri o nome de Moraes, prontamente atendido, mas essa história fica para contar depois.

Posteriormente, Margareth Menezes, uma grande amiga, me convidou para cuidar da produção da carreira dela, dando um suporte na área internacional, que estava se consolidando após as apresentações que ela fez como convidada na turnê do Talking Heads, de David Byrne. Bem, foi um trabalho gratificante! Dentre os shows programados, um deles era no Festival de Montreux, na Suíça, na noite do Brasil.

Nesse dia seria comemorado o aniversário de Gilberto Gil e na programação constava shows de Chico Buarque com o Trio Esperança, Caetano Veloso, Hermeto Pascoal, Paralamas do Sucesso, Margareth Menezes e o homenageado Gilberto Gil. Foi uma noite inesquecível!

Qual produtor musical que não sonhou um dia em trabalhar no Festival de Montreux? A nata da música passou por ali. A organização, os palcos, o público, os artistas, enfim, além do orgulho de ver como a música brasileira de qualidade é respeitada e amada pelos gringos e crítica.

No nosso palco o programa era abertura com Hermeto Pascoal, depois Paralamas do Sucesso e finalizando Margareth. Na sequência, em outro palco, Caetano Veloso, em outro Chico acompanhado do Trio Esperança. O show do aniversariante Gilberto Gil encerrou a noite. Foi totalmente demais!!! No final do seu show, Gil chamou todos os brasileiros que estavam trabalhando no festival para subir ao palco, músicos, cantores e cantoras, roadies, técnicos de som e luz, produtores e convidados dele. Todos sambando, alguns pratos e garfos viraram instrumentos percussivos. Como diz Hermeto, de tudo você tira um som.

Dai Gil foi saindo do palco e todos acompanhando e cantando Andar com Fé eu vou que a fé não costuma faiá. Nos bastidores havia um grande espaço, todos deram as mãos e fizemos uma grande roda de samba. Quando olhei para ver com quem estava dando a mão percebi de um lado Marieta Severo, do outro o produtor americano Quincy Jones, grande amigo de Gil.

Revi Quincy Jones no Carnaval de Salvador nos anos 2000, no camarote Expresso 2222, administrado pela Gege Produções. Tem muitas histórias para contar sobre minhas viagens como produtor pelo mundo afora, mas isso fica para as próximas colunas.

Obs.: Na foto, em Amsterdã, na turnê de 1993, com Margareth Menezes e minhas amigas produtoras Jaqueline e Clarice.