Entrevista | Geo – “O EP marca a minha identidade musical”

Entrevista | Geo – “O EP marca a minha identidade musical”

Foto: Naira Mattia / Divulgação

Quando divulgou o single Cetim, no ano passado, a santista Geovana Mantovani, a Geo, de 23 anos, mal poderia imaginar a dimensão que seu trabalho ganharia nos meses seguintes. Mesmo que ainda não tenha milhões de seguidores nas redes (o que serve de termômetro muitas vezes, mesmo com robozinhos e tudo para mascarar a real importância), a cantora passou a ser indicada como uma das artistas para o público prestar atenção em 2018. Saiu nas listas da A Tribuna, Blog n’ Roll, Correio Braziliense, Caras, Vírgula, entre outros. No Spotify, ultrapassou a marca de 1 milhão de streams, resultado que a colocou entre os 500 artistas mais escutados do Brasil em 2017.

Se não bastasse isso tudo, ela também é reconhecida pelo seus posicionamentos quanto ao empoderamento das mulheres e a defesa dos interesses da comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer).

Nesta sexta-feira (6), a partir das 21h, Geo será uma das atrações do Spin-Off Festival, juntamente com a banda paulistana Dolphinkids. O show será no WMusic (Av. Marechal Deodoro, 49, em Santos). O ingresso custa R$ 15,00.

Morando na Capital desde 2013, quando subiu para estudar, Geo conta que a faixa Cetim, seu terceiro single e o mais conhecido, quase ficou de fora da sua discografia.

“Eu já estava no meio do processo de criação do Salva-Vidas (EP), mas depois de tocar ela ao vivo em um festival o Guilherme (Mobilesuit, meu produtor e DJ) falou ‘cara, você vai ter que lançar. Eu tô cantando Cetim na cabeça sem parar’. Acho que o grande trunfo dessa música foi uma série de coisas: ela ser dançante, o instrumental ser bem pop, a letra ter o ponto de vista de uma mulher, ela ter repercutido muito no Spotify depois de entrar na playlist Pop Brasil e depois do Viral 50, as fotos do João Hidalgo e eu sempre digo que ela é música mais sexy sensual”.

Denominar o estilo de som que Geo apresenta não é fácil. Já batizaram de sad pop, pop noia, r&b futurista e Marília Mendonça do Vaporwave. Todos muito bem recebidos por ela.

“Fazemos pop experimental com letras em português. Mas eu gosto de deixar as pessoas definirem. Temos muitas influências diferentes: o Guilherme é super roqueiro, mas também ama groove e nu-disco, enquanto eu escuto muito hip hop, música pop e experimental. A gente vai de Daft Punk até Roupa Nova”.

O trabalho que chegou para consolidar a carreira da santista foi o EP Salva-Vidas, também lançado no ano passado. Com ele em mãos, Geo fez shows importantes em São Paulo e Curitiba. O disco também figurou em listas de melhores do ano, como a da Red Bull Music com Mandíbula, canção que fecha o EP.

“Os singles foram grandes aprendizados pra mim. Consegui encontrar melhor meu público e entender a mensagem que quero passar, o que quero e não quero fazer, de qual maneira quero atingir as pessoas e até que ponto posso forçar alguns limites no mercado de música brasileira. O EP é mais complexo, ele conta uma história, ele marca a minha identidade musical. Foi o meu primeiro trabalho contínuo e também o primeiro em que trabalhei com o Mobilesuit participando com ele de todas as etapas da produção”.

Para os próximos meses, o foco de Geo está na divulgação do EP. Um novo videoclipe deve ser lançado em breve. Um disco cheio com mais músicas não está descartado, mas sem prazos.

“Acho que cada formato tem suas vantagens. Os singles são ótimos para experimentar, entender público, fazer colaborações com outros artistas, fomentar as plataformas de streaming. O EP é um meio-termo muito legal quando não ainda não existe material ou tempo pra produção de um disco cheio. Eu amo álbuns e bato o pé: não apenas de single vive um artista”.

Origem
Filha de atleta e professora de dança, Geo afirma que a música sempre esteve presente em sua família. “Quando tinha 13 anos iniciei na Escola de Música Alexandre Prado, aqui em Santos. Fiz cinco anos de curso lá entre canto, violão, piano e teoria musical”.

Além das aulas, a santista também teve algumas bandas na época da escola. “Minha vontade de começar o projeto como solo veio quando comecei a escutar mais hip hop e frequentar shows de rap, onde o MC leva suas batidas no próprio pendrive e segura um show inteiro sozinho. Foi quando percebi que não precisava de uma banda tradicional pra fazer meu som”.