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Discoteca básica do rock santista: Um disco de cada uma das oito mais influentes bandas da história

A primeira edição do Blog n’ Roll em A Tribuna, divulgada em setembro de 2016, ainda rende muita conversa e opiniões. Na ocasião, divulgamos uma lista com as 100 bandas mais influentes da história do rock santista. Eclética, a relação incluiu nomes do hardcore, punk rock, metal, classic rock, indie, reggae, ska, hard rock, entre outros.

Hoje, vamos detalhar um pouco da obra das oito primeiras bandas daquela lista: Vulcano, Charlie Brown Jr, Garage Fuzz, Harry, Blow Up, Pyschic Possessor, The Bombers e Mr Green. Oito especialistas, entre críticos, jornalistas, músicos e apaixonados por música, foram escolhidos para destacar um disco considerado essencial e explicar o motivo da seleção.

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Ressalto que essa não é uma discografia definitiva do rock santista, apenas uma amostra das oito bandas escolhidas como as mais influentes da história regional. Nomes como Recordando o Vale das Maçãs, White Frogs, Sociedade Armada, Last Joker, Shadowside, Bayside Kings, entre outras, também possuem registros memoráveis. Mas isso é papo para outra edição.

Os nossos selecionados para comentar as obras essenciais das oito bandas mais influentes são Alexandre Macia, o Pepinho, Julinho Bittencourt, João Veloso Jr, Ricardo Miranda de Carvalho, Sérgio Dias, Rafael Paulino Neto, Wladimyr Cruz e Ayrthon Pinheiro Lopes, o Boka.

Vulcano – Live (por Alexandre Macia, o Pepinho, produtor e proprietário da Iron Fist)
“Pioneirismo descreve da melhor forma o que o Vulcano conquistou com o seu disco Live. Afinal, antes de Sepultura ou Sarcófago destilarem impropérios e riffs na velocidade da luz, o Vulcano já estava no front. Aliás, me diga uma banda que lançou como álbum de estreia um ao vivo?

O Vulcano estava à frente do seu tempo no que se refere ao metal nacional. O que a gente via por fotos e discos importados caríssimos do Venom e Hellhammer, agora víamos em nossa Cidade! O Vulcano abriu as portas para dezenas de bandas do Brasil. Alguns anos atrás, estava em Estocolmo e encontrei dois headbangers na rua. Eles me perguntaram de onde eu era, quando respondi Brasil, ambos gritaram: Vulcanooo!”

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Charlie Brown Jr – Transpiração Contínua Prolongada (por Julinho Bittencourt, crítico de música de A Tribuna)
“Em 1997, eles entraram em estúdio para fazer, pela Virgin Records, com a produção de Rick Bonadio, o antológico disco de estreia Transpiração Contínua Prolongada. O álbum, com canções como O Coro Vai Comê!, Proibida pra mim (Grazon), Tudo Que Ela Gosta de Escutar e Gimme o Anel, é até hoje, um dos grandes discos da banda e um paradigma do rock nacional.

Na faixa de abertura, Chorão – que era nascido em São Paulo, mas adotou Santos como sua casa – encheu a cidade de orgulho com o jeito de cantar, o sotaque característico da garotada do litoral e a célebre troca que todo santista faz do verbo na segunda pessoa: “Meu, tu não sabe o que aconteceu, os caras do Charlie Brown invadiram a cidade”.

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Garage Fuzz – Relax in Your Favorite Chair (por João Veloso Jr, jornalista e fundador do White Frogs)
“O Garage Fuzz é um dos poucos exemplos de banda que se mantém em evidência, por mais de duas décadas com consistência e autenticidade, sem se render a modismos linguísticos ou culturais. Em sua estreia oficial, deixando a fase de trio para as demos, o Relax in Your Favorite Chair juntou rapidez, precisão, melodias, personalidade e uma gravação acima da média para alguém independente. Isso em uma época onde havia uma banda para cada pedra portuguesa das calçadas de Santos.

Foi e ainda é um soco na cara, mais que bem tocado e para ser escutado em alto e bom som. Recentemente lançado em vinil, é discografia obrigatória e sempre estará valendo”.

Harry – Fairy Tales (por Ricardo Miranda de Carvalho – advogado e colunista do Blog n’ Roll)
Fairy Tales é uma obra de arte que não pode ser ouvida no carro ou no iPod. Merece um mergulho espiritual num mundo que até hoje é incompreensível para o cenário pop. Hansen era tudo, menos pop. Já a capa, uma foto de Araquém Alcântara que retrata o momento de resfriamento do Alto Forno na Cosipa, pode receber diversas interpretações. O extermínio, ou desinfecção de área alienígena; a escavação da superfície de outro planeta; ou seja, representa exatamente o conteúdo musical de Fairy Tales, um dos discos mais renomados do rock experimental brasileiro em todo o mundo. O disco foi produzido por outro gênio: Roberto Verta, que discotecou na Heavy Metal”.

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Blow Up – Blow Up (por Sérgio Dias – proprietário da Besouro Discos e colunista do Blog n’ Roll)
“Em meio à psicodelia e à Jovem Guarda, o Blow Up fazia sua estreia fonográfica. O ano era 1969, e os promissores garotos santistas que haviam se juntado quatro anos antes sob o nome de The Black Cats, tinham um contrato em mãos. Uma das assinaturas da produção é do maestro Rossini Pinto.

Lançado pela Caravelle, mescla canções em português e em inglês, traz covers executados com maestria por Zé Luis, Robson, Tivo, Nelson Rosas, Adalberto e Hélio.

Abre com Estrela Que Cai numa versão de Good Morning Sunshine, segue com a bela My Special Angel, passa por Hush-A-Bye. O lado B começa com Deixe-me, uma versão traduzida de Let Me do Paul Revere & The Raiders. Este lado também traz um dos grandes momentos do disco, uma execução memorável de Time of The Season do The Zombies”.

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Psychic Possessor – Toxin Diffusion (por Rafael Paulino Neto, proprietário da Blaster Discos)
“Tal como em muitas outras áreas, na música nem sempre os melhores estão entre os mais conhecidos e mais comentados. É esse o caso de Toxin Diffusion, álbum seminal de thrash, de 1988, lançado pelo Psychic Possessor. Talvez pela primeira vez, surgia aqui um álbum de som pesado não só sintonizado com tudo o que rolava de melhor lá fora no gênero, como, pasmem, bem gravado… e muito bem tocado.

Uma destruição de batera, guitarras com riffs técnicos e precisos, sem necessidade de solos pirotécnicos. Agressividade pura, clara e certeira. Com capa e contracapa que hoje representam precisamente uma época, um som e toda uma linguagem metal ao mesmo tempo internacional e muito daqui”.

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The Bombers – All About Love (por Wladimyr Cruz, jornalista, diretor de cinema e idealizador do Zona Punk)
“Na ativa desde meados dos anos 1990, o The Bombers atingiu sua maturidade musical em seu primeiro full-length de 2014, o elogiado All About Love (Hearts Bleed Blue). Nele, o grupo alargou de vez suas possibilidades musicais, mesclando rock, punk, ska, reggae, country, brasilidades e muitos refrões catchy.

Nadando contra a maré e as modas, como sempre fizeram, tocaram em diversas cidades do País, promovendo o intercâmbio estético e musical, traduzindo no palco toda a mistureba cultural que fez a cabeça da geração que cresceu consumindo tudo o que aquela novidade chamada globalização atraía para dentro de nossos lares via TV a cabo, publicações pop e a jurássica internet discada”.

Mr Green – Mr Green (por Ayrthon Boka, engenheiro de som)
“Antes do disco ser lançado, Robson Melo, meu parceiro de estúdio na época, gravou uma demo do Mr Green. Não participei diretamente, mas foi assim que conheci os caras. Acho que o disco é um marco no estilo, principalmente porque não tínhamos muitas referências, não tinha internet, o conhecimento vinha através de revistas ou no boca a boca…

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Apesar de ainda verdes, como em todo início de carreira, o talento musical, a técnica e a performance da banda é surpreendentemente muito acima da média e inquestionável. Um disco muito importante no cenário underground, um prato cheio pra quem gosta de guitarras e boa música. E eu gosto muito”.

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