MATHEUS MÜLLER
Os acordes, batidas e vocal estão menos agressivos, mas os integrantes da banda hardcore santista Garage Fuzz garantem que a pegada continua a mesma. Recentemente, eles deram início a um projeto acústico, com o intuito de cantar mais ao pé do ouvido do público e, amanhã, apresentam o resultado dessa nova roupagem, às 21 horas, no Sesc Santos.
Em 27 anos de existência, essa é a primeira temporada de shows com instrumentos acústicos. Antes de levá-los para o palco, os integrantes usavam os violões apenas no momento criativo de composição.
A ideia do projeto, porém, surgiu ao acaso, depois da grande aceitação do público com a faixa bônus Cortex, em acústico, que foi disponibilizada no vinil do álbum Fast Relief, produzido no final de 2015.
“Levei o disco para uma rádio em São Paulo, e tocou no programa Heavy Pero no Mucho. O cara da rádio perguntou se tínhamos mais versões acústicas, porque o pessoal estava pedindo”, disse o baixista Fabrício de Souza, em entrevista a A Tribuna.
De imediato, o grupo começou a trabalhar em cima de cinco músicas com esse propósito. O guitarrista Fernando Bassetto, que há dez anos toca no Garage Fuzz, conta que já admirava as composições da banda antes mesmo de fazer parte dela.
Com o projeto acústico, Bassetto acredita que o público terá a oportunidade de dar mais atenção às letras. “Temos músicas que têm tudo a ver com violão. Para mim, que estive fora da banda nos primeiros anos, era fácil entender que as letras eram diferentes. São feitas por quem sabe e temos a dimensão do potencial das canções”.
Após trabalhar as cinco faixas acústicas, a banda resolveu ampliar para 13 o número de versões. Essa experiência foi gravada em um show realizado no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, que marcou o começo dessas apresentações.
No repertório que será apresentado ao público amanhã estão músicas como: Ignore list, Overtime, Eye Witness, House Rules, entre outros sucessos.
“Para a banda (produzir o acústico) foi uma novidade. A maioria não estava habituada a tocar em outra roupagem. Eu venho de uma parceria de voz e violão e estou acostumado. Tivemos que ter paciência para acostumar com a ideia da sonoridade, com o peso da bateria e para não sentar o braço no violão”, conta o guitarrista.
A banda
O Garage Fuzz nasceu em abril de 1991 com influência de bandas estrangeiras de rock, punk rock, hardcore, entre outros estilos, que ajudaram na formação musical. Devido ao contato com essas bandas, eles adotaram o inglês em suas composições. Essa situação, inclusive, abriu portas para um acordo com uma gravadora internacional.
“Assinamos com a Roadrunner Records, que era a gravadora do Sepultura. Eles lançaram nosso álbum em 12 países”, lembra Fabrício de Souza.
Atualmente, o Garage é formado por cinco integrantes. Além de Bassetto e Souza, fazem parte o guitarrista Wagner Reis, o baterista Daniel Siqueira e o vocalista Alexandre Cruz.
Realidade
Apesar do grupo já ter tocado em festivais como Lollapalooza; ter sido indicado como melhor banda de hardcore no prêmio do VMB, em 2009; vencer o prêmio Dynamite, como melhor álbum punk/hardcore – Warm and Cold, em 2013, e ter CDs vendidos em mais de 12 países, os integrantes ainda precisam de um segundo emprego para complementar a renda.
As dificuldades existem, mas Souza destaca que o Garage continua firme, forte e se reinventando: “Gostamos muito de música, nos conhecemos desde adolescentes, nos damos bem e sempre tivemos projetos agendados. Isso não permite o marasmo”.
Segundo o baixista, entre os anos 90 e 2000, o segmento musical esteve muito forte, com bastante exposição na mídia, mas em algum momento as bandas perderam espaço e estão retomando agora, com o auxílio da internet.
“O movimento ainda hoje é muito forte. Temos público porque (o hardcore) é uma coisa de atitude, algo que está enraizado em quem gosta. Portanto, o estilo continua bem consolidado”.
Serviço: O Garage Fuzz se apresenta amanhã, no Sesc Santos, que fica na Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida. Os ingressos custam entre R$ 6,00 e R$ 20,00.