CARLOS DA HORA
Confesso que estava muito ansioso para o lançamento do Simulation Theory, o novo disco do Muse. Mesmo não sendo um grande fã da banda, fiquei com a pulga atrás da orelha para saber o que iria sair deste novo trabalho dos caras.
Sou abertamente um admirador de alguns registros da banda, como o Black Holes & Revelations e The 2nd Law, mas também sou crítico de outros discos lançados por Matthew Bellamy e companhia. O fato é que a banda prometeu com esse novo trabalho uma musicalidade mais variada do que já tinha.
O álbum, classificado como rock e electropop e gravado na AIR Studios em Londres, foi lançado na última sexta-feira (9). Cinco singles foram divulgados previamente para preparar o público para o Simulation Theory: Pressure, The Dark Side, Something Human, Thought Contagion e Dig Down.
Drones (2015), antecessor de Simulation Theory, já dava indícios do que o Muse traria em seus próximos discos influências bem mais puxadas para o pop e eletrônico, claro que com o rock sempre presente, mas com bem menos intensidade do que o apresentado em toda a carreira da banda.
Ainda assim, mesmo que com o som diferente, podemos sentir e perceber que as músicas são da banda, é isso que mais admiro no Muse, eles têm um jeito único de fazer música.
Aí começou a divulgação do Simulation Theory, e de single em single gostava menos do que estava escutando, mesmo sendo inegável que algumas músicas devem ser muito boas ao vivo, o que já é uma marca forte da banda. Sinto meio que um desleixo do Muse sobre ideias de instrumentação, apelando tudo para o famoso sintetizador, deixando o álbum meio decepcionante para mim.
Obviamente, o disco tem seus lampejos de rock, com a ótima Pressure, de longe a melhor canção do álbum, e Blocades, uma mistura muito louca de diversos elementos do Black Holes & Revelations com a pitada ideal de sintetizador.
Uma ressalva para toda a ambientação que o Muse botou no álbum, com uma temática futurista-retrô bem anos 1980, inclusive na capa, que mais parece o cartaz de um filme. Elementos cyberpunk também são frequentes no álbum, o que serve de explicação para tanto sintetizador, deixando a voz de Matthew Bellamy quase igual a de um robô algumas vezes (principalmente em Algorithm). No fim da experiência, senti que o título do álbum é um dos que mais encaixam com o disco em si.
Para os leigos a “Teoria da Simulação” propõe que uma realidade em si é uma simulação, fazendo as pessoas que vivem nela serem o que desejam, e nesse universo do Simulation Theory, os integrantes do Muse são garotos, que conhecem o básico de música, e decidiram criar um disco com todos os elementos que eles gostam, trazendo uma punhalada de músicas sem conexão com um som completamente exagerado.