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Poesia e Rock #72 – Lou Reed: o poema de Flávio Viegas Amoreira

Tu sabes que me peguei esquecido que você tinha partido?
Eu que nunca me esqueço dos detalhes do dia, 
Quem sabe foi a tua presença sempre comigo 
Nesse mundo agora carcomido

Não vejo tua guitarra e voz seca em alguma nuvem
É na sarjeta dourada 
No cálice de absinto 
Na calça rasgada 

E na onda dos sexos úmidos dos rapazes da banda  
Afinal toda essa realidade é pesadelo
E os noticiários eletrochoques
Enquanto inoculamos poesia na veia 
E sangue nas ventas para agarrar algum futuro possível ao nosso sonho colorido
 

E fumo também rouco baseado em tuas canções 
Soturno na esquina desse inverno 
Copo de cerveja em punho 
Minha boina para tapar o cinismo
 

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Tenho cenário uma velha árvore sufocada de fios de telefonia 
E na penumbra alguém curtindo um boquete
Meu heroísmo é espreitar o sonho sem melancolia

Sem torpor 
Sem nenhuma ardor além da minha rara sintonia
Vidente sem vontades 
Sem fé ganas ou agonias
Só alguns propósitos 
E desejos inusitados
 

Tem sido uma aventura meu amado Lou Reed 
Imensa aventura ouvir e viver Perfect Day

[Flávio Viegas Amoreira – Poeta]

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