Quando os primeiros acordes de People Have The Power foram tocados, o público já sabia o que esperar de Patti Smith: energia, discursos fortes e muita atitude punk rock. Afinal, Patti Smith, aos 72 anos, é o punk rock em pessoa.
Na última sexta-feira, no palco do Popload Festival, no Memorial da América Latina, em São Paulo, Patti Smith precisou de pouco mais de 1h10 para entregar uma das apresentações mais vibrantes da temporada, com direito a hits, covers e muita aula de como agir em tempos difíceis.
“Não vamos ser oprimidos! Não vamos deixar nenhum líder nos oprimir, nenhum deles que não se importa conosco, nem com o meio ambiente”. “Temos que ser visionários, mas temos que ser ativos. Precisamos cuidar da nossa Terra”, clamou em outro discurso.
Mesmo sem citar qualquer governante, Patti Smith sabe do que está falando. Sempre foi uma leitora assídua de escritores latinos, principalmente o chileno Roberto Bolaño, além de ativista das mais diversas causas. Todas relevantes, diga-se de passagem.
Uma das surpresas no repertório, logo no início, foi uma versão para a clássica Beds Are Burning, da Midnight Oil. A forma como a veterana cantora assume a dianteira faz os desavisados acreditarem que se trata de uma canção própria.
Problema no som
Prejudicada no início da apresentação, com um som muito baixo, a cantora norte-americana não poupou na hora de rasgar a voz. Playback? Pré-gravados? Deixa isso para as mais novinhas, certo?
Na hora que colocou seus companheiros de banda para cantar um pouco, o repertório prestou homenagens a Rolling Stones (I’m Free) e ao Lou Reed (Walk on the Wild Side).
Quando retomou o seu posto, Patti Smith comentou que havia conversado com Michael Stipe, vocalista do R.E.M., que pediu para mandar um “olá para o público”. E emendou com outra bela versão: After the Gold Rush, de Neil Young.
A reta final reservou bons clássicos para o público cantar junto com Patti Smith: Pissing In A River, Because The Night, o medley Land (Horses/Land Of A Thousand Dances) e Gloria: In Excelsis Deo.
Poesia, política, rock. O show de Patti Smith teve tudo que os fãs esperam. Faltaram um hit ou outro, mas nada que tirasse o brilho da apresentação.
The Raconteurs
Quem subiu antes de Patti Smith foi o The Raconteurs, a banda paralela de Jack White. Em meio ao caldeirão de ritmos que transitou pelo Popload, o show foi um respiro do rock clássico.
Apesar de curto, uma hora apenas, agradou em cheio aos fãs que dançaram por horas ao som de nomes como Tove Lo, Cansei de Ser Sexy, Hot Chip, Little Simz, entre outros.