Manuel e Samuel Fontoura são dois irmãos de Uberlândia, Minas Gerais. Juntos, eles formam o duo Muños desde 2012. O grupo atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina, e acaba de divulgar o disco Nekomata via os selos Abraxas e Locomotiva Records.
O álbum contém dez músicas e é recheado de virtuosismo e criatividade. Isso porque consegue imprimir características que vão desde o espectro do indie rock dançante à temperos percussivos e jazzísticos. Estes ficam muito visíveis na faixa Ogu, aliás, que ainda assim não perde as guitarras distorcidas.
E bem como nesta música, quase que todas as demais obtém este timbre um tanto quanto sujo, seco e grave que me remete sutilmente ao Black Keys em seus primeiros discos.
O porém é que esse “cru” dialoga com synths e vozes doces (que soam quase como backings, de tão baixos). Na faixa-título, Nekomata, isso é colocado de forma mais clara.
A música Blue Cat & the Eternal Bat é outra que merece destaque pela sonoridade. As duas linhas de guitarra, novamente, chamam atenção.
Nekomata tem letras ótimas
Todas as letras são em inglês, é verdade. No entanto, não pense que estas são vagas. No lirismo é que o duo se entrega no misticismo de fato. Nas músicas citadas acima, por exemplo, já temos isso.
Em Nekomata, abordam um mito japonês onde gatos maltratados se transformam. Enquanto isso, em Blue Cat & the Eternal Bat fazem referências ao povo Apapocuva-Guarani, situado no leste do Paraguai e no norte do Brasil, que acreditava que os eclipses eram causados pela lenda do Morcego Eterno e do Jaguar Celestial, que consomem o Sol e a Lua.
Enfim! Sem mais delongas: trata-se de um álbum que vale o confere especialmente para quem é de “outro mundo”, por assim dizer. Mas se você gosta de bandas como Glue Grip ou Bike, é certo que o Muños também deve lhe bater bem.