Nos últimos seis anos, o vocalista da banda britânica Keane, Tom Chaplin (40 anos), viveu uma verdadeira montanha-russa de emoções. Com sua banda principal passando por um hiato, ele se lançou como artista solo, celebrou o nascimento do primeiro filho, enfrentou a depressão e voltou a ter problemas com drogas.
No último domingo, com o Keane remontado e de volta ao Brasil, um dos últimos países que visitou antes do hiato, em 2013, Chaplin sentiu o carinho do público durante o show de pouco mais de 2h20 de duração, no Espaço das Américas, em São Paulo.
O vocalista foi ovacionado do início ao fim. Os gritos iam de we love you (nós amamos você) até ole, ole, ole, Keane, Keane. Nesse segundo, por sinal, o vocalista brincou com a pronúncia dos fãs. “Gostei de quinê, quinê”. A pronúncia correta é quim ou quini (até passa).
A apresentação na Capital foi a última da turnê de divulgação do sexto álbum de estúdio, Cause and Effect, lançado em setembro. E Chaplin, que continua com a voz impecável, não poupou na inserção de faixas desse trabalho. Foram sete, o mais lembrado do repertório.
Mesmo que boa parte do público estivesse lá pelos hits do início da carreira, os singles mais recentes também foram bem festejados.
Clima de festa do Keane
O clima no palco era de total alegria. O cabeça da banda, Tim Rice-Oxley, responsável pelo teclado, piano, sintetizadores e composições, sorria o tempo todo diante da euforia dos fãs. Chaplin, por sua vez, brincava com a turma da grade em todos os intervalos. No fim, agradeceu muito todas as manifestações de carinho na internet, bastidores e na frente do palco.
Logo após tocar Put the Radio On, um dos singles do novo álbum, Chaplin traduziu o nome da música: liga o radinho. Proposital ou não, a faixa que veio na sequência foi a responsável por colocar a banda no radar dos fãs brasileiros: Everybody Change.
Me chamou a atenção a quantidade de casais e famílias reunidas, cantando as músicas do início ao fim. Lembrou os grandes shows que acontecem no ginásio do Sesc Santos. Um clima muito amistoso.
A interação entre banda e público seguiu até o fim. Em certo momento, Tom recebeu uma bandeira do Brasil, arremessada por um fã. Abriu, pendurou no pedestal e elogiou: “é uma das mais belas”. Com a receptividade do músico, outra bandeira foi jogada, do movimento LGBTQ+. “As duas devem ficar juntas em harmonia”, disse, recebendo muitos aplausos.
Revezando novidades com hits antigos, o Keane foi bem generoso com os fãs. Incluiu seis faixas de cada um dos seus dois maiores sucessos comerciais: Hopes and Fears (2004) e Under the Iron Sea (2016).
Hits na reta final
Try Again, em uma versão acústica tocada apenas no piano e voz, abriu caminho para os grandes hits da banda: Nothing in My Way, This is the Last Time, Bedshaped, The Way I Feel e Somewhere Only We Know, que fechou a primeira parte da apresentação, com o público cantando em uníssono.
Já seria um final e tanto para os fãs. Muitos deles seguiram em direção a saída, mas foram surpreendidos com um bis caprichado, com mais quatro canções. Crystal Ball e Sovereign Light Café deram números finais ao show.
Se alguém tinha dúvida sobre qual era o real estado do Keane após o hiato, certamente já está contando as horas por um retorno. O período inativo fez muito bem para todos. Tom Chaplin parece mais saudável, a voz segue potente, a harmonia dos integrantes é visível. E o repertório novo também foi muito bem aceito.