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Entrevista | Mark Ruffalo – “Tenho obrigação de ser honesto ao personagem”

O ator Mark Ruffalo está de volta às telas, após interpretar mais uma vez o Hulk em Vingadores: Ultimato, o filme mais visto na história. Em O Preço da Verdade, novamente assume um personagem mais denso.

Na entrevista abaixo, Mark Ruffalo fala sobre o longa e como foi trabalhar com dois brasileiros na equipe. Ademais, Mark Ruffalo também comenta a montagem do personagem.

Como você se envolveu com esse projeto, e por que decidiu produzir o filme?

Depois de 2016 (eleição de Trump), eu percebi como as coisas ficaram divididas (nos EUA) e como até ativismo é uma coisa divisora para as pessoas. Então, quis usar o cinema para propagar minha mensagem como ativista, mas sem a intenção de dividir ainda mais as pessoas, mas uni-las.

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Eu queria contar histórias que acho socialmente importantes, como a questão da água e nossa saúde. Mas tinha que ser do ponto de vista humano e não em termos políticos. Li esse artigo sobre o advogado Rob Bilott, e como já fiz muito ativismo como ambientalista, especialmente sobre água, imediatamente conectei-me com a história.

Não conheço ninguém no mundo que queira beber água envenenada. Achei que a história seria importante para ser contada, e de maneira com a qual todos, não só se identificassem a respeito, mas que também despertasse uma conversa mais séria sobre o sistema.

Mark Ruffalo, ao fundo, está com uma aparência bem diferente (Crédito: Divulgação)
No filme, o Rob Bilott é um homem simples e calmo. Foi importante mostrar este lado do personagem?

O Rob Bilott é assim na vida real. E Todd Haynes e eu decidimos desde o início sermos honestos em nossa abordagem. Como ator, você tende a criar cenas grandiosas, com um grande discurso no meio do filme. Mas isto não seria honesto. Fiquei um pouco preocupado, tentando imaginar se o público ficaria do lado do personagem, se o acharia forçado.

Eu tinha toda compulsão em criar o discurso grandioso, mas eu tive que me disciplinar. Achei que era mais eficaz dessa maneira. Quando ele monta toda a história da DuPont, ela poderia ter sido mostrada de uma maneira bombástica, mas não, tudo é simples e calmo. Como uma reportagem.

Acredito que quando você interpreta uma pessoas real, você tem a obrigação de ser honesto ao personagem. Se você o encontrar, vai perceber que ele é assim mesmo. Mas ele é muito mais atraente em pessoa do que do jeito que eu o interpretei no filme (risos).

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É difícil contar uma história tão complicada assim e ainda fazer com que o público se identifique com ela?

Acho que é por isso que queria que o Todd Haynes dirigisse esse filme. Ele conhece a vida interior do personagem tão bem. É algo que sempre está nos filmes dele. Os personagens dele são pessoas lutando contra um sistema opressor, e eles foram sempre alienados pelo sistema de alguma forma ou de outra.

Eu também sabia que ele nos daria um lado mais humano para a intricada história judicial do caso, e é isso com que o público acaba se conectando. Eles entendem o complicado processo e conseguem acompanhar o drama do personagem. Encontrar esse equilíbrio torna tudo muito mais humano e nos leva à compreensão.

Astro reaparece com um visual e personagem bem diferente do Hulk (Crédito: Divulgação)
O que o mais surpreendeu a respeito dessa história?

Embora o nível da fraude tenha sido extraordinário, em diversas maneiras, o que mais me chocou foi o fato de que eles sabiam que as pessoas estavam ficando adoecidas. Eles sabiam dos defeitos de nascença. E eles prosseguiram com aquilo tudo sem criar nenhum tipo de debate interno sobre os problemas.

Também a idiotice de eles entregaram ao Rob Bilott todas as informações. Isso me chocou também. Eles deram a ele todos os arquivos, todos os documentos.

O filme tem dois brasileiros na equipe técnica: o compositor Marcelo Zarvos e o editor Affonso Gonçalves. Como foi trabalhar com eles?

Eles têm um incrível talento. Tivemos sorte de tê-los no filme. Eles fizeram o filme funcionar muito bem na pós-edição. Lembro de conversar com o Fonzie – é assim que chamamos o Affonso -, a respeito de o quanto ele perfeitamente entendia não só a linguagem cinematográfica do Todd Haynes, mas como também a linguagem cinemática do filme. Ele havia trabalhado com o Todd antes, e eles têm a mais perfeita sintonia. É bonito vê-los trabalhando juntos.

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Quanto ao Marcelo, ele veio nos salvar no último minuto. Usamos a música dele feita para outros filmes como uma trilha temporária, e quando eu assisti ao filme, eu achei que era uma trilha perfeita. Mas, originalmente, estávamos trabalhando com um outro compositor que não deu certo e o perdemos.

Então o Marcelo veio trabalhar com a gente e ele criou essa incrível trilha sonora num curtíssimo período de tempo. É uma trilha incrível. Nosso filme deve muito ao trabalho desses dois. E aproveito para dizer “obrigado” em português. (risos).

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