Na esteira da Riot 99 e The Bombers, uma série de bandas surgiu para cantar Oi! em Santos. Gas Burner e Necrófilos foram algumas delas. Mas foi a Soldado do Asfalto quem mais evidenciou a influência que tinha, tanto no som como no visual dos integrantes. Antes, porém, Felix Barreira e Daniel Fiuza, dois dos fundadores da banda, levavam outro tipo de som.
“A gente tocava uns lances californianos, bem Santos mesmo. Tentava tocar Rancid, Nofx”, diz Barreira. “Eu lembro que o Bombers tocava Blitz, o Rancid também tocava a mesma música e fui ver qual era a dessa banda. Conheci Cock Sparrer, The Crack, Cockney Rejects. E do Mighty Mighty fui para os Specials, Madness, Judge Dread, Skatalites”, conclui sobre como chegou ao resultado da Soldados do Asfalto, sucessora da Flying Pigs.
O interesse pelo som somado à amizade com Gabriel Bigode (Necrófilos), que já era skinhead no início da década, mudou tudo. “O nome era por causa de uma música do Suburban Rebels, banda de Barcelona (que por sinal tem o nome de uma música do Business)”.
A formação inicial da Soldados do Asfalto contava com Felix, Bigode, Difa, Fiuza e Amarelo. “O Daniel saiu e entrou o Bruninho, que eu conhecia dos rolês (e do Necrófilos), isso em 2002, quando a gente gravou a primeira demo”. Lucas, Billy, Tim, Savietto e Ale também passaram pela banda.
As mais marcantes apresentações da banda rolaram nas festas Horror Beach Fest, em Santos.”Mas tiveram uns em São Paulo que sempre davam treta com alguma gangue. Os carecas odiavam a gente e os punks de lá também”.
Em pouco mais de dois anos de vida, a Soldados do Asfalto gravou a demo Geração Oi! (2001), um compilado com as músicas do debut com algumas inéditas e encerrou com mais três faixas novas. Alex & Seus Drugues, Hooligans na Fita, Guerra de Classes e Mantenha a Fé eram os principais sons.
Hoje, Barreira e Bigode, juntos com Porko, possuem um projeto de discotecagem chamado Reggay420, soundsystem de música jamaicana que começou em 2006. Além disso, o fundador da banda organiza as festas Soul Suor & Sacanagem e a JazzySENSE, de black music em geral. “Tenho também um projeto de arte contemporânea, colagem, pintura”, diz o artista.
“Acho difícil (uma reunião). A Soldados do Asfalto foi um lance pontual na vida de cada um. Era uma época onde eu tava conhecendo a cultura que permeia minha vida há 13 anos. Mas foi legal lá em 2001, e é isso”, finaliza.