Após o sucesso de “Bohemian Rhapsody” e “Rocketman“, Hollywood apostou em fazer a cinebiografia definitiva de um dos maiores nomes da música: Elvis Presley. Tendo uma carreira com altos e baixos, a ideia de diferencial em relação aos citados, foi que a história seria contada na perspectiva do empresário deste, o Coronel Tom Parker (sendo interpretado por Tom Hanks). Sendo trabalhado pelo cineasta Baz Luhrmann (“Austrália”) há vários anos, é nítido que tanto ele como o intérprete de Elvis, o ator Austin Butler, entraram de cabeça no projeto.
A história tem início na década de 50, quando Parker assistiu a um show de Elvis em uma pequena apresentação circense. Ao perceber o potencial deste, resolve induzi-lo a cuidar de sua carreira e transformá-lo em um dos maiores nomes da música que já existiram. Só que da mesma forma que o sucesso vem, os percalços entre a dupla ficam cada vez mais complexos.
Com quase três horas de metragem, este é mais um daqueles casos onde a narrativa funciona tão bem, que não sentimos o peso deste tempo. É nítido que Luhrmann teria que usar uma abordagem mais séria, pessoal e menos carnavalesca (apesar dele usar essa tonalidade, quando havia passagens de tempo) como o habitual de seus últimos filmes (vide “O Grande Gatsby“). Ele sabe exatamente como criar uma atmosfera entre os sentimentos de Elvis e Parker, e tais como os sentimentos da dupla ficavam cada vez mais tensos (devido aos constantes malabarismos que este fazia, para conseguir tirar o melhor daquele).
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
Sim, apesar de Butler cantar algumas músicas, é nítido que as músicas originais de Elvis foram colocadas nas horas chaves (e casaram direitinho com o trabalho de montagem da dupla Jonathan Redmond e Matt Villa), mas este exerceu tanto estudo para se assemelhar com seu personagem, que realmente parece que o finado músico havia renascido para gravar este filme (não seria injustiça, ver ele levando o Oscar de melhor ator, em 2023).
Inclusive, o trabalho de maquiagem e cabelo para ele e Hanks, certamente será bastante recordado nas premiações. Inclusive, este consegue exercer mais um dos seus típicos vilões que “amamos odiar”, mesmo carregado com uma enorme maquiagem e sotaque (que o deixaram irreconhecível, e também já lhe darão uma possível indicação ao Oscar).
Com relação a estrutura dos cenários, o design de produção é realmente incrível e muitas vezes parece que estamos vivenciando uma história entre meados dos anos 50 e 70, seja por intermédio das vestimentas ou até mesmo dos edifícios, equipamentos e índoles dos personagens. É aí que entram as questões raciais e políticas que haviam na época, pois embora este seja o plano de fundo secundário da trama, vemos que era como uma segunda camada para a vida de Elvis e uma pedra no sapato de Tom.
Mas uma dúvida que perece entre quem não conhece a trajetória de Elvis, é de “se é necessário ter uma base sobre a história deste, para ver este longa?”. Confesso que não, mas caso você goste de ter um conhecimento prévio, a experiência será ainda melhor.
“Elvis” acaba como uma verdadeira homenagem ao Rei do Rock, e certamente figurará como um retrato de como realmente o mundo via o grandioso Elvis Presley.