Crítica | Gran Turismo: De Jogador a Corredor
Engenharia do Cinema Não é novidade que quando foi anunciado um filme do game de corrida “Gran Turismo“, muitos não imaginavam como ele iria sair do papel (uma vez que estamos falando de um jogo que não possui um enredo). Em 2014, numa parceria entre a Playstation e Nissan, foi criado o projeto GT Academy, cujo intuito era levar jogadores profissionais de “Gran Turismo” para correrem como verdadeiros pilotos profissionais. O longa de Neill Blomkamp (“Elysium“) tem esse foco como seu enredo. O enredo é centrado no adolescente Jann Mardenborough (Archie Madekwe), que é apaixonado por carros e o game “Gran Turismo“. Porém, um dia ele acaba sendo convocado para participar do GT Academy, onde ele se vê em um cenário que poderá correr com vários pilotos profissionais. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Não é novidade que aqueles que já conhecem esse tipo de filme, já conseguem prever o escopo central da trama (apesar de muitas coisas terem sido alteradas, para quesitos dramáticos). Mas devido a sábia escolha de Madekwe, David Harbour (Jack Salter) e Orlando Bloom (Danny Moore), para viverem o trio protagonista, facilmente o público acaba sendo conquistado por aquele universo por algo simples: o carisma. A todo momento nos pegamos vibrando, torcendo e se cativando pela relação de carinho entre Jann e Jack, que vai sendo construída aos poucos pela trama. Porém, o roteiro de Jason Hall e Zach Baylin, sofre com algumas coisas clichês do gênero como personagens que são esquecidos e depois reaparecem do nada (como os familiares de Jann), não entendemos a verdadeira situação de Danny (que se resume apenas a um executivo da Nissan, que faz os corres profissionais da trama), isso sem citar algumas dificuldades que não ocorram na vida real (como a cultura do cancelamento do Twitter, pelas quais sequer tinham aquela influência, como hoje). E o vilão? Realmente não existe um, mas sim uma narrativa que coloca os mesmos como os próprios pilotos rivais. Isso funciona, pois eles aparecem sempre em momentos chaves, principalmente quando estamos vidrados nas cenas dos campeonatos. Essas, conseguem se assemelhar demais com o visual do game, inclusive, é nítido que o diretor Neill Blomkamp não apenas estudou a franquia, como se mostrou como um conhecedor desse universo (só reparar no posicionamento das câmeras, nas cenas de corrida). “Gran Turismo: De Jogador a Corredor” acaba se consagrando como mais uma surpresa desse ano, e ainda mostra que existe um leque enorme de games que podem ser levados ao cinema, com maestria.
Crítica | TOC TOC TOC: Ecos do Além
Engenharia do Cinema Sendo lançado em muitos países (inclusive nos EUA), no mesmo dia que os aguardados “Barbie” e “Oppenheimer“, “TOC TOC TOC: Ecos do Além” errou ao apostar que seria uma terceira opção neste fim de semana que entrou para a história do cinema. O resultado foi uma bilheteria pífia e até o encerramento dessa crítica, nem havia chego aos US$ 5 milhões nas bilheterias (tendo custado cerca de US$ 6 milhões, para a Lionsgate). Mesmo se tratando de uma história inspirada em um conto de Edgar Allan Poe (que inclusive já foi referenciado em um episódio de Halloween de “Os Simpsons”), temos um projeto que deve ter sofrido nos bastidores e o resultado final certamente foi agravado pelo mesmo. A história é centrada em Peter (Woody Norman), um menino que vive uma vida triste em casa com seus Pais totalmente controladores (Lizzy Caplan e Antony Starr), e na escola sofre muito bullying. Até que um dia ele passa a ouvir um ruído estranho, vindo da parede de seu quarto, e começa a interagir com o mesmo, descobrindo segredos inacreditáveis. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Realmente o roteirista Chris Thomas Devlin (que estreou na função escrevendo o horrendo “O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface“) parece que estava ciente que iria começar a trama estabelecendo uma atmosfera interessante, mesmo um cenário já mostrado em várias outras produções do gênero. A função de proximidade com o enredo então, iria decair sobre o trio protagonista, que neste princípio, facilmente consegue convencer (embora Caplan fique com a mesma cara o filme todo, e Starr ainda está preso ao estilo de Capitão Pátria, da série “The Boys“). Só que realmente parece que houve uma discussão pesada com os produtores, pois o arco final cai totalmente em contradição com o que havia sido proposto. Desde decisões esdrúxulas, até a direção de Samuel Bodin apelar totalmente para tomadas escuras e rápidas (um erro que Hollywood cada vez mais, insiste em fazer nos seus filmes, e não vão parar tão cedo), não conseguimos ter uma sensação de proximidade ou torcida, por mais nada (já que não existe um aprofundamento na relação entre Peter e seus Pais, pois tudo é jogado, sem explicações). Sim, estamos falando de um filme de horror que não precisava apelar para o sangue, muito menos para o agravamento de situações que poderiam ter sido resolvidas com um telefonema. O que ocasionou na forma de como a personagem de Cleopatra Coleman (a professora Devine), foi totalmente mal escrita e conduzida (ela literalmente só está no enredo, para tentar salvar Peter dos pais). “TOC TOC TOC: Ecos do Além” mostra que boas ideias, conseguem ser descartadas e pioradas totalmente, durante seu desenvolvimento.
Crítica | Drácula: A Última Viagem do Demeter
Engenharia do Cinema Em determinado ponto, o cineasta André Øvredal (“Histórias Assustadoras Para Se Contar no Escuro“) comentou que idealizou “Drácula: A Última Viagem do Demeter“, pensando em uma espécie de “Alien: O Oitavo Passageiro“, se passando em um navio, ao invés de uma nave. Só que diferente do clássico de Ridley Scott, temos um longa que não procura fazer um roteiro plausível e uma direção que realmente seja marcante e original. Sim, era melhor a Universal Pictures ter ficado apenas com o Drácula de Nicolas Cage, em “Renfield“, neste ano. Vale ressaltar também, que até o encerramento dessa crítica, o longa rendeu mundialmente cerca de US$ 19 milhões mundialmente, e como custou US$ 45 milhões, já é um dos maiores fracassos do ano. Baseado no arco da carta do Capitão do Demeter, no conto de “Drácula” escrito por Bram Stoker, a história tem início quando o navio citado levará uma misteriosa carga de Bulgária para Londres. Quando, eles estão em pleno oceano, coisas misteriosas e brutais, começam a acontecer no local e os tripulantes descobrem que trata-se do próprio Conde Drácula (Javier Botet), que tomou conta da embarcação. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Ao terminar de conferir essa produção, a única sensação que tive foi “Bela Lugosi está se revirando no túmulo”. Há vários problemas básicos no roteiro de Bragi F. Schut e Zak Olkewicz, e na direção do próprio Øvredal. A princípio eles não só estabelecem um péssimo protagonista, como simplesmente não aprofundam em nada, para nós termos interesse ou sentir as emoções sendo transparecidas. E nessas horas, ficamos pensando que era mais plausível a Universal ter estudado adaptar o livro de Bram Stoker, como um todo, e este ter sido colocado como um filme em uma possível trilogia ou saga do personagem, ao invés de produzir filmes esporádicos sobre o mesmo, em diferentes contextos. Sendo escalado como protagonista, o médico Clemens (Corey Hawkins) parece estar totalmente fora de sintonia com o enredo. Em um cenário caótico, pessoas e animais sendo violentamente dilacerados, ele vem se preocupando em fazer discursos de preconceito e racismo (independentemente do timing, que sempre cai na hora errada). A situação fica não só estranha, como o próprio personagem se torna irritante ou interessante (e ocasiona em um protagonismo rasteiro e forçado). Pior do que isso, é tentarem transformar a misteriosa Anna (Aisling Franciosi), em uma guerreira que não faz absolutamente nada (e ainda é vendida assim, durante quase todo filme). Isso porque ainda não citei só outros tripulantes, pelos quais possuem os perfis tão genéricos, que nós só ficamos como e quando eles serão alvos do próprio Drácula. E entrando no mérito da direção, Øvredal realmente não sabe como conduzir uma cena de ação, muito menos alguma que seja assustadora e chocante (como é o próprio livro de Bram Stoker). 90% das sequências de ação são no escuro (apesar do Drácula ser um ser que aparece de noite, já foi mostrado que dá pra fazer mais cinema), 30% delas na chuva e 60% você não consegue ver quase nada. Isso só transmite raiva (já que você está interessado em ver um filme de ação/horror, e não manchas pretas) e tédio para o espectador. Inclusive, o próprio visual do Drácula se assemelha mais com o Gollum (personagem de “O Senhor dos Anéis”), do que o icônico vilão dos cinemas. Sim, a escolha de conceber aquele em CGI, foi totalmente errônea (uma vez que a sua concepção, quase sempre foi feita por intermédio de maquiagens). “Drácula: A Última Viagem do Demeter” é mais um erro da Universal Pictures, em relação a sua concepção do seu universo de monstros no cinema.
Crítica | A Freira 2
Engenharia do Cinema Quando foi lançado há exatamente cinco anos, “A Freira” conseguiu bons números de bilheteria (custou US$ 22 milhões e lucrou US$ 365.58 milhões mundialmente), mas fracassou no gosto do público e crítica. Assim como “Annabelle” (que melhorou totalmente em seu segundo filme), ficou perceptível que o produtor James Wan ouviu os fãs e em “A Freira 2“, ele literalmente mais uma vez corrigiu grande parte dos erros e nos entregou uma obra superiora, mas não tão perfeita ainda. A história tem inicio algum tempo depois do término do antecessor, com a Irmã Irene (Tessa Farmiga) tentando viver uma vida comum em seu convento. Mas tudo muda quando ela é chamada pela própria chefia da Igreja, para ir até uma região da França, com o intuito dela tentar desvendar o misterioso assassinato de um Padre, pois ele pode estar atrelado com a maligna entidade da Freira (Bonnie Aarons). Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Novamente assumindo a direção de um título da franquia “Invocação do Mal“, o cineasta Michael Chaves realmente demonstrou ter um amadurecimento maior em relação aos seus trabalhos antecessores (que foram “Invocação do Mal 3” e “A Maldição da Chorona“), pois ele muda o tom de amadorismo por algo mais sério e pé no chão. Embora ele apele para um pouco para recursos já utilizados porcamente por Hollywood (como o excesso de cenas escuras, onde não conseguimos ver quase nada da ação), ele usufrui de algumas cenas inteligentes (vide a divertida sequência das revistas que formam a imagem da Freira). Outro detalhe bastante interessante, é o cuidado que o roteiro de Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper tiveram, na retratação de deixarem os fatos mais verídicos o possível, como por exemplo, uma breve cena que mostra a Irmã Irene sendo convocada pelo próprio Vaticano, para ingressar nesse “reencontro” com a Freira (algo que realmente só poderia acontecer, se houvesse essa convocação e autorização). Estes pequenos detalhes, que no contexto da veracidade, que fazem a diferença. Mesmo sendo a cara de sua irmã Vera Farmiga (protagonista da trilogia original), Taissa Farmiga está mais à vontade no papel da jovem irmã Irene e apesar do roteiro ainda não fazer ela ter um perfil digno, para torcermos como a imagem central dessa franquia (acredito que em um potencial terceiro longa, isso será consertado), dentro da premissa ela convence. Mas infelizmente não posso dizer isso sobre Storm Reid (“Euphoria“), que no papel da Irmã Debra, pela qual só aparece para ser um ombro daquela e inclusive tem um arco que chega a parecer que foi tirado do filme “Esqueceram de Mim” (principalmente com os gritos de uma menina, que chegam a ser hilários de tão bizarros). Sendo bastante superior ao seu antecessor, “A Freira 2” consegue entreter dentro de sua premissa. Porém, ainda apresenta alguns descuidos habituais do gênero.
Crítica | As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
Engenharia do Cinema Até o encerramento dessa crítica, “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” está em uma situação que provavelmente vai ser um dos poucos longas que irão se pagar, pois custou US$ 70 milhões e rendeu mundialmente US$ 153 milhões (o que possivelmente será o sinal para uma continuação ser realizada). Apesar de ter passado raspando nas bilheterias, a animação escrita por Seth Rogen, Evan Goldberg, Jeff Rowe, Dan Hernandez e Benji Samit, não conseguiu resgatar sequer o estilo original e imagem dos personagens criados por Peter Laird e Kevin Eastman, em 1983. O longa funciona como uma espécie de história de origem, mostrando como as tartarugas Donatello, Michelangelo, Leonardo e Raphael conseguiram as habilidades de ninjas (e nomes), o primeiro encontro deles com a então aspirante a jornalista April e o primeiro grande vilão que eles tiveram de enfrentar. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Mesmo se tratando de uma história de origem, fica difícil conseguir comprar essa trama que cai totalmente em contradição com as produções dos personagens (principalmente os filmes do Michael Bay, que já não eram ótimos). Não temos mais as Tartarugas inteligentes, mestres na luta, muito menos que passavam uma confiança. Agora todos eles são medrosos, infantis e sequer conseguem lutar. E o mesmo vale para a April, que agora é uma adolescente, problemática e em momento algum transparece ser um álibi para o quarteto. Em uma era onde os traços das animações computadorizadas estão cada vez mais se diferenciando e inovando (vide “Gato de Botas 2” e “Aranhaverso”), o mesmo pode ser notado aqui. Sim, embora a questão do Vale da Estranheza esteja presente por conta disso, o estilo ficou muito bem executado e este diferencial também pesou na hora das cenas de ação e clímax da animação (que estão muito bem executadas). Só que fica sendo uma pena os diretores Kyler Spears e Jeff Rowe (“A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”) não conseguirem nos entregar um resultado melhor, pois o próprio roteiro não lhes promove situações que lhes permitam fazer algo interessante. Tanto que o filme chega a ter mais discussões sobre a Cultura Geek, K-POP, ao invés apostar em cenas originais e divertidas de lutas (que era a marca das Tartarugas). “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” termina sendo mais uma produção, que acabou sendo arruinada por conta do roteiro amador, e totalmente focado em desconstruir os seus protagonistas.
Crítica | Hypnotic
Engenharia do Cinema Sendo considerado um dos projetos que o cineasta Robert Rodriguez queria realizar desde 2002, época onde o roteiro de “Hypnotic” já estava pronto. Lançado no início deste ano, e com um marketing bastante fraco, pode ser facilmente considerado um dos maiores fracassos desse ano, pois custou US$ 70 milhões e rendeu até agora US$ 9.4 milhões mundialmente. Não hesito em dizer também que embora estejamos falando de um roteiro que bebe e muito de longas como “Matrix”, “A Origem” e “Amnésia”, parecia que tudo ia dar certo, mas estamos falando de um dos piores papéis na carreira de Ben Affleck. Após o misterioso repetindo de sua filha, o agente Danny Rourke (Affleck) se vê envolvido em um cenário cada vez mais complexo, envolvendo controles da mente e segredos cada vez mais escuros. Realmente, falar muito sobre esse filme, pode estragar a experiência de qualquer um, independente de sua qualidade. Imagem: Ketchup Entertainment (Divulgação) Desde os primeiros minutos, até o seu desfecho, sentimos que Ben Affleck está totalmente desinteressado em estar neste projeto, e provavelmente aceitou por conta da amizade antiga com o próprio Rodriguez. Não existe nenhuma emoção, empolgação ou vivência em seu personagem, e a todo momento começamos a pensar que outros nomes poderiam estar em seu lugar como Nicolas Cage, Chris Evans e até mesmo Mark Walhberg. E para ficar ainda mais estranho não existe um entrosamento com Alice Braga, e a dupla não combina em absolutamente nada (tanto que em momento nenhum, eles não nos convencem), e para fechar o leque ainda temos um William Fichtner mais uma vez interpretando um vilão misterioso (que já virou clichê, na sua filmografia). Conhecido por fazer absolutamente grande parte das suas produções por completo (inclusive compor a trilha sonora, edição, mixagem de som, fotografia e até operar as câmeras), parece que Robert Rodriguez não estava em seus melhores dias, pois ele não conseguia conduzir uma simples cena de luta (tentando esconder ao máximo que os atores não haviam ensaiado nada). Isso chega a ser triste de se ver, uma vez que o orçamento foi satisfatório. E para piorar a situação, várias cenas de ação se assemelham a uma versão C de “A Origem” (devido a baixa qualidade do CGI e da dinâmica do contexto). Vindo de Rodriguez, realmente chega a ser triste. “Hypnotic” termina não apenas sendo como um dos mais fracos filmes da carreira de Robert Rodiguez, como um dos mais fracos de Ben Affleck.
Crítica | The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias
Engenharia do Cinema Depois dos sucessos de “Air” e “Tetris“, “The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias” se mostra como mais um título que mostra a trajetória de um empresário que construiu um império de sucesso. Mostrando a história de como o pacato Ty (Zach Galifianakis) resolveu executar com sua amiga próxima Robbie (Elizabeth Banks), em montar um império de ursinhos de pelúcia (em uma época onde não era tão popular este brinquedo, nos mercados). Inspirado no livro de Zac Bissonnette, a história é narrada na perspectiva de três mulheres que assumiram enorme importância dentro do cenário empresarial dos “Ursinhos Ty”. A primeira é a própria Robbie, que começou tudo do zero com o próprio Ty; A segunda é a mãe solteira Sheila (Sarah Snook), que posteriormente virou a esposa daquele; A terceira é a estudante administrativa Maya (Geraldine Viswanathan), que passou de secretária para uma das principais assistentes e desenvolvedoras de ações do selo. Imagem: Apple TV+ (Divulgação) Em mérito do roteiro de Kristin Gore (que também assina a direção com Damian Kulash), ele procura não explorar um arco clichê desse tipo de filme, mas sim mostrar o quão Ty se sentia cada vez mais influenciado por essas três mulheres, em suas decisões empresariais. Sim, é estranho ver Galifianakis sem barba, e isso só mostra que o próprio está em seu papel mais sério e dramático na carreira (mostrando que ele pode ser muito melhor que apenas o Alan de “Se Beber, Não Case!“). Por mais que pareça ser uma comédia pastelão (por conta do visual no material de marketing), estamos falando de um drama. Como exemplo, temos nomes ótimos que fazem bons contrapontos com o ator citado, como Sarah Snook e Elizabeth Banks (que já provaram ter uma ótima carga dramática, para esse tipo de produção). O mesmo não se pode dizer de Geraldine Viswanathan, que acabou sendo prejudicada pelo roteiro (que repentinamente para de explorar ela, da metade para o final, deixando muitas coisas vagarosas). Embora tenhamos três posicionamentos da mesma história, é nítido que houve um cuidado por parte da dupla de diretores, para não ficar exaustivo e repetitivo em algumas situações (embora há o famoso arco “mais tarde, vamos te explicar”). Por mais que pareça uma história desinteressante, isso também fortalece a produção para chegarmos em seu desfecho. “The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias” consegue se consagrar como mais uma interessante produção que mostra a criação de outro produto bastante popular, ao redor do mundo.
Crítica | Ursinho Pooh: Sangue e Mel
Engenharia do Cinema Existe uma lei nos EUA, pela qual quando um personagem completa 95 anos de sua criação, automaticamente entra em domínio público. “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” mostra que quando a lei é executada por lá, qualquer coisa pode ser feita, inclusive um filme de terror slasher C. Escrito e dirigido por Rhys Frake-Waterfield, a única premissa desse longa é mostrar o quão maluca pode ser a mente de um cineasta, para conduzir uma narrativa dessas. Após ficar um longo período sem voltar ao Bosque dos Cem-Acres, Christopher Robin (Nikolai Leon) retorna ao local e descobre que Pooh (Craig David Dowsett) e seus amigos se tornaram assassinos psicopatas. Logo, eles saem torturando e matando todos que cruzam seus caminhos. Imagem: Califórnia Filmes (Divulgação) Filmado em apenas oito dias, e com um orçamento de US$ 100 mil dólares (até o presente momento já rendeu US$ 4.9 milhões, mundialmente), temos em pauta um projeto totalmente independente, porém diferente de Damien Leone (criador e diretor por trás de “Terrifier“, que também custou o mesmo, praticamente), Waterfield não é um bom diretor. Gastando a maior parte dos orçamentos com o aluguel da casa de veraneio onde se passa o filme, e com o figurino dos personagens, nada aqui soa como convincente, nem para ser filme trash. Com enquadramentos fora de sincronia, diálogos que foram alterados na pós-produção (é perceptível por conta do movimento dos lábios dos atores), personagens que não se dão o trabalho de fugir dos assassinos e a sensação de vergonha alheia, fica nítido que o único intuito do diretor era “vamos fazer qualquer coisa, pois os fãs do gênero vão amar e vai render” (e não é que o próprio estava certo). Mesmo se tratando de um filme de terror, nos dias atuais, baixo orçamento não é sinônimo para um projeto ser totalmente mal executado em aspectos técnicos (uma vez que para posicionar uma câmera em um plano, conduzir atores e escrever um roteiro mais pé no chão, não aumentam um custo grandiosamente). “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” é um trash tão vergonhoso, que consegue ser tão ruim e mal executado, que não presta nem para ser uma produção do estilo citado.
Crítica | Fale Comigo
Engenharia do Cinema Sendo o primeiro longa metragem dos Youtubers Danny Philippou e Michael Philippou, que são proprietários do canal “RackaRacka” (cujo intuito é realizar vários curtas metragens de ação, horror e comédia), “Fale Comigo” fez muito sucesso em vários festivais de cinema por onde passou pelo mundo. Com uma premissa diferente, o longa custou para A24 apenas US$ 4 milhões e até agora já rendeu cerca de US$ 44 milhões (inclusive, uma franquia do longa, já foi confirmada), em menos de um mês em cartaz nos cinemas mundiais. A história tem início com um grupo de adolescentes que são vidrados em uma brincadeira que tem como foco apertar a mão de um manequim, e deixar ser brevemente ser possuído por alguma entidade desconhecida. Só que as coisas começam a ficar mais complexas quando Mia (Sophie Wilde), se deixa levar pelas consequências dessa. Imagem: Diamond Films (Divulgação) Apesar do conceito soar bastante original, e interessante, o roteiro de Danny Philippou e Bill Hinzman não consegue mostrar o mesmo ao dosar a personalidade de seus personagens. Em momento algum você não se importa com os mesmos, e até se pega sentindo raiva com tamanhas decisões esdrúxulas que os próprios cometem (como o fato deles estarem sentirem que nada daquilo iria dar certo, mas insistem em continuar). Embora esse quesito seja um problema recorrente na maioria dos filmes de terror, a direção realmente se torna um fator de peso no resultado final. Os irmãos Philippou realmente sabem como conduzir uma cena de suspense, e em momento algum deixam se levar pela galhofa ou estratégias que escondam o baixo orçamento. Sem hesitar o uso de muito gore e impacto em algumas cenas (em especial uma que causa enorme aflição), a sensação que temos é de que o longa cumpriu o que prometia. O mérito também vai para a atriz Sophie Wilde, pela qual a todo momento consegue transparecer suas dúvidas, medos e se realmente ela está ou não sob a posse de alguma entidade (inclusive, sua primeira cena no jogo, é uma das melhores cenas do longa). “Fale Comigo” é mais um exemplo de que o cinema de horror ainda pode ser inovado, e independente do orçamento, continuam tendo qualidade.