“Um álbum que celebra a música brasileira de todos os tempos”. É assim que o cantor e compositor mineiro Nobat descreve seu quarto disco solo, Mestiço, que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira (21).
A obra potencializa o sincretismo musical do artista mesclando um registro inédito na voz de Elza Soares com samples e citações a mestres da música brasileira, como Cartola, Clara Nunes e Tom Jobim.
“É resultado de uma pesquisa profunda sobre a cultura do Brasil, a qual acendeu um lugar que sempre pareceu ser meu, porém nunca tinha ganhado sua devida importância na minha discografia. A música brasileira, meu maior campo de referências desde a infância, sempre esteve no meu trabalho, mas aqui ocupa um lugar de centralidade inédito”, conta Nobat.
Concebido entre março de 2020 e maio de 2022, Mestiço é um álbum de encontros, criado por muitas mãos e mentes em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
“Cada faixa tem praticamente uma banda diferente. Foram mais de 20 músicos e musicistas participando do processo, sem contar os técnicos, produtores de mixagem e a galera do selo”, afirma Nobat.
Menina Erê e Jovem exemplificam o caráter colaborativo do disco, pois os músicos foram um por vez ao estúdio para respeitar o então isolamento social em vigor. O repertório segue com Me Deixa Sambar, que conta com as vozes de Elza Soares e BNegão; Aqueles Homens, parceria com Mariana Cavanellas; Fortaleza, feita com o bloco carnavalesco Então, Brilha!; e Beira do Mar, feat de Nobat com a esposa, Lulis.
Esta última canção ainda conta com uma citação à Água de Beber, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A faixa-título, por sua vez, faz referência à Canto das Três Raças, de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, eternizada nas vozes de Clara Nunes e Elza Soares. Já no fim da tracklist, entre Quarta-feira de Cinzas e Montanha Russa, Cadência das Horas traz um sample de Preciso me encontrar, de Cartola.
Antes de apresentar Mestiço na íntegra, Nobat ilustrou o álbum com uma trilogia de clipes: Menina Erê e Me Deixa Sambar, ambos dirigidos por Natacha Vassou e Lucas Espeto, e Aqueles Homens, assinado por Tiago Tereza.
“Foi a forma que encontrei de salvar o Brasil que amo e que está sob o ataque total de uma ala conservadora e intolerante no país. Um Brasil que reconhece na sua ancestralidade a chave para seu futuro e que celebra sua principal vocação: a diversidade”, explica Nobat.
“É um projeto que fala da mistura e das conexões. Estamos todos conectados, mas vemos e vivemos o mundo por abas distintas e foi justamente isso que eu quis levar para o estúdio”.