Depois de lançar mais um álbum elogiado, Será Só Aos Ares, a banda Mulamba tornou suas canções ainda mais impactantes com maior acessibilidade às suas narrativas. No Setembro Azul, mês da conscientização sobre a visibilidade da comunidade surda, as artistas revelaram nove visualizers com tradução em libras, já disponíveis no canal de YouTube do grupo.
Os novos vídeos se unem a Bença, que já havia ganhado um visualizer com tradução acessível em abril, quando o single – um feat com Luedji Luna – foi lançado. Agora, Mulamba reafirma seu compromisso com uma música diversa e inclusiva. Todo o conteúdo foi traduzido e coordenado por Jonatas Rodrigues Medeiros, da Fluindo Libras, uma produtora cultural bilíngue de arte surda e estúdio de tradução audiovisual. Cerca de metade dos intérpretes que aparecem nos visualizers são surdos.
“A importância é a de juntar o máximo possível de almas numa mesma intenção, a intenção de comunicar. A importância de agregar a diversidade é urgente e necessária para que a sociedade ‘normativa’ entenda que no mais somos todes diferentes”, explica Cacau de Sá. Além dela, a banda é formada por Amanda Pacífico, Érica Silva, Caro Pisco, Fer Koppe e Naíra Debértolis.
O lançamento dos vídeos amplia o impacto de Será Só Aos Ares, segundo disco da Mulamba. Desde sempre cantando as complexidades e lutas do cotidiano, a banda mostra um outro lado da sua sonoridade, incorporando elementos da música brasileira à potência do rock que guiou seu primeiro e aclamado álbum homônimo. Agora, as novas canções amadurecem estética e sonoramente a atuação de artistas que têm muito a dizer e fazem da sua arte uma oportunidade de provocar e resistir.
Exemplo disso é a iniciativa de transformar quase todas as canções do novo disco em narrativas acessíveis. O lançamento dos visualizers em setembro mostra a importância de uma sociedade mais inclusiva, somando à pauta do mês que inclui o Dia Mundial da Língua de Sinais (10/09), o Dia Internacional da Língua de Sinais (23/09), o Dia Nacional dos Surdos (26/09) e o Dia Internacional do Surdo e Dia Internacional da Tradução e do Tradutor/Intérprete (30/09).
“Na língua de sinais, o álbum Será Só Aos Ares recebe corpo, imagens e desenhos performáticos. A Libras é uma língua que explicita o que quer mostrar. As performances surdas que co-traduzem as faixas não são a tradução da letra, mas sim a tradução do corpo, sentimento, ritmo e ação do que cada palavra cantada evoca. Na língua de sinais, corpo é texto, imagem, performance, ritmo e melodia. É suavidade e fúria. A música sinalizada é expressão facial, expressão corporal, ritmo da pulsão dos sinais, explosão de dedos, encontro de braços, olhares rápidos, expressões ágeis, marcantes, mãos e seguras da imagem que se sustenta no corpo”, resume o coordenador do projeto, Jonatas Rodrigues Medeiros.
Os vídeos estão disponíveis no canal de YouTube da banda, e o álbum, nas principais plataformas, através do selo PWR Records.
Representatividade importa
Fluindo Libras é uma produtora cultural bilíngue de arte surda e estúdio de tradução audiovisual em Libras. A equipe de intérpretes, tradutores, artistas e produtores ouvintes e surdos atuam no cenário teatral, audiovisual e literário, traduzindo e produzindo conteúdo artístico em Libras.
A produtora circula em diversas estéticas surdas, bilíngue e bicultural, propondo uma olhar atravessado pelos saberes surdos e o traduzir como espaço de transformação.