Realmente parece que a Netflix finalmente conseguiu fazer um dos melhores filmes de guerra dos últimos anos. Com base na obra literária escrita por Erich Maria Remarque e no clássico de 1930, “Sem Novidade no Front” (que venceu o Oscar de Filme e direção, inclusive), não temos apenas um longa sobre a Primeira Guerra Mundial, e sim um retrato de o quão as autoridades enxergam os soldados como números e não como vidas e seres humanos.
A história tem como protagonista o alemão Paul Bäumer (Felix Kammerer), que junto aos seus amigos se alista no exército para lutar no Front de Batalha, durante a Primeira Guerra Mundial. Só que depois de chegarem ao local, começam a reparar que nada é como eles imaginavam.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Logo nos primeiros cinco minutos de filme, temos um claro exemplo de como serão os próximos 140 minutos de projeção. Neste tempo citado, acompanhamos o avanço fadado ao fracasso de um soldado no front de batalha, e posteriormente sua farda sendo removida e enviada para outro soldado utiliza-lá (sendo apenas seu nome removido do mesmo, posteriormente). Isso representa o nível de frieza que o longa de Edward Berger, irá explorar.
A começar que muitas cenas mostram a violência de forma nua e crua (algumas são repletas de sangue, e podem incomodar os espectadores mais sensíveis), com propósito de transpor o incômodo de que os protagonistas estão vivenciando naquele cenário caótico. E quando as cenas são intercaladas com as negociações entre os franceses e alemães para cessar a guerra, sempre são colocadas posteriormente a momentos de tensão absurdas. Tanto que por conta destes tópicos, não hesito em dizer que Edward Berger será indicado ao Oscar como melhor diretor.
Sim, também vale ressaltar que não é um filme de atuações e fica complicado falar que houve algum destaque além de Kammerer. Uma vez que o protagonista é o próprio Front e o coadjuvante é o cenário político apresentado. E conforme citado no paragrafo anterior, isso funciona porque conseguimos adentrar na pele dos soldados, consequentemente compramos a mensagem de injustiça exercida pelo roteiro (que foi escrito pelo próprio Berger com Lesley Paterson e Ian Stokell).
“Nada de Novo no Front” termina como uma das grandes surpresas do cinema alemão deste ano, pelo qual poderá dar o Oscar de filme estranheiro para o país.