Uma viagem sobrenatural sobre o luto e os encantamentos presentes no imaginário popular surgem em Tudo que as Vozes Contaram, álbum que une o escritor e compositor Daniel Pandeló Corrêa e a cantautora e produtora musical Sarah Abdala.
O projeto é uma imersão em spoken word, com tons de atuação e trilha sonora cinematográfica para mergulhar o ouvinte em um universo particular por alguns minutos.
O projeto se junta aos EPs Invocações (2020) e Em Glória ou em Ruína (2022) e ao disco Voando Reto num Muro de Tijolos (2020), também produzido por Abdala, como amostras de um novo direcionamento na carreira de Daniel, que vem sendo construída desde 2006, quando lançou seu primeiro livro.
De lá para cá, Daniel Pandeló Corrêa vem transitando entre a poesia, a composição musical, o conto e a novela. Em Bucolidade Urbana (2006), ele reuniu contos e poemas publicados em seu blog entre 2003 e 2006. São pequenas tragédias urbanas, de encontros e desencontros, alegrias e tristezas, com as nuances do olhar adolescente sobre uma realidade desigual.
Já em Nadastar (2007), cria um nordeste mítico em um interior qualquer para contar a história de amor entre uma mulher e uma televisão.
Por fim, Tristes camelos (2009) é uma novela sobre obsessões sob o ponto de vista de um homem que não consegue lidar com um amor fracassado. Tudo que as Vozes Contaram é uma ponte entre os trabalhos em áudio com futuros projetos literários.
“Esse é um projeto que tenho muito carinho e, pra mim, é como uma obra em progresso. Estou há alguns anos trabalhando em um romance que conta com uma série de arcos independentes e que convergem em um final conjunto para dialogar com a história do bairro onde cresci, na Zona Oeste do Rio. Tudo que as vozes contaram é a primeira parte do livro. Quero usar alguns métodos fora da literatura para testar a trama”, conta Daniel, que é carioca mas está radicado em Petrópolis.
“Um dia, eu estava almoçando com a Sarah e contei a história inteira pra ela. Ao ver a empolgação dela, sabia que era a pessoa perfeita para fazer esse projeto ganhar vida”.
A cantora e compositora goiana Sarah Abdala se especializou em criar camadas sonoras climáticas em seu trabalho. Após surgir existencialista em seu debut Futuro Imaginário (2014), ressignificar suas raízes goianas em Oeste (2017) e buscar conexões latinas em Pueblo (2020), ela continua a procura por novos caminhos em seu quarto álbum solo previsto ainda para este ano.
A produção será assinada pela guitarrista, arranjadora e compositora mexicana Marian Ruzzi, que transita com desenvoltura por toda a cena musical latinoamericana.
“Nos meus projetos acabo fazendo tudo de uma vez. Letra, música, estrutura musical convencional. E neste projeto com o Dani a primeira coisa que eu pensei foi compor e imaginar a história que ele tá contando, escutar, escutar, e escutar… Reparar nas respirações, na intenção daquela frase, daquela história, e a partir disso começo a criar de uma maneira bem fluida, sem amarras de estrutura de canção, por exemplo, me guiando pelo texto e pelas sensações. Pensei muito como se fosse uma cena para criar a trilha sonora do que eu via e ouvia na minha cabeça”, conta a artista.
A mixagem foi realizada por Rogério Sobreira e Sarah Abdala, que também assina a masterização. A arte é de Tai Fonseca sobre um desenho de Flora Pandeló Corrêa, filha de Daniel. O lançamento está disponível em todas as plataformas de música via Pomar.