Entrevista | Sleaford Mods – “A Inglaterra está quebrada, eu queria desabafar isso”

Entrevista | Sleaford Mods – “A Inglaterra está quebrada, eu queria desabafar isso”

Lançando seu décimo segundo disco em 16 anos, o duo eletro punk britânico Sleaford Mods vive um momento muito especial. Os últimos três álbuns ficaram entre os dez primeiros nas paradas do Reino Unido, com seu último álbum (Spare Ribs) entre os cinco primeiros. UK GRIM é um novo capítulo nessa trajetória vitoriosa.

Formada por Jason Williamson e Andrew Fearn, a dupla de Birmingham é conhecida pela acidez nas letras. Em resumo, as músicas com temáticas sócio-política são repletas de críticas e acompanhadas de um vocal feroz.

Em UK GRIM, eles contam com as participações de Florence Shaw, Perry Farrell e Dave Navarro, o que dá ainda mais peso para o trabalho.

Recentemente, Jason Williamson conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo álbum. Confira abaixo.

Teve alguma diferença na produção desse álbum na comparação com os outros?

Acho que o mundo se abriu um pouco mais, saímos de um lockdown. Tirando isso, não foi muito diferente. Tivemos algumas colaborações, mas foi basicamente o mesmo processo que o último álbum.

E o que pesou na inspiração na hora de compor?

O estado do país, como me senti, muito revoltado, frustrado e desconectado. Tentei tirar um retrato do que a Inglaterra é no pós covid.

Piorou muito a situação na Inglaterra?

É importante discutir como nos sentimos também, discutir a verdade, e a verdade é que este país está quebrado, e eu queria desabafar isso.

So Trendy tem a participação de Perry Farrell. Vocês já se conheciam? Como foi gravar com ele?

Excelente, nós já tínhamos escrito So Trendy e nós imaginamos que ele soaria bem nessa música. Nós conversamos por uma chamada no Zoom e o resto é história, mandamos a música para ele, demorou alguns meses para finalizar, e é isso.

https://www.youtube.com/watch?v=9KEDEUdrMpM

A faixa, aliás, faz uma sátira aos hábitos das pessoas com dispositivos smart. Isso é algo que incomoda muito vocês?

Não sei, é difícil dizer. Mas com a tecnologia estamos ficando muito dependentes de máquinas para nos comunicarmos uns com os outros. Acho que vai continuar assim.

A trajetória do Sleaford Mods teve início contigo e o seu amigo Simon Parfrement. Qual foi o ponto de virada para a proposta de som?

Simon trabalhou comigo de 2007 até 2010, ele fazia a engenharia de som. Fiz quatro álbuns sozinho que usavam loops e samples e Simon fez a engenharia. Isto mudou quando conheci Andrew (Fearn), queria música mais orgânica, pois percebi que usar samples não me levaria a lugar nenhum, com direitos autorais e tal. Foi aí que a banda iniciou.

E você consegue notar essa mudança?

A banda mudou muito, é algo completamente diferente, mesmo do modo como soa, meu jeito de cantar era muito diferente.

UK GRIM tem rendido um bom feedback do público para vocês?

Bem, muito bem, é o nosso álbum de maior sucesso até agora, vendemos umas 10 mil cópias na primeira semana, o que é muito para nós. Estamos muito felizes, tem sido até inesperado, na verdade.

Como estão os planos de divulgação do álbum pelo mundo?

Fizemos alguns shows promocionais recentemente e uma turnê nos EUA. Além da turnê europeia no final do ano, vamos para a Nova Zelândia e Austrália. Aliás, estamos discutindo com nosso agente sobre ir para o Brasil. É um sonho que se torna realidade.

Paralelamente ao Sleaford Mods, você também atuou na série Peaky Blinders, que se passa na região de Nottingham. Como foi essa experiência?

Foi excelente, durante uns cinco dias demos boas risadas. Não tinha muita experiência com atuação, fiz um pouco na faculdade, e tentei entrar em algumas escola de atuação, mas não tinha uma experiência significativa.

Você consegue listar três álbuns fundamentais para a sua formação como músico?

Never Mind the Bollocks, do Sex Pistols, Enter the Wu-Tang (36 Chambers), do Wu Tang Clan, alé do From the Double Gone Chapel, do Two Lone Swordsmen.