Quando estourou no início dos anos 1990, o Extreme virou uma febre mundial. Não foi diferente no Brasil. Foram escalados no Hollywood Rock 1992 e ainda emplacaram o hit More Than Words em novelas e no topo das paradas das rádios e MTV.
Posteriormente, no entanto, a relação da banda de Gary Cherone e Nuno Bettencourt com o Brasil deu uma esfriada. Fosse pela falta de novos hits, o longo hiato ou a ausência de turnês pelo país.
Na última sexta-feira (2), no Best of Blues and Rock, no Ibirapuera, em São Paulo, a banda de Boston realizou o segundo show no Brasil desde o longínquo Hollywood Rock 1992. A última antes da mais recente foi em 2015. E a sintonia com o público permaneceu intacta, como se estivéssemos em 1992.
A abertura com Decadence Dance, faixa de abertura do maior sucesso comercial da banda, o álbum Pornograffitti (1990), bastou para aquecer os fãs que já enfrentavam um vento gelado no local. Não só a canção, mas o palco temático com a capa do disco também trouxe uma dose extra de emoção.
Mas muito além do vocal potente de Cherone e a técnica e rapidez absurda de Nuno, o Extreme também queria mostrar sua renovação com os singles do novo álbum, Six, que será lançado ainda em junho. Rise foi a primeira, veio logo depois de Decadence Dance.
Nuno, que reclamou de dores no joelho, se sentou em alguns momentos e se comunicou em português com o público. Para quem não sabe, o músico nasceu em Portugal.
It (‘s a Monster), outra pérola resgatada de Pornograffitti, trouxe a nostalgia de volta ao palco. Foi o retorno para a linha cronológica do show, que foi sucedida por duas canções de III Sides to Every Story (1992): Rest in Peace e Am I Ever Gonna Change.
Banshee, mais um single de Six, apareceu mais uma vez entre os clássicos para mostrar que apesar da renovação, a proposta musical do Extreme permanece inalterada.
Na sequência, Cherone puxou um trecho de We Will Rock You, do Queen, para introduzir a reaquecida Play With Me, do primeiro álbum da banda, que conquistou um público novo quando entrou na trilha sonora da quarta temporada de Stranger Things. A empolgação dos mais novos era nítida.
A linha do tempo do Extreme também trouxe Midnight Express, do quarto álbum de estúdio, Waiting for the Punchline. Aqui, Nuno assumiu o protagonismo de vez. Sentou no banquinho e mostrou porque já desbancou nomes como Eddie Van Halen, Slash e Eric Clapton em uma eleição de leitores da Guitar World, nos anos 1990.
Com Cherone de volta ao palco, chegou a vez do maior sing along do festival: More Than Words. E foi exatamente como o vocalista descreveu em entrevista ao Blog n’ Roll: “A plateia toma conta e canta. Eu e Nuno apenas sorrimos, deixamos o microfone apontado para eles, pois eles tomam conta do momento, vira um dueto entre eu, Nuno e a plateia”.
A reta final do show do Extreme ainda trouxe #Rebel, mais um single de Six, além dois clássicos de Pornograffitti: Hole Hearted e Get the Funk Out, que contou com a participação do guitarrista brasileiro Mateus Asato.
Ninguém duvida que o Extreme ainda tem muita lenha para queimar. A parceria de Nuno e Cherone funciona demais e segue revigorada com os novos singles.