Após chegar ao top 10 das paradas de rock americanas com o sucesso Might Love Myself, a banda americana Beartooth elevou o rock pesado a um novo patamar com o lançamento de The Surface, quinto álbum de estúdio do grupo.
Para se ter uma noção do tamanho do engajamento dos fãs, os singles Riptide, Sunshine!, Doubt Me e The Better Me (com participação do cantor country Hardy), já alcançaram 65 milhões de streams nas plataformas digitais.
A banda formada por Caleb Shomo (vocal), Zach Huston (guitarra), Will Deely (guitarra), Oshie Bichar (baixo) e Connor Denis (bateria) curte o bom momento e negocia a possibilidade de vir ao Brasil em breve.
Em entrevista ao Blog n’ Roll, via Zoom, Caleb Shomo falou sobre a identificação dos fãs com as letras, processo de produção do novo álbum, além de influências na carreira.
“A discografia do Beartooth sempre foi composta por retratos do meu estado mental durante os anos, com o tema decorrente da depressão. Foi difícil entender por que me sentia desse jeito por tanto tempo. (….) Às vezes, tudo o que você precisa é de muito trabalho para mostrar o que você precisa fazer para ser feliz. Esperançosamente, este álbum pode inspirar as pessoas a tomar o controle de suas próprias vidas da maneira que desejarem”, declara Caleb.
The Surface está próximo do lançamento. Como está a expectativa?
Estou morrendo de medo no momento, essa é a fase que assusta geralmente, quando as pessoas já ouviram, mas ainda não foi lançado completamente. Honestamente, soltamos muitas músicas até agora, e as respostas das pessoas estão boas, então não estou super nervoso, mas mesmo assim, estou cruzando os dedos para que as pessoas curtam esse disco tanto quanto eu curti.
Queria que você falasse um pouco sobre o processo de produção. Como foi? O que trouxe de novo na preparação dele?
O jeito que desenvolvemos esse disco, o lançamento, foi diferente. Começamos há um ano, com Riptide sendo um single. Isso foi novo, fazer uma longa campanha de um single sozinho. E soltando singles de tempo em tempo, lentamente, para que tenham seu próprio momento, foi assim Sunshine, Better Me e Doubt Me.
Geralmente soltamos uma ou duas músicas, depois o disco, mas sentimos que esse disco tem tantas músicas especiais. Com o jeito que o mundo funciona atualmente, com streaming e tal, tem sido muito diferente, mas muito prazeroso.
Como você define The Surface na discografia do Beartooth?
Com certeza é diferente para nós, estou feliz que é o fim de uma boa história. Para mim encerra os meus 20 e poucos anos, todos esses discos foram escritos durante esse período. E encerrar de forma positiva me faz feliz, e espero que faça os outros também. Estou animado com isso, e me faz sentir mais otimista com o futuro da Beartooth.
Fazer esse disco foi bem triste, e não sei como seria continuar desta forma, mas agora há um novo sabor, estou muito animado para tocar essas novas músicas e ver o que acontece.
Como foi a ideia de chamar o Hardy para participar de The Better Me? Já haviam trabalhado juntos?
Foi ótimo, fiz essa música bem antes dele participar. Quando escrevi a música pensei que seria interessante ter a voz de outra pessoa além de mim, nunca tinha feito uma música com participação antes, então queria que fosse algo muito especial.
E também que apenas uma participação de rock, ou metal, faria tanto sentido, ou teria tanto impacto, então pensei por um tempo, e algumas coisas se alinharam, conheci Hardy, e ele topou fazer a música.
Enviei para ele e uns dias depois ele mandou a gravação, foi muito especial, acho que ele fez a música ser bem melhor do que seria sem ele. Estou mais do que honrado de ter ele envolvido.
Vocês se encontraram pessoalmente já?
Sim, nos conhecemos há um tempo, em Londres, onde lançou o disco dele. Uns dias depois liguei pra ele e fiz o convite, ele topou, e assim aconteceu.
O metalcore sempre foi muito associado ao Beartooth. E hoje o metalcore cresceu muito mundialmente. Vocês sentem isso? Sentem que está tendo mais espaço para bandas alternativas?
Concordo plenamente. Acho que no metalcore especificamente, acredito que as pessoas não têm noção do quanto é ouvido. Acho que nos últimos 15 anos cresceu muito, mas especificamente nos últimos seis ou sete anos está realmente fazendo movimentos, vemos bandas fazendo sucesso.
O Bring Me The Horizon começou como uma banda de metalcore, ainda tem muita influência de metal, e eles estão fazendo coisas com os maiores artistas do mundo.
O I Prevail é referência na cena metal. O Bad Omens está caminhando para um gênero alternativo. É incrível ver como o metalcore está ficando grande. Acho que no geral o metal está tendo um bom momento no mainstream, é muito legal, muito saudável, estou animado por isso.
O que foi determinante para o metalcore, hardcore, emo e pop punk voltarem a ter uma conexão mais forte com o público jovem?
Acho que é algo muito belo. Sinto que a música vem em ondas, a cada 15 ou 20 anos surge um novo movimento. Ver o rock, o metal, o pop punk, acho que as pessoas pedem por honestidade e transparência, e com a música emo, pop punk e tal, é assim.
Muitas músicas do mainstream falam sobre tudo ser perfeito o tempo todo, acho que isso é importante e necessário no mundo, mas na maioria das vezes as pessoas não se sentem assim, ou pelo menos é mais complicado do que isso.
Acho que é algo que os gêneros cobrem, a profundidade das emoções durante a vida, altos e baixos, a busca pela felicidade.
E viemos de uma pandemia, né?
Sim, as pessoas estavam bem tristes durante esses anos, há muito do que se falar, é legal ver mais desses artistas contando suas histórias, seu lado disso tudo.
Existe uma expectativa do Beartooth ao Brasil para divulgar o novo álbum? O que o público pode esperar?
Estamos trabalhando nisso, é o que posso dizer. Sei que as pessoas vêm pedindo por isso faz um tempo, e para ser honesto, para nós, queremos ter certeza de que faremos certo, algo parecido com a participação no disco.
Então, seja quando fizermos, queremos fazer de forma especial, e é isso que estamos esperando. Mas estamos absolutamente buscando tocar aí em algum momento, está no nosso radar.
Você consegue listar quais os três álbuns mais marcantes na tua formação como músico?
Back in Black, do AC/DC, Plagues, do Devil Wears Prada, além do No Strings Attached, do ‘N Sync.