A Fresno lançou a primeira parte do novo álbum, Eu Nunca Fui Embora. Ao longo de sete faixas, o décimo trabalho de estúdio aborda as diferentes facetas de relacionamentos e recebe Pabllo Vittar como participação especial em Eu Te Amo / Eu Te Odeio (Iô-Iô).
“Não tenho dúvida de que este é o disco da nossa carreira”, sentencia Lucas. Pode até parecer exagerada, mas esta afirmação chega em um dos melhores momentos da história da banda. A maturidade deles também se reflete em como trabalham cada disco: Lucas, Vavo e Guerra criam os próprios padrões dentro da indústria musical.
Assim como fizeram com o projeto INVentário (2021) — lançamento de uma série de singles que aqueceram os fãs para a chegada do disco Vou Ter Que Me Virar (2021) —, eles optaram por dividir o novo álbum em duas partes.
“Foram muitas horas preparando um negócio que queremos que seja tão marcante quanto inspirador, e, se a gente soltasse tudo de uma única vez, ninguém ia ter ‘memória RAM’ pra processar tudo. Nem a gente”, comenta Lucas. A segunda parte está prevista para o meio deste ano, junto ao início da nova turnê.
A Fresno mescla o factual com o imaginário em Quando o Pesadelo Acabar, que conta com uma crítica aos resquícios do último governo e acordes pesados.
“É uma reflexão sobre a época do governo anterior, mas acho que é bem atemporal no sentido de que, às vezes, sem perceber, mostramos para o mundo só o pior de nós”, sintetiza Lucas.
Me and You (Foda Eu e Vc), por sua vez, parte de um simples questionamento: ‘por que não escrever sobre relacionamentos que deram certo?’. O resultado é uma canção dançante que não dá espaço para tristeza.
Na sequência vem Eu Te Amo / Eu Te Odeio (Iô-Iô), composição baseada no single Io-Io, do Trem da Alegria com a Xuxa, de 1988. Ela traz a participação de Pabllo Vittar e foi criada depois de um sonho do vocalista.
“Estava na hora de termos uma parceria com a Pabllo e assim que comecei produzir esse som, entendi que seria perfeito para ela”, explica Lucas, que completa: “é uma música um pouco mais bem-humorada do que o normal da Fresno, mas ao mesmo tempo pesada e sensual”.
Já Camadas e Pra Sempre abordam questões da vida adulta e de um relacionamento amoroso com maturidade.
“Elas têm o drama, a beleza, a coisa suave e as contemplações”, conta Lucas. O encerramento da primeira parte de Eu Nunca Fui Embora fica a cargo de Interlude, um poema musicado com samples de todas as canções do álbum.
“Conta um pouco sobre o que é nunca ir embora e tem participação de nós três nos vocais. É um poema relacionado com a história da Fresno e como a gente se enxerga como pessoas”, finaliza Lucas. Anteriormente, o grupo já tinha apresentado a faixa-título, Eu Nunca Fui Embora.
Os lançamentos da Fresno se desdobram para além da música: o novo momento do trio apresenta uma identidade visual renovada, inspirada no final da década de 1970. O processo de impressão adotado para os materiais de Eu Nunca Fui Embora é a risografia — algo equivalente a uma xerox colorida com quatro cores que dá um aspecto de bolinhas e tem cores vibrantes, semelhante a uma foto de revista.
“Sempre buscamos essa estética manual, não é apenas um filtro de Photoshop”, afirma Lucas.
Sucessor de sua alegria foi cancelada (2019) e Vou Ter Que Me Virar (2021), responsáveis por ressignificar a Fresno e sua trajetória, Eu Nunca Fui Embora mostra como Lucas, Vavo e Guerra conseguem se reinventar e entregar composições atuais mesmo com o passar dos anos. “São as melhores canções de toda a nossa carreira”, conclui o vocalista.