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Rashid registra ciclos de ensinamentos com novas sonoridades em Portal

Entre o sentido literal e figurado da palavra, Rashid nomeia seu quinto álbum de estúdio: Portal, que registra todos os pilares que o figuram como uma das vozes centrais do rap nacional.

O novo projeto do rapper, letrista, pensador e multiartista paulistano marca vários dos portais que o atravessaram ao longo dos últimos anos, seja com a paternidade ou pelos relacionamentos consigo mesmo ou com o outro, por exemplo.

Ao longo de nove faixas, com participações de Lenine, Péricles, Melly e Lagum, o disco inaugura um novo olhar de Rashid direcionado a si mesmo, enquanto indivíduo despido de qualquer amarra. Portal sucede o lançamento do single Cairo e chega às plataformas de streaming acompanhado de visualizers em seu canal do YouTube.

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Em contraponto ao reverenciado álbum-áudio-filme Movimento Rápido dos Olhos (2022), que narra uma cruzada épica em busca da transformação coletiva, o novo ângulo artístico conceituado por Rashid dá enfoque ao indivíduo.

“Um portal é atravessado toda vez que vivenciamos uma situação limite, seja este um grande amor, uma grande decepção, uma conquista, uma derrota, o luto ou uma epifania. A vida está cheia de portais pelos quais teremos de cruzar sozinhos, já que a grande jornada da existência é, acima de tudo, individual”, explica o cantor.

O primeiro contorno do disco foi apresentado em julho com o lançamento de Cairo, canção que celebra o maior e mais importante Portal atravessado por Rashid, a paternidade. A faixa é nomeada a partir do primeiro filho do artista, que ainda marca presença ao longo do projeto em curtas pílulas de afeto que transacionam as canções, ao mesmo tempo que dão um respiro para as temáticas densas que o disco discute.

O lançamento leva o artista e seu rap para novas sonoridades, enquanto reúne participações que exemplificam a pluralidade do disco. Portal faz ode à música brasileira e alinha Rashid em sua busca por um rap que soe como um som genuinamente feito no Brasil, não de forma mimética mas como fruto de novos estudos, referências, texturas de som e experimentos.

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Logo na terceira faixa da tracklist, o primeiro feat é apresentado em Levante, uma canção sobre o encontro com a espiritualidade criada ao lado da cantora baiana Melly – aposta da nova geração do R&B brasileiro.

A voz marcante e atemporal do pernambucano Lenine intercala as rimas afiadas de Rashid em Depois do Depois, a sexta canção, que aborda a dor do afastamento entre grandes amigos.

Na sequência, vem a parceria com os mineiros da banda Lagum na lovesong Sem Norte, que trata das mudanças vivenciadas com a descoberta de um grande amor.

A letra dá spoiler da última participação do disco, o ‘Rei da voz do Brasil’ e um dos principais nomes do pagode, Péricles, que marca presença na oitava música, Um Tom de Azul – um blues/soul abrasileirado cujo título faz referência direta ao álbum Kind of Blue (1959), do ícone do jazz Miles Davis, versando sobre a dualidade da relação com o dinheiro em meio a ascensão social.

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A faixa-título que abre o álbum, Portal, batiza todo o projeto ao sintetizar o seu conceito macro.

“Logo nas primeiras linhas da canção, a gente já se depara com a intensidade e profundidade das emoções que convido o público a visitar”, conta Rashid.

Com forte referência a Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento, a canção reafirma a principal reflexão do disco, de que “a maioria das portas que a vida abre a gente precisa atravessar sozinho”.

O mergulho nas camadas dessa discussão é registrado também em Castelos de Papel, quarta canção do álbum, que dá indícios sobre a temática de relacionamentos quando, na verdade, é direcionada à indústria musical.

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Guiando a segunda metade do álbum, Frustração é a composição mais antiga, criada em 2018 inicialmente como um trap, mas que aqui ganha uma nova roupagem, em que a letra passa a ser acompanhada por um arranjo de piano e um quarteto de cordas.

“Acredito que esta música tenha um cunho terapêutico bem forte, é uma conversa aberta sobre as nossas emoções. A faixa sugere aquele momento em que você se sente preso num ciclo de tristeza, e no final da música o eu lírico se transforma e você passa a ver as coisas por uma nova perspectiva, a partir do ponto de vista da própria frustração”, reflete Rashid.

A tracklist de Portal é então amarrada em Olha Quem Voltou, que encerra o projeto abordando a temática do reencontro e suas transformações, tanto sob a ótica de quem aguarda alguém querido, quanto pela de alguém que retorna.

A canção também retoma uma conversa iniciada na primeira faixa do disco, agora, com a percepção de se enxergar como a própria casa.

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“Em Portal eu começo falando sobre o momento de saída da casa de minha mãe, para agora versar sobre este retorno, um retorno para mim mesmo”, reflete o cantor.

A mudança nesta compreensão de “lar”, na verdade, exemplifica o desfecho após atravessar tantos portais, como finaliza Rashid: “Eu sinto que trabalhei a vida inteira para fazer estas músicas, este é meu encontro comigo mesmo”.

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