Resenha – Malum Absolutum – Murder Rape

Murder Rape

Tão bom quanto conhecer novos nomes, é conferir o mais recente trabalho de uma tradicionalíssima banda, no caso o recém lançado Malum Absolutum, dos curitibanos do Murder Rape. Com quase trinta anos de estrada e pelo menos um clássico do underground nacional em seu currículo – o seminal Celebration of Supreme Evil (1992) – esses blackmetallers retornam com um álbum que faz jus à sua trajetória negra. Não espere invencionices. Malum Absolutum traz o “pacote” completo de um álbum de black metal tradicional. Estão lá os pseudônimos demoníacos, a belíssima arte de capa e, claro, músicas longas, densas, que exalam um clima macabro tão caro aos apreciadores do estilo, e tão incompreensível às massas. A referência aqui é uma mescla entre o black metal norueguês com o brasileiro. Dessa mistura saíram ótimos momentos, como For Evil I Spill My Blood, Let The Age of Antichrist Come, Majestic Funeral e Goat Rules, apesar de todo o álbum funcionar perfeitamente. A banda nunca faz uso de malabarismos desnecessários. Os riffs são diretos e retos, e os vocais abusam da agressividade mórbida. Também vale citar que em alguns momentos nota-se a influência do thrash metal e heavy tradicional no material. Dito isso, é acionar o play e se entregar ao poder do Murder Rape, uma das formações mais antigas e fortes do nosso underground. Hail! Malum AbsolutumAno de Lançamento: 2020Gravadora: Cogumelo Records Faixas:1-Ad Invocation2-Let The Age of Antichrist Come3-Sing, Attack And Triumph4-Majestic Funeral5-Depravation Insana6-R.L.M.B: Blood Stained Nights7-Goat Rules8-For Evil I Spill My Blood9-The Return of Darkness And Evil10-Summus Flammae Inferni

Resenha – Complete Carnage of Coagulating Cacophonous Corpses – Puncture Wound

Puncture Wound

Banda australiana formada em 2016, o Puncture Wound estreou no ano seguinte com o EP Brutal Butchery of Bargain Basement Bodies. Agora, no macabro 2020, o grupo solta seu primeiro full lenght, que atende pelo singelo epíteto Complete Carnage of Coagulating Cacophonous Corpses. Vale lembrar que a banda conta com um santista na formação, o guitarrista Pedro Bueno, ex Vetor, hoje radicado no Austrália. Completam o time Alix Bandiera (bateria), Trigger Finger (guitarra), Beau Beale (baixo) e Gene Waltham (voz). Evidente que até os mais distraídos já sacaram qual a proposta da banda. Claro que é death metal, aqui em seu formato pútrido e old school, carregado de fortes influências, tanto na parte estética quanto musical, de grupos como Cannibal Corpse, Broken Hope, Internal Bleeding, Monstrosity e Carcass. E dá-lhe riffs distorcidos, vocais guturais que parecem ter sido gravados no fundo de uma caverna, o baixo estalando e a bateria cheia de viradas criativas e blastbeats. A arte de capa também merece destaque, pois ficou totalmente condizente com a música do grupo. Os destaques ficam para as matadoras Occasional Butchery, Perverse Sodomy Infatuation, Postmortem Frenzy, Murderquette e Darkened Ways, embora seja um álbum totalmente homogêneo. Brutalidade, sujeira e atitude: conheça o Puncture Wound. Complete Carnage of Coagulating Cacophonous CorpsesAno de Lançamento: 2020Gravadora: CDN Records Faixas:1-Necroinsemination2-Occasional Butchery3-Perverse Sodomy Infatuation4-Murderquette5-Deceptive Mutilation6-Inflicting Horror7-Anthem of Agony8-Postmortem Frenzy9-Devoid Mausoleum10-Darkened Ways

Resenha – Jackals – Deathcrown

Deathcrown

Enquanto trabalha em seu full lenght, o quinteto americano de death metal Deathcrown soltou em janeiro último seu EP Jackals, sucessor de Living Hell (2016). Mike Parks (voz), Tommy Gunn e Jake Vanderband (guitarras), Anthony Gadzalski (baixo) e Robley Ball (bateria) sabem exatamente onde querem chegar com sua banda, ou seja, death metal old school. Com influências do lado americano mais brutal, como Monstrosity, e das melodias da Suécia, Jackals é um petardo facílimo de agradar aos fãs de metal extremo. Por ser um EP e conter apenas cinco faixas, é um daqueles trabalhos que nos fazem repetir a audição. A faixa-título abre o disco e traz riffs de guitarra com melodias mórbidas e uma bateria precisa e veloz, death metal puro! Of Blood And Iron começa direto com uma pancadaria pra lá de rápida, sendo a melhor música do EP, com toques de At The Gates. Baptized in Horror e Sermons of The Slaughter finalizam o massacre de maneira convincente, fazendo do Deathcrown mais um nome recomendável no disputadíssimo cenário death metal. Confira: JackalsAno de Lançamento: 2020Gravadora: Primitive Ways Records Faixas:1-Jackals2-Of Blood And Iron3-Hypnophonic Paralysis4-Baptized in Honor5-Sermon of The Slaughter

Resenha – At The Darkest Night – Evilcult

Evilcult

Formado no Rio Grande do Sul por Lucas “From Hell” (guitarra) e Blasphemer (bateria), o duo Evilcult estreou na cena em 2016 com o EP Evil Forces Command. At The Darkest Night, seu primeiro full lenght, chega à luz do dia agora em 2020, em meio ao caos mundial. Os mais atentos já sacaram qual é a do Evilcult, a começar pela capa e desembocando no pseudônimo dos músicos. Óbvio que se trata do mais puro speed/thrash/black oitentista, uma época que o metal extremo ainda não era dividido entre tantos subtítulos. Está tudo lá: os vocais guturais, mas que arriscam agudos no melhor estilo Tom Araya fase Show no Mercy; os riffs passando longe de efeitos mirabolantes ou afinações muito baixas; a bateria pulsante, firme e precisa. Bathory, Sodom, Sepultura (fase Morbid Visions) e até Hellhammer estão entre as influências aqui. A essa altura, quem é da época já ligou a guitarra invisível em sons certeiros como Sons of Hellfire, Noctural Attack, Army of The Dead, Burning Leather e Army of The Dead. A aura satânica do material também é digna de nota. Evidentemente, não espere pela invenção de um estilo novo, pois essa nem é a proposta da banda. Porém, é tudo tão bem feito, honesto e cativante que é impossível não lembrarmos o porque de curtimos metal, seja qual for sua vertente. Bangers, mãos (e ouvidos) à obra! At The Darknest NightAno de Lançamento: 2020 Faixas:1-Drunk By Goat´s Blood2-Sons of Hellfire3-Nocturnal Attack4-Eternal Cult of Darkness5-Burning Leather6-Army of The Dead7-Unholy Nights8-Necro Magic

Crítica | Fury – Ektomorf

Não é novidade para ninguém que hoje em dia brotam bandas dos mais variados estilos em qualquer país do mundo. Pois vem da improvável Hungria o quarteto Ektomorf, formado no distante 1994 por Zoltan Farkas, hoje o único integrante da formação original. Fury, lançado em 2018, já é o décimo terceiro álbum de estúdio dos húngaros, que conquistaram seu espaço no mundo da música da forma mais tradicional possível: através de incessantes turnês. Quem conhece o trabalho da banda já está familiarizado com o fato de que o Sepultura fase Max Cavalera é a principal influência aqui. Foi assim em todos os álbuns da banda e em Fury não é diferente. A semelhança da voz de Zoltan com a de Cavalera chega a impressionar, a timbragem das guitarras remete a álbuns como Chaos A.D. e Roots. Isso é ruim? Quando bem usado, não mesmo. Faixas The Prophet of Doom, faixa de abertura, inicia chutando tudo e todos com riffs afiadíssimos e ritmo que remete ao thrash oitentista. Porém, a partir da segunda faixa, Ak 47, volta o feeling Sepultura noventista. Em algumas, como a faixa-título, a coisa também debanda para o Soulfy, projeto de…Max Cavalera. E assim caminha Fury, ora pelos lados do Soulfy, com as insanas Bullet In Your Head e Infernal Warfare, ora do Sepultura, como Blood For Blood. Os brasileiros do Claustrofobia e os americanos do Machine Head também possuem similaridades com esses húngaros. Com uma produção perfeita e fôlego de sobra, o Ektomorf entregou um álbum certeiro, potente, que agrada em cheio ao amante de música extrema, mesmo não sendo a coisa mais original do mundo. Prova de que álbuns bons não são somente aqueles que reinventam a roda. Ouça já e bata muita cabeça. FuryAno de Lançamento: 2018 Faixas:1-The Prophet of Doom2-Ak 473-Fury4-Bullet in Your Head5-Faith And Strenght6-Infernal Warfare7-Tears of Christ8-Blood For Blood9-If You’re Willing To Die10-Skin Them Alive

Crítica | Corifeu – Projeto Trator

Para os que não conhecem, o Projeto Trator é um duo paulistano formado em 2006 por Thiago Padilha (bateria) e Paulo Thompson (guitarra, voz) que já possui dois álbuns completos em seu currículo: Na Fronteira Com o Ordinário Planeta Pêssego Azul (2013) e Humanofobia (2016). Em 2020, a dupla volta a atacar com Corifeu, EP de quatro faixas lançado pela Abraxas. O som praticado pela dupla é hipnótico, pesado, lento e psicodélico. Sim, é o bom e velho sludge metal em sua forma mais suja. Logo na faixa de abertura, Abismo, podemos sentir toda a alma da banda, com inevitáveis influências de Melvins, Eyehategod e até dos americanos do Saint Vitus. Ontem prossegue o EP com algo de Black Sabbath em seu andamento, e aquela atmosfera doom que estamos acostumados (e curtimos tanto). Fotos e Espinhos, as duas últimas músicas, martelam com força, nos deixando com vontade de acionar o play novamente e nos entregarmos ao poderoso sludge do Projeto Trator. Vale lembrar que o EP foi escrito durante a última tour da dupla pela Europa. Fãs de sludge, atenção aqui. CorifeuAno de Lançamento: 2020 Faixas:1-Abismo2-Ontem3-Fotos4-Espinhos

Crítica | Death In Pieces – Centinex

O Centinex veio da famosa safra sueca que tomou aquele país de assalto no início dos anos 1990, que gerou nomes lendários como Entombed, Unleashed, Grave, At The Gates e inúmeros outros. O Centinex pode não ter tido a explosão dos nomes citados, porém está lado a lado deles em termos de qualidade musical, vide bons álbuns como o debute Subconscious Lobotomy (1992) e Reborn Through Flames (1998), que são álbuns que todo amante do underground deve ouvir. Death In Pieces, lançado em março de 2020, já é o décimo trabalho de estúdio dos suecos, que chegaram a passar pro um hiato entre 2006 e 2014. Cortesia da Agonia Records, Death in Pieaces chega para ser um dos álbuns de destaque no underground mundial em 2020. Não se trata de exagero, pois o poder de fogo do álbum é gritante, sua produção é perfeita e o trabalha exala uma aura maligna durante toda sua duração. O Centinex não deve nada a outros nomes da Suécia, como já foi dito, então faixas como Only Death Remains, Tomb of The Dead (bem Entombed essa), Cauterized e Beyond The Dark (tétrica) são excelentes motivos para prestarmos atenção nessa ótima banda. Vale lembrar que as guitarras esbanjam aquela distorção típica da Suécia, é ouvir para crer. Depois de todo o álbum, sobra um desejo de ver esses caras tocando em solo brasileiro. Matador! Death in PiecesAno de Lançamento: 2020Gravadora: Agonia Records Faixas:1-Only Death Remains2-Derelict Souls3-God Ends Here4-Tomb of The Dead5-Human Torch6-Pieces7-Cauterized8-Beyond The Dark9-Sacrifice10-Skin Turning Grey

Crítica | Making Noise, Living Fast – Hellgarden

O Hellgarden é um quarteto de Botucatu (SP) que faz sua estreia em 2020 com Making Noise, Living Fast, gravado no ForestLab Studios, no Rio de Janeiro. Formam a banda Diego Pascuci (voz), Caick Gabriel (guitarra), Matheus Barreiros (bateria) e Guilherme Biondo (baixo). O estilo adotado pelos caras é um thrash metal recheado de doses altíssimas de groove, e quem lembrou do Pantera, acertou. Logo na primeira faixa, Spit on Hypocrisy, o andamento lembra A New Level, dos lendários texanos. Isso sem falar na voz de Pascuci, que de fato possuiu um timbre semelhante ao de Phil Anselmo. Mas isso não significa que o Hellgarden se limita a copiar o Pantera, longe disso. Outras bandas vão sendo lembradas durante o decorrer do álbum, como Exhorder, Lamb of God e Down. Ou seja, fãs dessas bandas devem conhecer o Hellgarden, garantia de diversão. Além da parte vocal, também merece destaque os riffs e solos de Gabriel, bastante inspirados em…..Dimebag, é claro. E tome groove + agressividade em faixas muito boas como a já citada Spit on Hypocrisy, a rápida faixa-título, Learned to Play Dirt, Fuck The Consequences e Brainwash, que farão muito banger balançar a cabeça. Making Noise, Living FastAno de Lançamento: 2020Gravadora: Brutal Records Faixas:1-Spit on Hypocrisy2-Evolution or Destruction3-Learned to Play Dirt4-Fuck The Consequences5-Brainwash6-Making Noise, Living Fast7-Believe In Yourself or Die8-Possessed By Noise

Resenha – Be The Light In Dark Days – Chaosfear

Doze anos após Image of Desorder, os thrashers paulistanos do Chaosfear estão de volta. Fernando Boccomino (voz, guitarra), Eduardo Boccomino (guitarra), Marco Nunes (baixo) e Fábio Moyses (bateria) formam a banda hoje, sendo Be The Light In Dark Days seu novo álbum. Misturando influências antigas como Metallica, Sepultura e Pantera com o groove de bandas como Fear Factory e Lamb of God, o Chaosfere manda ver em riffs abafados, vocalizações agressivas e bastante adrenalina. From No Past é um bom exemplo da mescla de influências do quarteto, enquanto as furiosas The Hand That Wrecks The World e Mindshut são um convite irrecusável ao mosh pit. Outro destaque é a faixa que encerra o álbum, a longa e trabalhada A New Life Ahead (quanta verdade nesse título), onde novamente as guitarras chamam a atenção. Com músicos desempenhando muito bem suas funções, e uma produção cristalina, cortesia de Paulo Anhaia e Tori Studios (propriedade de Marco Nunes), Be The Light In Dark Days é um trabalho digno de nota, que os thrashers devem conhecer. Be The Light in Dark DaysAno de Lançamento: 2020Gravadora: Old School Metal Records Faixas:1-Be The Light In Dark Days2-From No Past3-The Hand That Wrecks The World4-Mindshut5-Cold6-The Alliance7-A New Life Ahead