Crítica | As Linhas Tortas de Deus

Engenharia do Cinema Originalmente sendo lançado em vários festivais de cinema espanhóis e sendo exibido nos cinemas de lá, foi adquirido pela Netflix e teve um lançamento discreto neste início de dezembro. Porém, devido a diversos comentários positivos vem conseguindo um grande destaque na mesma. Mesclando os sucedidos “Ilha do Medo” e “Um Estranho no Ninho“, “As Linhas Tortas de Deus” consegue ser um intrigante suspense e nos coloca no pensamento se a nossa protagonista “está certa ou errada” nesta história.     Inspirado no livro de Torcuato Luca de Tena, a história mostra a investigadora Alice (Bárbara Lennie) que resolve se internar em uma clinica psiquiátrica para investigar um assassinato. Mas à medida que os dias vão passando, todos começam a se questionar se ela está lá por conta disso ou se há algum diagnóstico de loucura realmente se manifestando nela.     Imagem: Netflix (Divulgação) O grande mérito deste filme ter funcionado e seus 150 minutos terem passado despercebidos, decaem sobre a atuação de Lennie. Embora ela esteja em um cenário propício a desenvolver alguns sintomas de diversas doenças psicológicas, é impossível não entrarmos em sua mente e tentar refletir se ela foi internada por alguém e se realmente ela foi com o intuito de investigar um crime.    Seu contraponto acaba sendo um dos chefes do local, o doutor Samuel Alvar (Eduard Fernández, em uma excelente atuação) que a todo momento acaba batendo de frente com a mesma e que acaba se tornando o grande antagonista na trama. Embora esse clima de tensão entre ambos seja o carro chefe do filme, há diversos momentos que a mesma interage com alguns pacientes que acabam realmente sendo o arco dramático do enredo (inclusive alguns chegam a emocionar, de forma breve).    “As Linhas Tortas de Deus” termina sendo um interessante suspense dramático, que nos faz refletir o quão existem pessoas em situações mais precárias e tristes, do que nós.

Crítica | Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Engenharia do Cinema Adquirida pela Netflix em 2020, a franquia “Entre Facas e Segredos” acabou se tornando um dos carros chefes da plataforma (que ainda ganhará um terceiro longa previsto para 2024). Assim como o primeiro (lançado nos cinemas em 2019), este conta com um elenco gigante de estrelas encabeçados pelo veterano Daniel Craig (que depois de 007, encontrou uma nova franquia para chamar de sua) e compostos por Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Leslie Odom Jr., Kathryn Hahn, Jessica Henwick, Janelle Monáe e sem citar as diversas participações especiais que ocorrem de forma homeopática (que vão de Ethan Hawke até Hugh Grant). Novamente produzido, escrito e dirigido por Rian Johnson, o mesmo tem ciência para fazer uma continuação deste tipo de filme deverá partir para outros rumos e não ao clássico “reboot do original” (como a maioria das continuações fazem). Realmente “Glass Onion: Um Mistério Knives Out” chegou para tirar o gosto amargo de vários conteúdos horrendos que a Netflix vinha deixando neste ano.      A história tem início com um grupo de amigos de longa data que recebem um enigmático convite do bilionário Miles Bron (Norton), que os chama para um final de semana em sua casa localizada em uma ilha deslocada da cidade. Entre os convidados, está o famoso e respeitado detetive Benoit Blanc (Craig). Ao chegarem, eles descobrem que terão de participar de um jogo de investigação feito pelo próprio Miles, que se mostrará muito mais complexo do que imaginam.    Imagem: Netflix (Divulgação) Em seus primeiros minutos, Johnson deixa claro o quão complexa será a construção de sua narrativa, ao colocar o espectador junto aos personagens vividos por Hudson, Hahn, Baustista e Odom Jr. ao desvendarem um enigma para surgir o determinado convite ao evento proposto no filme. Englobando ao contexto de pandemia e lockdown em 2020, e em poucos minutos ele já consegue comprar o espectador para acompanhar seu longa (algo que muitas outras produções da própria Netflix, não conseguem fazer). Eis que somos mais uma vez apresentados ao detetive Benoit Blanc, que mostra o quão Craig combinou com este personagem em vários aspectos (seja no humor sutil, inteligência e até mesmo no glamour da sua presença). Porém, quando partimos para o perfil dos coadjuvantes, vemos que Johnson escolheu atores que já casavam com os personagens onde temos a patricinha Hippie (Hudson), o brutamontes (Bautista), o nerd intelectual (Odom Jr.), a política sarcástica (Hahn) e o bilionário arrogante (Norton). Não que isto seja ruim, mas é uma facilitação narrativa usada pelo próprio Johnson (que já havia feito isso no primeiro e provavelmente fará no terceiro). Embora estes tópicos citados façam parecer mais um filme investigativo clichê, ele não é, pois existem vários cenários e arcos que fazem o próprio espectador entrar na mente de Blanc, e tentarem resolver o caso. Enquanto no primeiro tínhamos Craig e De Armas sendo o carro chefe da investigação, agora o primeiro faz um ótimo par com Monáe (que realmente se mostrou uma excelente atriz neste projeto, mas dificilmente será indicada ao Oscar como a própria Netflix vem tentando). “Glass Onion: Um Mistério Knives Out” mostra que é possível fazer uma continuação de um sucedido longa, não refazendo algo que já havia funcionado e sim mudando totalmente o que havíamos visto antes.    

Primeiras Impressões | The Witcher: A Origem

Engenharia do Cinema Nós já assistimos aos quatro primeiros episódios da primeira temporada da série, que chega ao catálogo neste domingo, 25 de dezembro. A analise completa do primeiro ano, será postada na próxima semana. Dividida em seis episódios, a minissérie tem como intuito mostrar a amplitude do universo “The Witcher” e como ele vai muito mais além de Geralt of Rivia (icônico personagem de Henry Cavill). Como o próprio título sugere, vemos o início do universo mostrado na série e como alguns personagens foram cruciais para o arco central estar ocorrendo. Porém, apesar de estarmos falando de um prelúdio, ainda falta a famosa ligação do público com o próprio enredo.     Não entrando muito no enredo (para não entregar spoilers), a história se passa há 1000 anos da trama da série principal e é centrada em Scian (Michelle Yeoh), Éile (Sophia Brown) e Fjall (Laurence O’Fuarain). Sendo três elfos com poderes místicos distintos, eles terão de enfrentar um reino ditatorial que cresce cada vez mais.     Imagem: Netflix (Divulgação) Nestes quatro primeiros episódios, sentimos que faltou uma comunicação dos personagens com o espectador, uma vez que estamos falando de uma história cujo desfecho tecnicamente não importará para quem está assistindo (repito, essa série só foi idealizada para suprir a ausência da terceira temporada da principal e que é um dos carros chefes da Netflix). Embora tenha um excelente design de produção, figurino e até mesmo efeitos visuais relativamente bons (datado o orçamento minimo), nestes primeiros quatro episódios faltou um desenvolvimento melhor com os personagens (cujas personalidades são resumidas a questões sexuais, étnicas e outras coisas bastante pífias), e até mesmo exploração de alguns destes, que só são colocados para causar um peso na obra (vide Yeoh, que está em alta). Neste principio, “The Witcher: A Origem“, termina sendo uma minissérie desnecessária dentro do contexto da mitologia e só mostra que a Netflix está começando a estragar até um dos seus grandes carros chefes.

Crítica | Jack Ryan (3ª Temporada)

Engenharia do Cinema Após um hiato de quase três anos, finalmente a Amazon Prime Video encerra o ano com chave de ouro, nos entregando o terceiro ano da série “Jack Ryan“. Sendo um dos seus carros chefes (inclusive a mesma trouxe os atores Michael Kelly e Betty Gabriel, para a CCXP22), esse novo ano contém oito episódios que continuam os eventos mostrados nos anos antecessores (ao contrário dos livros, cujos arcos são antológicos). Após mostrar um enorme esquema de domínio global para a CIA, o agente Jack Ryan (John Krasinski) descobre que terá de lutar apenas com seus fiéis parceiros de longa data, já que tanto aquela, como os governos mundiais, não podem mais lhe ajudar. Imagem: Amazon Studios (Divulgação) Em seus oito episódios, a sensação que temos é estarmos imersos em uma jornada de Ryan semelhante cada vez mais com os filmes de “Jason Bourne“, atrelados com cenários mundiais atuais (pelos quais não irei detalhar, para não entrar no território dos spoilers). Caso você tenha uma noção mínima do que realmente está acontecendo, e está cada vez mais antenado, realmente essa temporada será um “presente” para o seu natal.    A direção está ciente que a franquia tem como marca seus diálogos e discussões sócio-políticas, pelas quais podem fazer com que os espectadores mais desatentos, se cansem da série. Mas a solução buscada, é inserção de várias cenas de ações, em cada um dos episódios e que realmente acabam funcionando (vale enfatizar que muitas delas são feitas de maneiras práticas, em sua maioria, sem o uso abusivo de CGI). Inclusive outro recurso usado pelo enredo, e que funciona é dividir a trama em duas partes paralelas, mas ligadas entre si. A primeira foca em Jack indo realmente nas “espinhas”, enquanto a segunda é totalmente seu amigo de longa data James Greer (Wendell Pierce), tentando amenizar a situação. Realmente é nítido que tanto Krasinski como Pierce, estão totalmente à vontade em seus papéis e a escolha deles para estes papéis é totalmente honrada (uma vez que eles casam a tonalidade certa para o humor, tensão e drama).  A terceira temporada de “Jack Ryan” mostra que o aclamado personagem criado por Tom Clancy ainda continua com gás total para mais dois anos (uma vez que o programa se encerrará na quinta temporada).

Crítica | Veja Como Eles Correm

Engenharia do Cinema Realmente este filme poderia facilmente ter merecido uma divulgação melhor por parte da Disney, uma vez que ele presta não só uma homenagem para a grande escritora Agatha Christie (que está sendo retratada na trama), como também o veterano Richard Attenborough (conhecido por ter vivido o criador do “Jurassic Park”, no clássico de Steven Spielberg). “Veja Como Eles Correm” consegue captar a atenção do espectador também por conta de seu divertido roteiro e direção. A história se passa no inicio dos anos 50, quando uma famosa peça teatral escrita pela própria Agatha Christie (Shirley Henderson) está prestes a ser levada para os cinemas, por intermédio do diretor Leo Kopernick (Adrien Brody). Mas após este ser assassinado misteriosamente, o atrapalhado Inspetor Stoppard (Sam Rockwell) e a jovem e ansiosa policial Constable Stalker (Saoirse Ronan) são escalados para investigar o caso. Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação) Chega a ser engraçado ver que em um primeiro momento o trabalho do diretor Tom George se parece totalmente com uma obra comandada por Wes Anderson (devido aos seus constantes enquadramentos em cenas, personagens caricatos e até mesmo a certa leveza cartunesca em alguns momentos). Por um lado é alvo válido, já por outro é uma lástima, pois não existe uma imagem criativa que faça diferenciar o trabalho de ambos.     Mas por um lado chega a ser uma divertida homenagem ao cinema, teatro e literatura dos anos 50, por intermédio do roteiro de Mark Chappell, que não só encaixar várias personalidades famosas em seu enredo (como as citadas no primeiro parágrafo), como também exerce uma narrativa típica de uma obra da própria Agatha Christie (que costumava a colocar várias pessoas com perfis diferentes, em um cenário de investigação).    E se tratando de perfis, existem vários atores conhecidos nesta trama, mas as menções honrosas devem ser feitas para os próprios Rockwell, Ronan, Brody e Henderson (estes dois últimos aparecem pouco, mas estão à vontade nos papéis). Por causa destes fatores, também conseguimos facilmente comprar o enredo.       “Veja Como Eles Correm” é a típica produção que mescla comédia, com suspense, que cada vez mais está extinta nos cinemas, e termina sendo mais um caso de título da Disney que há uma quase nula divulgação do estúdio.

Crítica | Emancipation – Uma História de Liberdade

Engenharia do Cinema É um fato que este filme está sendo boicotado por boa parte do público e imprensa, por conta do incidente do tapa no Oscar deste ano. Embora estamos falando de uma produção séria, forte e impactante, era certeza que veríamos o astro Will Smith sendo mais uma vez indicado na premiação citada em 2023. “Emancipation – Uma História de Liberdade” é basicamente na mesma pegada de “12 Anos de Escravidão“, com a realidade dos escravos sendo mostrada de forma nua e crua, na perspectiva de um próprio. Baseada em fatos reais, a história se passa exatamente no período onde a escravidão estava prestes a ser abolida pelo então Presidente Abraham Lincoln, em 1863, nos EUA, na perspectiva do escravo Peter (Smith). Ao fugir do seu novo proprietário, o temido Jim Fassel (Ben Foster), ele se encontra em uma jornada para encontrar sua família e tentar sobreviver em um cenário totalmente macabro.  Imagem: Apple TV+ (Divulgação) Em seus projetos o diretor Antoine Fuqua (que é conhecido por filmes como “O Protetor” e “Dia de Treinamento“) normalmente usa e abusa da violência para impactar seu espectador. Usando o recurso mais uma vez, e de forma bastante plausível, desde os primeiros cinco minutos da narrativa sentimos na pele o que os escravos sentiam. Seja somente por olharem, pararem para respirar ou até mesmo falarem que “estão com fome”, eles eram agredidos violentamente por seus senhores e toda essa brutalidade (que inclui mutilações e mortes à sangue frio) é mostrada (tanto que os espectadores mais sensíveis, não irão conseguir seguir em frente no longa).    E em meio a este cenário, Smith mais uma vez se desconstrói totalmente e está irreconhecível. Com um sotaque carregado e feições depressivas e de medo em sua face, compramos seu sofrimento de imediato, ao mesmo tempo que sentimos o clima tenso transposto por Foster (que em dado momento, deixa claro que ele só é maléfico com escravos, por conta de uma conversa com seu Pai).  Mas por se tratar de um filme de época, a fotografia de Robert Richardson apela para tonalidades em preto e branco para representar a situação épica, ao mesmo tempo tensa daquela época. E por intermédio da violência sendo representada, isso ainda ganha mais força em sua execução. Porém, acaba sendo lastimável o lançamento ter sido direcionado direto ao streaming (embora tenha tido breves sessões em alguns cinemas pelo mundo), pois a mixagem de som é outro recurso muito bem realizado e seria melhor explorado em uma exibição nas telonas. “Emancipation – Uma História de Liberdade” acaba sendo um dos mais necessários filmes sobre a temática da escravidão, que infelizmente não está tendo o sucesso que merece por conta de uma decisão chula e hipócrita da grande imprensa, em relação a Will Smith.

Crítica | Avatar: O Caminho da Água

Engenharia do Cinema Após mais de 13 anos em desenvolvimento, finalmente o cineasta James Cameron conseguiu lançar o aguardado “Avatar: O Caminho da Água“, que continua os eventos do longa de 2009, que se tornou o maior filme da história do cinema. Durante seu desenvolvimento, o próprio sempre comentou que ele estava demorando para lançar o próprio, pois estava estudando técnicas de transpor o máximo de realismo nos efeitos visuais e novos meios de captura de movimentos (pelos quais envolveram captações de movimentos dos atores em tanques de água gigantes, onde alguns deles, como foi o caso de Kate Winslet, ficaram cerca de sete minutos sem respirar embaixo d’água).    Com uma divulgação bastante precária e aleatória por parte da Disney (mesmo com a vinda da atriz Zoe Saldana e do produtor John Landau, para CCXP22), o público cada vez mais estava com medo do resultado final do projeto. Eis que ao conferirmos os primeiros minutos de projeção, vemos que Cameron realmente conseguiu nos entregar o filme mais realista na história do cinema, no quesito técnico. A história tem inicio com Jake (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) agora cuidando de sua família, e vivendo uma vida tranquila em Pandora, após os acontecimentos do primeiro filme e o retorno dos humanos para o planeta terra. Mas tudo acaba sendo abalado com o retorno do General Quaritch (Stephen Lang), cuja consciência foi transferida para um Avatar e jura vingança contra o primeiro. Começo enfatizando nesta analise, a extrema necessidade em conferirmos esta produção na melhor qualidade o possível, pois Cameron realmente deixa colocado todo o seu conhecimento sobre oceanos transpostos em cena (já que nos últimos anos, ele realizou vários mergulhos distintos e deixou registrado em diversos documentários, sobre o que ele via nos locais e sempre deixou claro que iria usar como inspiração na franquia “Avatar“). Seja por intermédio das criaturas aquáticas ou até mesmo os detalhes envoltos nas mesmas. Tudo é extremamente real e chega a ser assustador o exímio cuidado ao retratarem a interação destes seres “virtuais” com os humanos (algo que o cinema nunca tinha presenciado). Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Conhecido como o “Pai da tecnologia 3D”, agora ele usa e abusa de vários arcos que podem ser explorados com o recurso. Seja a constante profundidade, objetos que vão na nossa direção e a constante interação com o público (que contém armas, personagens e outras coisas que são direcionadas em nossas direções). E tudo isso funciona ainda mais, conforme o tamanho da tela seja cada vez maior (por isso, assista na melhor qualidade que seja acessível para você). Só que isso acaba perdendo um pouco da sensação, quando ele intercala cenas com qualidades entre 24 frames (cuja maioria dos filmes são gravados) com 48 frames (mesma escala que a trilogia “O Hobbit” foi filmada, e se aproxima demais ao realismo). Enquanto ele mostrava uma cena de ação totalmente na segunda metragem, ao intercalar para uma cena comum que deveria ser em 24, acaba ficando totalmente estranho quando ele mantém a mesma metragem. Porém, isso não chega a ser prejudicial e sim um tanto esquisito. Apesar de estarmos falando de um filme extremamente perfeito em vários aspectos, eis que chegamos a cereja do bolo que é o roteiro. Realmente parece que o próprio Cameron falou para os roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver (que assinaram o texto da última trilogia de “O Planeta dos Macacos“) “vocês já sabem que estou focado na parte técnica, façam um arco simples ai e só procuram enaltecer os cenários. Os personagens não vão ser importantes.” Digo isso, pois realmente não existe uma ligação ou até mesmo preocupação com nenhum dos caracteres mostrados neste longa. Em momento algum nos preocupamos com Jake, Neytiri, sua família e até mesmo o “temido” general Quaritch virou um banana completo (chegando a ser vergonhosa sua atitude em algumas situações). Enquanto as adições de Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet), só servem para serem “os amigos de churrasco do casal protagonista”. Talvez isso seja melhorado nos próximos filmes da saga.  A única grande exceção é a personagem de Sigourney Weaver (que estava com cerca de 70 anos, na época das gravações), que interpreta a jovem Kiri (uma adolescente de 15 anos) e realmente parece ter a idade citada em cena (e isso é notório por intermédio dos seus movimentos e comportamento em algumas cenas chave, como quando ela corre, escala e sobe em objetos). Acho difícil, mas seria justo ver ela recebendo uma indicação ao Oscar por este papel.    “Avatar: O Caminho da Água” realmente consegue se firmar como o maior filme da história do cinema em quesito técnico, onde em um ano que tivemos “Top Gun: Maverick“, vemos o quão a indústria consegue evoluir em suas produções técnicas quando deixam os envolvidos trabalharem em paz.    

Crítica | O Troll da Montanha

Engenharia do Cinema Em meio à diversos filmes da Netflix que são lançados em sessões limitadas no cinema, antes de chegar na plataforma, o norueguês “O Troll da Montanha” poderia facilmente ter sido disponibilizado desta maneira. Com efeitos visuais realmente bem realizados, um arco plausível até mesmo para a criação de um universo de monstros do país, estamos falando de uma grata surpresa do serviço. Após uma explosão de montanhas na Noruega, um enfurecido Troll acorda e começa a espalhar o caos. Então o governo do país convoca a paleontologista Nora Tidemann (Ine Marie Wilmann) para ir até o local com uma equipe e tentar controlar a situação. Imagem: Netflix (Divulgação) Apesar do roteiro escrito por Espen Aukan e Roar Uthaug (que também assinou a direção), beber e muito de filmes como “Godzilla“, é incrível como o estúdio teve um tremendo cuidado ao retratar os efeitos visuais e design de produção. Por mais que se trate de uma produção voltada para o streaming (digo isso, pois estúdios como a própria Disney tem entregado produtos para seu catálogo com certo desleixo), é impressionante como o Troll realmente foi bem realizado (com mínimos detalhes sendo retratados em sua composição).   Só que mesmo estando visualmente muito bem feito, as atuações não podem ser ditas que são no mesmo estilo, uma vez que os atores são bem canastrões e o roteiro lhes retrate na forma mais clichê o possível (vide a protagonista valentona, seu Pai que ficou louco com tanta inteligência, o parceiro meio desastrado e o fator do estado sempre querer fazer besteira na situação).     “O Troll da Montanha” surpreende por ser um blockbuster muito bem realizado, por um cinema que raramente realiza algo deste porte.

Crítica | Noite Infeliz

Engenharia do Cinema É inevitável que todo final de ano sejam lançadas produções cinematográficas voltadas a temática natalina, e mesmo em uma era onde a maioria destas são direcionadas para o streaming, a Universal Pictures mais uma vez rouba a cena nas telonas no fim de ano e nos lança este divertido “Noite Infeliz“. Com produção de David Leitch (que neste ano já nos entregou o ótimo “Trem-Bala” e é um dos criadores da franquia “John Wick“), sabemos que ter seu nome envolvido em algum projeto é sinônimo de qualidade. E por aqui, não podia ser diferente.     A história se passa exatamente na véspera de Natal, com o próprio Papai Noel (David Harbour) cansado de seu exaustivo trabalho e entregando presentes para várias crianças. Mas tudo começa a mudar quando ele se depara tendo de salvar uma família feita como refém por um grupo de assaltantes. Só que o que estes não esperavam, era que o bom velhinho possuía várias habilidades guerrilheiras.     Imagem: Universal Pictures (Divulgação) O roteiro assinado pela dupla Pat Casey e Josh Miller (responsáveis pelos dois filmes de “Sonic“), deixa claro que mostra exatamente o que o público gostaria de ver: sequências de ação com lutas divertidas e um protagonista totalmente hilário. Criando arcos bem divertidos, assim como uma experiência que nos deixa cada vez mais curiosos para vermos os próximos desdobramentos, outro fator que auxilia isso é a atuação de David Harbour. A vontade no papel principal, vemos que ele está se divertindo na brincadeira proposta (inclusive, a sua primeira cena é hilária). Por se tratar de um longa dirigido por norueguês Tommy Wirkola (“Onde Está Segunda?“), é bastante óbvio que ele não poupará várias sequências repletas de sangue, violência (mas que acabam se tornam engraçadas, devido a execução cartunesca) e criatividade (inclusive, há um arco bem divertido referenciando ao clássico “Esqueceram de Mim“). “Noite Infeliz” se torna mais um divertido e certeiro acerto da Universal Pictures neste ano, pelo qual nos mostra uma versão totalmente diferente e inimaginável do bom velhinho.