Crítica | Aftersun

Engenharia do Cinema Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes deste ano, “Aftersun” é mais um título que facilmente entra na leva de produções que irão sempre ser lembradas por se tratarem de um “diário de vida”, do seu protagonista. Escrito e dirigido por Charlotte Wells, temos uma produção que obviamente não teve uma história complexa, e aparentemente muito menos um roteiro. A história mostra Calum (Paul Mescal) e sua filha Sophie (Frankie Corio) durante uma viagem anos atrás, quando ela tinha 11 anos, e como o período serviu para ela refletir sobre a personalidade de seu Pai. Imagem: MUBI (Divulgação) Wells opta por deixar a trama sendo retratada como um diário, e não deixa explicito algumas situações delicadas mostradas em seu enredo. Temas como depressão, alcoolismo e sexualidade, são retratados de forma “natural” (o que resultam em um choque momentâneo, datado o que havia sido mostrado um pouco antes). Outro tópico bastante inteligente por parte dela, é a utilização de objetos, que servem como um verdadeiro quebra-cabeças, pelos quais posteriormente farão parte da história, para indiretamente mostrar como a situação X está atualmente. E para conseguir apresentar este parâmetro com sucesso, as atuações de Mescal e Corio estão excelentes, e realmente transparecem serem mesmo Pai e Filha (inclusive, esta merecia ser indicada ao Oscar).    “Aftersun” realmente é uma verdadeira aula de cinema, e mostra que é possível tirar uma história humana, sensível e até mesmo impactante.

Crítica | Mundo Estranho

Engenharia do Cinema Realmente a Disney não está em seus melhores dias, e justamente no ano pelo qual completa 100 anos de existência, temos a pior leva de produções do estúdio. “Mundo Estranho” só comprova que o selo está cada vez mais abstendo de criatividade e empolgação para contar suas histórias (que um dia já emocionaram vários adultos e crianças). Mesmo focando o marketing totalmente na questão de que seria “a primeira animação do estúdio com um protagonista homossexual”, isso acaba não sendo sinônimo que a qualidade do próprio seria ótima. A história é centrada nos aventureiros Searcher Clade e Jaeger Clade, que ficaram famosos por ser uma dupla de Pai e filho responsáveis por descobrirem uma das mais importantes fontes de energia de sua cidade. Porém, 25 anos depois do segundo ter desaparecido, a fonte parece estar aparentando problemas, o que faz a família Clade se juntar com seus antigos parceiros de aventuras para tentarem solucionar o mesmo. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) O principal problema desta animação decai sobre o pobre roteiro de Qui Nguyen (que também assina a direção com Don Hall), que não se aprofunda em absolutamente nada. Temos personagens desinteressantes, situações que se resolvem em menos de 30 segundos (parece que não existe dificuldades em uma viagem para outro universo) e até mesmo tramas totalmente tiradas de outros filmes (como “Indiana Jones“, “Viagem ao Centro da Terra“, até mesmo a clássica animação “Atlantis: O Reino Perdido” da própria Disney).    Outro ponto desfavorável é no quesito técnico, cujos traços da animação parecem terem sido feitos às pressas (o que vem ocorrendo com boa parte das produções da Disney, como um todo). Conhecida por seus ricos detalhes até mesmo nos designs de produção, não existe nada que realmente mereça ser conferido nas telas do cinema (ao contrário de animações como “Red” e “Soul“, que foram direcionadas direto para o Disney+).     Em sua conclusão, “Mundo Estranho” mostra o tamanho desleixo da Disney ao tentar fazer um enredo já conhecido pelo espectador, e não oferecer absolutamente nada que vingue a qualidade do selo.

Crítica | Tubarão: Mar de Sangue

Engenharia do Cinema Sem dúvidas estamos falando de mais um filme de terror que provavelmente vai funcionar apenas em uma noite de sábado descompromissada, onde não há mais nada para se assistir no streaming. “Tubarão: Mar de Sangue” consegue ter um roteiro bastante pífio e clichê, com uma camada de atuações canastronas, pelas quais só são salvas por conta do diretor James Nunn. A história gira em torno de um grupo de amigos, que está passando suas férias em uma praia mexicana. Ao saírem para andar de jet ski, um acidente acaba deixando alguns deles feridos e ambos totalmente danificados. Além de terem lutar para conseguirem sobreviver neste cenário caótico, eles terão de enfrentar um tubarão sedento por sangue.     Imagem: Paris Filmes (Divulgação) O roteiro de Nick Saltrese realmente capta todos os tipos de situações já conhecidas do gênero, que vão desde o perfil dos personagens, traições e até mesmo um antagonista totalmente imortal (realmente, o tubarão se assemelha a um exterminador do futuro, e não a um peixe do grupo dos condrictes). Embora tenhamos várias atuações clichês, quando há cenas envolvendo os ataques e mutilações, elas funcionam bastante por causa da atmosfera desenvolvida por Nunn. Inclusive o impacto do gore envolvendo alguns arcos chegam a deixar o espectador realmente impactado (já que não existe pudor em mostrar fraturas expostas, dentre outras coisas). Só que ele se perde no quesito principal, ao sequer se preocupar em fazer com que o espectador se preocupe com os personagens e não os veja apenas como um pedaço de carne. “Tubarão: Mar de Sangue” é mais um filme clichê sobre tubarões, que só serve para passar o tempo e pegar no sono, caso você esteja com um tempo hábil e sem absolutamente nada para fazer.

Crítica | O Amante da Lady Chatterley

Engenharia do Cinema Se tratando de mais um longa da Sony que foi direcionado com lançamento direto para a Netflix, “O Amante da Lady Chatterley” é mais uma das várias adaptações do conto clássico de D.H. Lawrence (que é inspirado em fatos reais). Estrelada por Emma Corrin e Jack O’Connell, a produção está fazendo enorme sucesso por conta das diversas cenas de sexo (inclusive algumas beirando ao explicito), e pouco se fala sobre a trama como um todo e que o ato tem cabimento dentro do contexto. A história mostra a Lady Connie Reid (Corrin) que se casa com o militar Clifford Chatterley (Matthew Duckett), que ficou paraplégico ao retornar da Guerra. Sem condições de conseguir dar uma vida sexual e um filho para a primeira, ele a instrui que a mesma deverá procurar um homem para conceber um filho (mas isso, deverá ser feito em segredo). É quando ela conhece o pacato plebeu Oliver Mellors (O’Connell), pelo qual esta começa a desenvolver um caso amoroso. Imagem: Netflix (Divulgação) Este é o típico projeto que certamente fala muito mais com o público feminino, ao invés do masculino, simplesmente pelo fato de exercer uma ácida crítica de como muitas delas não conseguem ter seus desejos e vontades atendidas, independentemente da índole do seu parceiro. Só que diferente do recente, “Ela Disse“, aqui o público masculino acaba compreendendo a mensagem do que está sendo retratado. Para conceber isso, era preciso ter várias cenas de sexo, nudez e vocabulários envolto a temática por conta da naturalidade que precisava ser mostrada (uma vez que o escopo retratava exatamente isso). E para isso caiu como uma luva a escola de Corrin (que ficou conhecida por ter vivido Lady Diana em “The Crown“), que entrou de cabeça na personagem e facilmente compramos suas motivações e sua química com O’Connell.   “O Amante da Lady Chatterley” consegue ser uma grata surpresa para o público feminino, e fala com as mesmas em uma linguagem que certamente cativará ambos os sexos.

Crítica | O Menu

Engenharia do Cinema Em uma era onde filmes originais estão cada vez mais difíceis de se achar, “O Menu” consegue ser não só um projeto que vai totalmente na contramão do que os estúdios vem nos entregando, como também opta por mesclar o reality “Chef’s Table” com o clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolates“, com pitadas de horror. Estrelado por Ralph Fiennes (em um papel que caiu como uma luva para ele), Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult, temos um projeto que certamente irá dividir e muito o público por conta de N fatores. A história tem início com o casal Margot (Joy) e Tyler (Hoult), que junto a um grupo de pessoas, das mais diferentes personalidades e carreiras, que decidem viajar para um restaurante distante, liderado pelo misterioso Chef Slowik (Fiennes). Ao chegarem no local, eles começam a reparar que não apenas pratos culinários são as especialidades do local.  Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação) Desde seu primórdio, sentimos que o roteiro de Will Tracy (um dos criadores da série “Succession“) e Seth Reiss começa com uma forte pegada de Agatha Christie, ao apresentar detalhadamente o estilo de seus personagens e como eles são distintos entre si. Tendo como plano de fundo os sete pecados capitais (soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça), cada mesa e o grupo de cozinheiros são realmente um ode à reflexão de como estes tipos de personalidades seriam, caso se encontrassem em um mesmo ambiente. E realmente isso funciona por conta do texto que foi proposto. Embora Fiennes esteja assustador em seu papel (afinal, ele transpõe uma persona ameaçadora durante boa parte da projeção), a única que está na mesma sintonia e consegue bater de frente com o mesmo é Joy (que realmente está acertando com seus projetos, e aqui não é diferente). Com sensações de dúvidas, medo e ao mesmo tempo coragem e audácia nas suas atitudes, em poucos minutos já compramos sua protagonista. Em contraponto aos dois, Hoult se torna o grande alívio cômico (por ser totalmente desligado ao que está acontecendo em sua volta). Mas adianto, que estamos falando de um filme que vai funcionar, quanto menos você souber, ou seja, não irei adentrar mais no enredo do mesmo.  Com relação a retratação dos pratos e o arco culinário do filme, os pratos são exibidos de forma satírica (como se funcionassem em um programa do gênero), onde os ingredientes e o próprio visual são mais nítidos do que o nome dos pratos (que sempre era atrelado a algo maluco). Não chega a dar água na boca (pelo menos na maioria), mas serve para mostrar o quão uma parcela da sociedade só consome este tipo de pratos, para se exibir na internet. “O Menu” consegue se favorecer por conta de sua originalidade no roteiro, que não só foge dos padrões atuais do cinema, como nos entrega uma divertida produção de suspense com toques de comédia.

Crítica | Ela Disse

Engenharia do Cinema Em meio a um cenário caótico das eleições presidenciais de 2016, a indústria do cinema acabou sendo totalmente sacudida quando as jornalistas Megan Twohey (Carey Mulligan) e Jodi Kantor (Zoe Kazan) fizeram uma grande investigação que acabou resultando na condenação do poderoso empresário cinematográfico Harvey Weinstein. Acusado de vários casos de abuso com atrizes de Hollywood como Ashley Judd, Gwyneth Paltrow (que na época estava namorando Brad Pitt, um dos produtores do longa) e Uma Thurman, era o inicio do movimento #MeToo, que foi revelando vários casos do mesmo estilo na indústria cinematográfica mundial (mas ultimamente vem perdendo força por conta de politicagem e fake news, por parte da própria indústria cinematográfica e jornalística).     Inspirado no livro de mesmo nome, o longa “Ela Disse” mostra o que levou as jornalistas citadas a iniciarem a investigação contra o poderoso produtor. Em meio a um cenário repleto de tensões, ameaças e entrevistas com depoimentos fortes, a dupla acaba reparando que realmente estão entrando em um cenário sem volta. Apesar de se tratar de uma história recente e bastante fresca na mente do espectador, era de se esperar que Hollywood iria levar este caso para as telas do cinema uma hora ou outra. E por intermédio do roteiro de Rebecca Lenkiewicz (que provavelmente vai ganhar o Oscar por este trabalho), vemos o quão ambas conseguiam transparecer a maior tranquilidade ao abordar vítimas (embora os depoimentos sejam bastante pesados) e vários executivos da própria Miramax (pelos quais na maioria das vezes, se encontravam totalmente encurralados).     Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Mesmo contendo apenas as vozes de algumas (como foi o caso de Rose McGowan, cujo breve arco mostra o quão a mesma ficou destruída conforme os anos), a veterana Ashley Judd foi a única atriz que optou por interpretar ela mesma na produção (enquanto outras profissionais foram vividas por atrizes) e realmente transparece o quão a situação foi complexa na vida dela e de outras mulheres. Por se tratar de um filme que fala mais com o público feminino (inclusive, muitas delas irão se identificar com alguns diálogos e falas, como a sequência do bar), a diretora Maria Schrader errou ao tentar falar com os espectadores masculinos, uma vez que por mais que uma parcela destes saibam do ocorrido por causa da grande mídia (uma vez que não vemos a reação de quem está fora da história), certamente não será este filme que fará com que eles tenham compaixão pelo arco contado. E com atuações realmente muito boas, tanto Mulligan como Kazan podem ser indicadas em várias premiações (assim como o Oscar), mas não por serem performances marcantes, mas sim pelo contexto da trama (inclusive, me lembrou bastante ao recente “The Post”, só que melhor e mais ácido). “Ela Disse” consegue apresentar com êxito os bastidores do conturbado caso de Harvey Weinstein, e como o caso #MeToo é mais complexo do que imaginávamos.

Crítica | Periféricos (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Conhecida por ser a cunhada de Christopher Nolan, a esposa do produtor Jonathan Nolan, a cineasta Lisa Joy está começando a pegar o estilo que consagrou sua família, ao produzir com seu cônjuge esta série que é bastante maluca, como as recentes produções “Westworld” e “Tenet“. Divida em oito episódios, com cerca de 60 minutos cada, “Periféricos” foi feita para o espectador pensar muito mais além do que está sendo mostrado. A história se passa em um futuro não muito distante, onde o mundo vive uma situação bastante precária e muitos ganham a vida por intermédio de um famoso game que lhes coloca em um universo similar a terra. Com sua mãe tendo uma doença grave cada vez mais avançando, e seu irmão se tornando um importante nome naquele mundo, Flynne Fisher (Chloë Grace Moretz) resolve se aventurar no mesmo. Só que ela não imaginava que o local não era o que aparenta ser.     Imagem: Amazon Studios (Divulgação) É inegável que durante boa parte da produção, o espectador que não se pegar atento ao que está sendo retratado, vai se perder. O trabalho exercido pelos diretores Vincenzo Natali e Alrick Riley, não procura explicar o óbvio para o público, e para isso eles plantam várias sementes durante os episódios. Seja por intermédio de uma palavra, linha de diálogo ou até mesmos gestos. Embora ainda existam várias pontas soltas, realmente estamos falando de um projeto que consegue se sobressair por conta dos efeitos visuais, fotografia e mixagem de som (que são ótimos), ainda faltou um pouco mais de clareza no roteiro em alguns episódios (até mesmo por intermédio do recurso citado). E alego isso, pois existem dois episódios pelos quais não conseguimos entender absolutamente nada do que está sendo retratado, e apenas várias coisas aleatórias são colocadas em cena. E sim, as cenas de ação são bem realizadas e há algumas sequências com bastante gore, inclusive, mas a ambientação não vai funcionar se você claramente não estiver entendendo a série (o que aconteceu com boa parte do público, que acabou deixando a mesma de lado antes da metade). Em quesito de atuações, não há um destaque como um todo (embora Moretz seja a protagonista), apenas temos bons atores no automático como Jack Reynor, Gary Carr e Louis Herthum.  A primeira temporada de “Periféricos” termina com um gostinho de dúvida, pois após tamanha complexidade criada neste início, não é certo se o espectador irá querer continuar a vivenciar a trajetória de Flynne.   

Crítica | Chucky (2ª Temporada)

Engenharia do Cinema Realmente em um ano onde tivemos grandes séries como “House of The Dragon” e “Os Anéis do Poder”, a segunda temporada de “Chucky” ficou totalmente ofuscada, diante ao fato de que o público em geral estava focado em discutir ambos. Mesmo com sua qualidade cada vez mais melhorando, este novo ano nos entrega o que queríamos: um festival de piadas de humor negro, suspense, referencias e MUITO sangue. Após os eventos envolvendo as famílias de Jake (Zackary Arthur), Devon (Bjorgvin Arnarson) e Lexy (Alyvia Alyn Lind), o trio acaba se envolvendo em um problema ainda maior e são enviados para um internato religioso comandado pelo Padre Bryce (Devon Sawa). Só que eles não imaginavam que Chucky iria conseguir se infiltrar no local, e continuar seu legado sangrento. Ao mesmo tempo, a esposa deste, Tiffany (Jennifer Tilly) terá de lidar com a visita surpresa de suas duas filhas, Glen e Glenda (ambas vividas por Lachlan Watson).    Imagem: Syfy (Divulgação) Dividia em oito episódios com cerca de 40 minutos cada, esta segunda temporada procura intercalar ambas as tramas citadas de uma maneira onde não acabamos ficando carentes de outra parte. Se há um episódio centrado em Chucky, no próximo veremos apenas o arco de Tiffany, e assim sucessivamente. Não há como nos cansarmos deste ritmo também, pois as piadas sempre são inovadas e raramente são repetidas. Embora já estamos acostumados com o jeito sarcástico do primeiro, digo sem sombras de dúvidas que esta temporada acaba sendo de Tiffany. Totalmente a vontade na brincadeira com si mesma, a veterana Jennifer Tilly realmente nasceu para este papel, e consegue transpor toda maluquice da personagem (e destoa até mesmo se estamos vendo a atriz ou Tiffany). Até mesmo a presença de suas filhas Glen e Glenda, acabam sendo ofuscadas (mesmo com Watson sendo uma ótima atriz, interpretando dois personagens parcialmente distintos). E como estamos falando de uma série que bebe muito dos seus filmes originais, esta temporada não poderia fugir. Embora tenha mais sangue do que nunca (até mais que os longas da franquia, juntos), eles são apresentados de forma cartunesca, ou seja, sempre há o intuito de causar a sensação de humor negro, com base no desconforto do espectador. A segunda temporada de “Chucky” termina deixando um gosto de quero mais para o novo ano, e continua divertindo os fãs do mesmo e aqueles que estavam com saudades de uma ótima produção trash.

A CCXP22 Realmente atendeu as expectativas?

Engenharia do Cinema Este é um texto comentando minha experiência na CCXP22, pela qual pode ter sido totalmente diferente da sua, dependendo do rumo que você estava procurando no local. Para deixar clara esta análise da mesma, resumo que estava procurando um local agregado ao universo dos filmes e séries, contendo uma breve fuga do dia a dia. Terminou na noite deste domingo, 04 de dezembro, a sétima edição do evento Comic Con Experience, no Brasil. Após um hiato três anos devido a pandemia, muitos estavam se questionando se a qualidade do mesmo iria decair e se teria o mesmo pique, afinal, no início de 2020 vários nomes que estavam encabeçando a Omelete Company (empresa responsável pelo evento, até então) como Érico Borgo, Aline Diniz e Natália Bridi, se desligaram do mesmo e seguiram carreiras distintas, mas ainda no universo pop.     Com início na noite de 30 de novembro com a Spoiler Night, conhecido como um breve período pelo qual o mesmo abre às portas por poucas horas durante a noite, apenas para divulgar algumas das atrações que serão vistas no evento, muitos começaram a perceber o óbvio: havia menos estandes, mas agora as atrações tinham bons brindes.    Este que vos fala optou por dormir na fila no dia citado, para conseguir pegar o painel do dia 01 de dezembro (cujas principais atrações eram os painéis da Marvel, Lucasfilm, Pixar e uma então possível aparição de Pedro Pascal, que não estava confirmado no painel de “The Mandalorian”). Cheguei ao local na faixa das 16h30, e fui o 67ª a chegar na fila. Durante o período da madrugada, apesar de haver bastante segurança na parte externa do mesmo, no interior do estacionamento não se encontravam staffs para cuidarem dos “fura filas” e auxiliarem em eventuais problemas que poderiam surgir (uma vez que o local já tinha cerca de 1600 pessoas). Tudo acabou ficando à mercê daqueles que já estavam cientes do ambiente nos outros anos.  Com a fila para o auditório Thunder Cinemark Club sendo aberta apenas às 9 horas da manhã (horário que também foram entregues as pulseiras), muitos começaram a furar a fila durante a entrada na fila que já direcionava para o painel, devido a ausência de staffs no final das mesmas (algo que foi solucionado nos outros dias do evento). Devido novamente a interferência daqueles que chegaram primeiro no local (como eu), aqueles ainda evitaram abrir as filas erradas (com o público que havia acabado de chegar no local) para entrarem no mesmo! (por incrível que pareça!).  Após muitas confusões, finalmente fomos colocados dentro do mesmo e justamente muitos de nós ficamos nas laterais dos painéis. Bastante próximos dos apresentadores e convidados durante os anúncios (estar perto de Kevin Feige, Pedro Pascal, Paul Rudd e Evangeline Lilly, foi surreal), não havíamos imaginado que outro problema estava prestes a ser mostrado em nossos olhos, mas que só notaríamos horas depois: Maria Bopp.    Conhecida por fazer muito sucesso nas redes sociais com a “Blogueirinha do Fim do Mundo” e ter interpretado Bruna Surfistinha na sucedida série “Me Chama de Bruna”, era um desafio para ela em meio a cultura pop (algo que ela realmente nunca foi muito conhecida, inclusive grande parte das pessoas presentes do painel, não a conheciam). Quando a mesma começou a todo momento interromper o cineasta Fernando Meirelles (que estava sendo homenageado, no início do painel), para falar de sua carreira e se atrapalhar na leitura de frases clichês no teleprompter, os problemas começaram a serem notados por uma grande parcela do espectador.  Mas o grande momento “vergonha alheia”, foi quando a mesma foi colocada para entrevistar o ator Alexander Ludwig (da série “Vikings”), pois além de fazer várias perguntas clichês, brincadeiras aleatórias e sem graças (como colocar ele vendo um oriental jogando um machado e dois “lutadores” se batendo, enquanto ela “parava” para poder falar que ela era a “fod*na” no palco e pedia fotos do público). Quando tudo não parecia estar mais vergonhoso (o mesmo inclusive, estava desconfortável em vários momentos), quando chegou a hora dela retratar sobre a série “Hells” (estrelada pelo ator, em 2021), ela não sabia sequer qual plataforma ela se encontrava (e ainda confundiu “Star+” com “Star”, e encerrou o mesmo sem citar que ela está disponível no Lionsgate+).    Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação) Quando a dupla saiu do palco, e Marcelo Forlani assumiu para comandar a atração da Disney, a sensação foi de alívio. Porém, outro descuido bastante breve foi cometido pelo mesmo (e que poderia ter sido evitado com uma simples palavra). 80% das atrações mostradas em vídeos nos painéis, foram ditas pelo mesmo que eram totalmente exclusivas e que só os presentes iriam ver elas serem mostradas, mas que cerca de dois minutos depois já estavam disponibilizados pelos estúdios na internet. Isso ocorreu com os trailers de “Transformers: O Despertar das Feras”, “Indiana Jones: O Chamado do Destino” e até mesmo “Guardiões da Galáxia: Vol. 3” (que inclusive foi dito isso na presença do próprio Kevin Feige, Presidente da Marvel). A sensação de tristeza de vermos conteúdos que valessem à espera, acabaram sendo aumentadas (uma vez que os próprios painéis do estúdio ainda contavam com pré-estreias exclusivas).     Isso sem citar que durante boa parte dos painéis da Disney, muitos staffs estavam totalmente confusos e achavam que não poderiam filmar presenças dos astros no palco (o que resultou em alguns conflitos e discussões desnecessárias). Mas para os que pensam que foi um desastre completo, confesso que o primeiro dia no Auditório Thunder Cinemark Club se salvou por conta da presença dos astros da Disney, pois realmente era nítido que muitas pessoas ali ainda não sabiam o que deveria se fazer e não houve nenhum preparo ou estudo sobre o que deveria ser executado. Desde então prometi para mim mesmo que não iria mais me prender naquele local, nos próximos três dias de evento. E realmente foi a melhor decisão que tomei (pois segundo muitos presentes no local, os problemas continuaram persistindo nos outros dias). Ao andar na feira na