Crítica | Abracadabra 2

Engenharia do Cinema Em meio a uma época onde vários filmes dos anos 80 e 90, vem ganhando continuações, alguns projetos foram solicitados pelos fãs durante anos. O que é o caso deste “Abracadabra 2“, que desde 1993 vem se cogitando de ser feito. Anunciado em 2020, o mesmo contou com o retorno das atrizes Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy como as bruxas Winifred, Sarah e Mary. Tirando elas, o ator Doug Jones (interprete do zumbi Billy Butcherson) e o roteirista/produtor David Kirschner, quase mais ninguém retornou e temos uma equipe totalmente nova e a direção de Anne Fletcher (que não vinha apresentando boas comédias desde “A Proposta“). Sim, estamos falando de mais uma bomba realizada pela Disney. A história é quase igual a do primeiro filme, com as adolescentes Becca (Whitney Peak) e Izzy (Belissa Escobedo) acidentalmente ressuscitando o trio de bruxas Winifred, Sarah e Mary, na noite de Halloween. Quando elas voltam mais uma vez para o nosso mundo, a dupla tenta descobrir um jeito de mandar estas de volta. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) É um fato que o primeiro longa nunca foi uma obra-prima, mas devido ao fato de ter sido lançado na era de ouro do cinema live-action da Disney (que foi durante os anos 90/2000), criou uma longa quantidade de fãs. Para conceber este projeto, parece que a roteirista Jen D’Angelo apenas pensou “vamos colocar o que funcionou no primeiro, atualizaremos com algumas questões sociais e fará sucesso!”. Porém, isso acaba sendo jogado de maneira tão rasa e precária, que quando estamos na metade da exibição só pensamos “onde eles querem chegar com isso?”. E assim como na série da “Mulher-Hulk” e no recente “Pinóquio“, este longa apela por colocar todos os personagens masculinos como idiotas ou vilões (inclusive, há uma cena constrangedora com Becca dando uma lição de moral, de forma repentina e sem sentido, no namorado de Cassie, Mike), e alguns deles que poderiam ter tido uma maior importância, ficam até esquecidos na fila do pão. Como é o caso de Gilbert (Sam Richardson, totalmente desperdiçado). Isso sem citar que o enredo apela para piadas e situações bastante clichês, de personagens que surgem em uma sociedade diferente e tem um enorme conflito. Como vivemos em uma época onde as pessoas não aceitam nem uma crítica negativa de uma série, as piadas se resumem a comer maquiagens e sumir com maçãs doces (estou falando sério). E chega a ser triste, pois durante os anos 80/90, Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy eram estrelas neste gênero cômico/aventura, e aqui elas ficam como figurantes e até mesmo elas não são sequer parecem as verdadeiras protagonistas.    “Abracadabra 2” mostra que realmente a Disney está com uma incrível habilidade de conseguir destruir seus próprios filmes, com êxito. Infelizmente   

Crítica | A Queda

Engenharia do Cinema Confesso que em um primeiro momento, ao ver a premissa deste “A Queda“, cai na gargalhada, pois o material promocional não procura analisar o contexto da história do filme e sim da ação que as duas protagonistas passam, já que elas ficam presas em uma torre de rádio abandonada. Neste contexto, me peguei no pensamento sobre o “por que diabos elas resolveram ir até lá?”, e em uma geração onde pessoas perdem tempo com coisas fúteis e caçam erros em diálogos e em frases supérfluas, isso seria algo “cabível”. Porém, o roteiro de Jonathan Frank e Scott Mann (que também assinou a direção), consegue ir até um pouco mais além. Após seu marido Dan (Mason Gooding) sofrer um fatal acidente durante uma escalada, Becky (Grace Caroline Currey) se encontra em uma tremenda depressão por um ano. Até que sua melhor amiga Shiloh (Virginia Gardner) resolve levar a mesma para escalar uma torre de rádio de dois mil pés, com o intuito de homenagear o finado e despejar suas cinzas no topo da mesma. Só que a dupla não imaginaria que ficariam presas no local e sem ter como ter contato com o mundo exterior.     Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Começo enfatizando o trabalho do diretor Scott Mann, que consegue desenvolver uma atmosfera de suspense sempre em momentos distintos, com o intuito de conseguir captar a atenção do espectador mais desatento (uma vez que o público deste filme, em muita das vezes desafia a atenção com aparelhos celulares). E o recurso só não funciona ainda mais, porque a Lionsgate não disponibilizou o mesmo na versão 3D (que certamente, causaria uma repercussão gigantesca com o apoio desta tecnologia). Outro grande êxito são as atuações de Currey e Gardner, que tiveram uma missão complicada de atuarem diante de um fundo verde durante boa parte da projeção. Porém, o roteiro acaba apelando para diversas situações clichês e banais, pelas quais acabam fazendo o projeto ser previsível ao máximo (inclusive, eles não se atrevem a tentar brincar/enganar o espectador).  Claramente no caso de “A Queda“, estamos falando de um projeto que merece ser visto na melhor qualidade o possível, uma vez que a atmosfera criada é para ser conferida nos cinemas e na melhor qualidade o possível.

Crítica | Lou

Engenharia do Cinema Ansiedade. Essa é a palavra ideal para definir “Lou“, novo longa da Netflix, estrelado por Allison Janney, Jurnee Smollett e Logan Marshall-Green. Pensem em um filme que ao invés de trabalhar uma atmosfera, criar um suspense e fazer o espectador refletir, antes de entregar seu principal arco de reviravolta, aposta em jogar tudo o mais rápido possível e transforma a primeira em uma atriz a lá Liam Neeson (“Busca Implacável“). Só que eles esqueceram que precisavam de um roteiro melhor.     A história tem início com a misteriosa Lou (Janney), que após quase atropelar a pequena Vee (Ridley Asha Bateman) passa a refletir bastante sobre a situação e se sentir culpada. Mas como “redenção”, ela acaba ajudando a mãe desta, Hannah (Jurnee Smollett) quando a menina é sequestrada.     Imagem: Netflix (Divulgação) Confesso que nos primeiros 40 minutos, a narrativa chega a ser convincente, uma vez que a própria Janney casa perfeitamente com este tipo de personagem (embora ela tenha se destacado com comédias, este é o primeiro filme de ação que ela estrela). Mas quando o roteiro de Maggie Cohn e Jack Stanley opta por entregar o ploats ainda longe do desfecho, sentimos que não existe mais uma possibilidade de atmosfera, muito menos um esforço vindo da diretora Anna Foerster. Isso porque ainda não citei que nos 30 minutos finais, ainda optam por trocar o gênero do longa para o drama (sendo que este tipo de atmosfera sequer foi desenvolvida), e deixa o espectador que estava ansioso por um cenário a lá “John Wick”, se deparar com uma novela mexicana que está repetindo pela milésima vez no SBT (uma vez que tudo acaba sendo previsível, desde que o ploat foi revelado).    “Lou” acaba sendo mais um título da Netflix que desperdiça grandes nomes e joga tudo em uma bagunça, que só irá servir para lotar o catalogo da mesma.

Crítica | Bling Ring: A História Por Trás dos Roubos

Engenharia do Cinema No embalo de várias minisséries que trazem a história de crimes famosos pelo mundo, a Netflix disponibilizou agora uma sobre o icônico arco dos adolescentes que roubaram várias mansões de celebridades entre 2008 e 2009, em “Bling Ring: A História Por Trás dos Roubos“. Apesar do arco já ter sido contado no filme de Sofia Coppola (“Encontros e Desencontros“), em 2013, a produção optou por retratar a versão real de tudo que aconteceu, uma vez que o próprio roteiro tomou decisões criativas e mudaram algumas coisas.    Acompanhamos a história sendo contada por Nick Norgo, Alexis Haines e Andrea Arlington-Dunne, que procuram detalhar desde o princípio o que realmente os motivou a fazerem datadas situações e como Hollywood, foi “culpada” por seus comportamentos.     Imagem: Netflix (Divulgação) Dividida em três episódios com cerca de 50 minutos cada, o diretor Miles Blayden-Ryall procurou deixar claro no início de cada capítulo que ele iria focar sua narrativa em boletins de ocorrência e simulação com atores. Porém, não é o que realmente acabamos vendo. Faltou ele ter criado uma atmosfera maior de consequência para os atos do grupo, uma vez que a todo momento ele concebeu a narrativa da forma que os ladrões pensavam ao cometer seus crimes (tudo muito divertido, lindo e até mesmo justo).     Mesmo com depoimentos de juízes, promotores e até mesmo do próprio investigador policial, o enredo chega até mesmo a colocar as vítimas em segundo plano (uma vez que eles são “burgueses malvados”, e apenas a atriz Audrina Patridge presta um depoimento e ainda sim deixam ele apagado na narrativa). Mas não estamos falando de um documentário horrível, muito pelo contrário, ele acaba sendo até interessante para nós pararmos para ver o quão a fama deixa o ser humano cada vez mais ignorante (uma vez que muitos deixavam suas residências abertas e quando estavam fechadas, as chaves se encontravam próximas).     “Bling Ring: A História por Trás dos Roubos” é mais uma minissérie da Netflix, cuja narrativa serve para enaltecer os atos dos verdadeiros vilões e deixar os mocinhos para escanteio.

Crítica | Blonde

Engenharia do Cinema Não tem como notar que a Netflix tem tentado reformular a história da icônica Marilyn Monroe, desde o lançamento do documentário “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas“ e agora com este “Blonde” (que ficou na geladeira da plataforma durante quase dois anos). Conhecida por ter uma personalidade boêmia, misteriosa e polêmica, neste filme de Andrew Dominik (que assina o roteiro e direção), parece que estamos falando de uma mulher que foi vítima de uma escuridão recorrente em Hollywood, mas que ela não estava ciente de alguns atos (quando muitos sabem, que ela estava).     Inspirado no livro de Joyce Carol Oates, a trama é um misto de ficção com realidade e contra a trajetória de Monroe desde sua infância e passamos por diversas fases de sua vida, por intermédio de situações chaves e marcantes. Porém, os nomes da maioria dos personagens são “trocados” (e a justificativa é plausível, datado os primeiros minutos que enaltece isso na relação entre ela e sua mãe, vivida por Julianne Nicholson) e até mesmo tratados como pseudônimos (no caso, o nome artístico Marilyn Monroe é dito apenas quando entrelaçado aos seus trabalhos e na vida pessoal ela sempre é citada como Norma Jeane). Apesar de a própria Netflix ter usado o argumento que seria seu primeiro filme com a classificação NC-17 (censura que proíbe quaisquer menores de 17 anos, assistam a obra), confesso que não existe absolutamente nada que seja retratado para ter “conquistado essa proeza”. Tudo acaba soando como um mero marketing do serviço, uma vez que eles tinham em mãos um conjunto de cenas que sempre acabam caindo no mesmo buraco (o trauma de Monroe nunca ter conhecido seu Pai) e acaba se tornando algo constante durante quase às três horas de filme (que certamente poderiam ter menos 30/40 minutos). Imagem: Netflix (Divulgação) Isso porque ainda não citei que neste filme a verdadeira heroína foi Ana de Armas, que certamente encarnou totalmente uma das principais Sex Symbol de Hollywood. Seja por conta das expressões, fala delicada/rouca, olhares e até mesmo o trabalho da equipe de cabelo e maquiagem (que deixaram ela assustadoramente igual aquela). Apesar dela não ter uma química com Bobby Cannavale e Adrien Brody (que interpretam seus primeiro e segundo maridos, respectivamente), nitidamente o intuito do diretor foi mostrar que ela era uma pessoa única e não precisava de mais ninguém (e isso falhou feio). E ainda não citei o quão chulo foi o ato que mostrava o caso dela com o Presidente Kennedy, que chega a ser um arco vergonhoso (tamanha complexidade que havia neste relacionamento de ambos). E ainda Dominik procura enfatizar dois momentos distintos de Monroe, onde o primeiro mostra sua vida pessoal e o segundo o seu trabalho na dramaturgia. Só que por mais que ele tente jogar pautas atuais no projeto (como abusos sexuais, verbais e outras coisas torpes que haviam na indústria), sentimos que tudo foi jogado apenas para “agradar” uma parcela do espectador que só busca isso nos filmes e nada mais além.   Um outro motivo para vermos o quão o diretor jogou potencial fora, foi a fotografia de Chayse Irvin que só se resume a formatos de tela (Widescreen e Fullscreen) e tomadas em preto e branco (que acabam sendo clichês e horríveis). Faltou algo tão marcante e memorável como foram as sequências dos filmes “O Pecado Mora ao Lado” e “Quanto Mais Quente Melhor” (cuja a primeira conversa dela sobre o projeto, chega a ser uma piada ofensiva para quem conhece o mesmo). “Blonde” acaba sendo mais um projeto biográfico da Netflix, que promete muito e só acaba entregando apenas uma atuação visceral da cubana Ana de Armas.

Crítica | Justiceiras

Engenharia do Cinema Não é novidade que a Netflix cada vez mais aposte em nomes como Camila Mendes e Maya Hawke, para usar em suas produções (afinal, enquanto uma faz sucesso em Riverdale a outra em Stranger Things). Em Justiceiras, eles pegam uma famosa fórmula que deu certo nos anos 80, nas produções concebidas por John Hudges (Clube dos Cinco), para conceber uma produção que realmente se assemelhe com o que fora vista naquela época, mas com um viés mais “atual”. E é aí que está o problema desta produção, que extrapola neste quesito e nos distancia de suas características.     A história tem início com Drea (Mendes), que após ter seu vídeo íntimo vazado para toda sua escola, passa a querer vingança pelos responsáveis pelo ato. E neste meio tempo ela acaba tendo seu caminho cruzado com Eleanor (Hawke), uma nova aluna do local e que passou por um momento turbulento em seu recente namoro. As duas acabam se unindo por um bem comum: a de vingança para aqueles que lhes humilharam.      Imagem: Netflix (Divulgação) Já dizia o poeta Seu Madruga: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. Antes o roteiro de Celeste Ballard e Jennifer Kaytin Robinson (que também assina a direção), fosse concebido com esta frase como plano de fundo. Uma vez que apesar de termos duas atrizes com um ótimo carisma, o enredo capta pelo estilo clichê e habitual de ambas: a patricinha latina e a famosa “maria moleque”. Se o público alvo tiver na faixa dos 8/14 anos, esta produção realmente foi feita para elas, agora os mais velhos os erros e falta de conectividade ocorrerão de forma constante.    Nem mesmo a ponta da famosa atriz dos anos 90 Sarah Michelle Gellar (a famosa “Buffy”), consegue ter uma ponta relevante neste longa (inclusive, parece ser uma estratégia da Netflix, ao chamar estes atores dos anos 80/90, para suas produções, com o intuito de chamar o espectador mais velho). E quando tudo não parecia ficar mais esquisito, temos aquela enorme sensação de vários tópicos terem sido jogados e sem um intuito de serem explorados direto (vide o arco da antagonista Erica, vivida por Sophie Turner). Justiceiras acaba se tornando mais uma produção teen da Netflix, que certamente fará sucesso entre os pré-adolescentes fãs de Camila Mendes e Maya Hawke.

Crítica | A Mulher Rei

Engenharia do Cinema Certamente este é mais um daqueles casos onde a polêmica cerca o filme, quando começamos a pesquisar mais sobre seu verdadeiro enredo. Mesmo com “A Mulher Rei” mostrando a tribo de mulheres Agojie como verdadeiras heroínas, quando na verdade a tribo estava envolvida em tráfico de escravos em meados de 1820, no sudoeste da Nigéria. Tretas à parte, estamos falando de um verdadeiro Blockbuster pipoca, ou seja, não espere nada digno de Oscar e sim uma aventura comum e bem conduzida por seus atores. A história tem início em meados dos anos 1823, quando muitos homens eram escravizados e cada vez mais a população destes ficava menor na Nigéria. Nesta situação, as mulheres acabaram ficando em maioria e se juntaram para formar a tribo Agojie. Lideradas por Nanisca (Davis), onde após participar de uma batalha em uma aldeia, acaba convocando a agora órfã Nawi (Thuso Mbedu), para começar a desenvolver habilidades de batalha, com o intuito de poder lutar contra a tirania do Império Oyo.    Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Começo enfatizando que o roteiro de Dana Stevens e Maria Bello procura estabelecer atmosferas já conhecidas no cinema, como da Jornada do Herói“, para estabelecer um enredo que consiga conquistar o espectador. Embora o recurso funcione, o ponto positivo é realmente a presença de Davis como protagonista, que consegue transparecer a todo momento sua importância e respeito entre todos os personagens. Apesar dela ter a cena um pouco ofuscada pela novata Thuso Mbedu (que provavelmente vai começar a crescer na indústria). Mas mesmo com isso funcionando, não foi apenas o problema que foi citado no primeiro parágrafo um grande descuido no roteiro (uma vez que ele poderia ter criado um enredo mais pé no chão, neste quesito), eles pegaram os ingleses Hero Fiennes Tiffin e Jordan Bolger para interpretarem os “brasileiros” Santo Ferreira e Malik (que possuem um sotaque carregado no português e um comportamento totalmente estranho para tais).    Desviando do tópico citado um pouco, realmente a diretora Gina Prince-Bythewood (“The Old Guard“) não sabe conduzir cenas de ação e até mesmo criar uma atmosfera digna do gênero. Seja nas cenas de luta (que possuem vários cortes, que mostram o fato de nenhum ator do elenco saber lutar) ou até mesmo na colocação da trilha sonora de Terence Blanchard sendo usada de forma clichê para momentos chaves (sempre quando algo surge, um drama tá rolando e etc).     Por mais que tenha alguns erros históricos gritantes, “A Mulher Rei” consegue ser um interessante e divertido Blockbuster, que irá entreter os fãs de longas como “Pantera Negra“. Obs: durante a exibição da versão legendada, a mesma apresentou alguns erros que são culpa da Sony Pictures Brasil, pois haviam legendas/textos em branco, abaixo/sobrepondo legendas em português. Um descuido que acaba comprometendo a experiência de quem optou por conferir o mesmo nesta respectiva versão.

Crítica | Não Se Preocupe, Querida

Engenharia do Cinema Realmente estamos falando de um projeto um tanto que polêmico, uma vez que muitas pessoas desviaram a atenção do longa para focar nas tretas de bastidores (como o namoro de Olivia Wilde com Harry Stiles, as confusões de ego entre esta e Florence Pugh e a mais recente “cuspida” daquele em Chris Pine). O fato é que por aqui falamos e bebemos cinema, e fofocas deixamos para aquelas páginas que “entendem de cinema”. Sim, Não Se Preocupe, Querida é uma daquelas produções que conseguem entrar em nossa cabeça e nos fazer se questionar realmente sobre o que vai acontecer.     A história é centrada no casal Alice e Jack Chambers (Pugh e Stiles), que resolvem se mudar para um local totalmente tranquilo, em meados dos anos 50. Enquanto os homens trabalham, as mulheres cuidam da casa e da família, mas embora o clima conservador do local pareça um tanto que normal, a primeira passa a desconfiar que nem tudo é o que parece. Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Começo enfatizando o talento de Olivia Wilde como diretora, que em Fora de Série já havia mostrado brevemente que possui realmente um dote plausível e que merecia reconhecimento (uma vez que ela sabia tratar bem as sequências de romance, comédia e até mesmo com outras tecnologias como a de Stop-Motion). Aqui, ela nitidamente aplicou um estudo sobre as principais atrizes dos anos 50 e colocou o visual delas em todas as personagens (ela mesma, remeteu a Bette Davis), em uma referência que é nítida para aqueles que conhecem realmente a sétima arte. Enquanto os homens remeteram aos mafiosos (uma vez que em 80% das cenas, os vemos de ternos em preto e branco), que naquela época estava em ápice. Isso sem citar o figurino, design de produção e até mesmo diálogos, que remetem a um filme dos anos 50. Isso sem citar que ela sempre coloca um pouco de figuras homeopáticas, que tendem a ser como “pílulas” dentro de nossa mente, ao tentar raciocinar sobre o que está por vir. Embora algumas atuações, também remetam a enorme estranheza da situação como um todo (lembrando até momentos da clássica série The Twilight Zone – Além da Imaginação). Com relação às atuações, realmente ela foi inteligente em ter colocado Florence Pugh (Midsommar) como a protagonistas e Chris Pine (Star Trek) como antagonista, uma vez que ambos já conseguiram demonstrar que possuem o semblante necessário para ambos estilos. Embora Harry Stiles esteja operante, não podemos realmente dizer que ele é bom como ator neste papel. Não Se Preocupe, Querida acaba sendo um interessante suspense, que não deixa de ser uma carta de amor ao cinema clássico.

Crítica | Cinco Dias no Hospital Memorial

Engenharia do Cinema Sem dúvidas a Apple TV+ cada vez mais se mostra como uma das melhores plataformas de streaming, se tratando de séries que conseguem prender o espectador. “Cinco Dias no Hospital Memorial” realmente se enquadra neste quesito, uma vez que consegue mostrar um assunto bastante delicado, e nos colocar dentro da pele dos personagens. O resultado foi uma das mais impactantes produções deste ano, se tratando de minisséries. Baseado em fatos reais, a história se passa em meados de 2005, quando o Furacão Katrina atingiu a cidade de Nova Orleans, nos EUA, deixando a mesma totalmente destruída. E no meio deste cenário caótico, o maior hospital da cidade começa a ficar sem recursos, e aos poucos começam a enfrentar diversas condições precárias. Após cinco dias em meio ao caos e todos terem ido embora do local, investigadores vão ao mesmo e encontram vários corpos de pacientes sem vida. É quando os principais médicos do local, acabam sendo julgados por assassinato. Imagem: Apple TV+ (Divulgação) O roteiro da dupla Carlton Cuse e John Ridley realmente poderia ter apelado para o sensacionalismo barato, e até mesmo diversos clichês que vemos em séries como “Grey’s Anatomy“. Porém, a dupla sabe sobre as diversas possibilidades que poderiam ser desenvolvidas, e por isso optam por dividir cada um dos oito episódios com um propósito. Enquanto os dois primeiros capítulos procuram apresentar todos os personagens e a vinda do furacão, os outros acabam mostrando detalhadamente, os cinco dias que os presentes no hospital passaram. Quando chega a hora deles serem julgados, já conseguimos estar dentro daquela atmosfera bastante cientes de quem foram os verdadeiros culpados.   Apesar de Vera Farmiga (Dr. Anna Pou) ter sido vendida como a grande protagonista da atração, digo com total seriedade que ela acaba sendo uma coadjuvante, uma vez que a função decai para o próprio hospital, cujos médico e pacientes enfrentaram situações caóticas, que são retratadas com bastante suspense e drama na medida certa (com enfase nas tomadas de inundação do hospital e dos primeiros resgates, que ficaram realmente impactantes). “Cinco Dias no Hospital Memorial” consegue ser uma minissérie que nos prende por diversos fatores, e aproveita das diversas possibilidades que foram criadas em um cenário real e caótico.