Crítica | Ruby Marinho: Monstro Adolescente

Engenharia do Cinema Pegando carona no polêmico marketing de “A Pequena Sereia“, a Dreamworks acabou vendendo a animação “Ruby Marinho: Monstro Adolescente” de forma totalmente errada em vários aspectos. Primeiro, porque deram a entender que se tratava de uma história onde a protagonista seria uma Sereia, ao invés de uma família de Kraken; Segundo que resolveram lançar a própria junto de outras grandes franquias como “Indiana Jones” e “Missão Impossível“, ou seja, não vai conseguir facilmente se pagar apenas nos cinemas (uma vez que custou US$ 70 milhões). A história mostra uma família de Krakens, os Gillman, que decidem ir morar em terra firme, e seguir uma vida “normal” entre os humanos. Tímida e tentando se enturmar mais com os colegas de escola, a jovem Kraken, Ruby acaba acidentalmente se envolvendo em um incidente que não só lhe coloca como amiga da garota mais popular daquele, Chelsea, como também lhe faz aproximar de sua avó, que é a Rainha dos Krakens e mora em pleno oceano. Imagem: Dreamworks Animation (Divulgação) Com uma metragem de 90 minutos, estamos com uma animação voltada mais para o público infantil, em vários sentidos. Seja por conta da cores beirando a tonalidades alegres e coloridas, ou pelo enredo de fácil entendimento e com personagens que conseguiram cativar este público por conta de sua ingenuidade (como é o caso do “cachorro” da família, que rouba a cena). O roteiro assinado pelo trio Pam Brady, Brian C. Brown e Elliott DiGuiseppi parece ter tirado o máximo possível de referências de outras obras infanto-juvenis que deram certo (como as produções “Wandinha“, “Sky High” e a própria “A Pequena Sereia“), para conceber sua narrativa, embora houvesse muitas possibilidades de serem exercidas situações originais e divertidas. “Ruby Marinho: Monstro Adolescente” termina sendo um divertimento genérico infantil, cujo resultado será o mesmo que levar os pequenos em um parquinho no shopping, pois eles vão se divertir e algumas horas depois vão esquecer o que acabaram de fazer.
Crítica | Silo (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Em meio a um cenário com poucas séries que realmente conseguem possuir uma ótima qualidade, “Silo” é uma das melhores atrações lançadas neste ano de 2023. Inspirado no livro de Hugh Howey, com fortes inspirações na clássica obra de George Orwell, “1984” e remetendo demais ao cenário de vários países atualmente, a atração estrelada por Rebecca Ferguson (dos últimos três filmes da franquia “Missão Impossível”) conquista seu espectador já no piloto (cujo foco não é ela). A série se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde a raça humana vive em um bunker de alta segurança chamado “Silo”. Por lá, todos os moradores vivem sob um regime totalitário e aqueles que começam a questionar o próprio, podem sofrer penas irreversíveis. Até que, após um escândalo envolvendo a política do local, a mecânica Juliette Nichols (Ferguson) é colocada na patente de Xerife do próprio e começa a investigar o que realmente está acontecendo. Imagem: Apple TV+ (Divulgação) Dividida em nove episódios (com cerca de 50 minutos, cada), essa primeira temporada primeiro começa a mostrar aquele universo logo no seu episódio piloto. Não focando na verdadeira protagonista, e sim no casal Allison (Rashida Jones) e o Xerife Holston (David Oyelowo), já começamos a perceber quais serão as verdadeiras intenções dos governantes locais e estabelecemos um cenário que aos poucos vai jogando suas teias (algo que muitas séries resolvem fazer, porcamente, já no meio/final da temporada como em “The Last of Us“). E o próprio funciona, pois durante boa parte dos episódios, nos pegamos refletindo as motivações dos chefões da atração, coincidindo com vários governantes mundiais no cenário atual (inclusive, o jogo psicológico que fazem com os moradores do local, para acusar de algo quem age diferente). E neste contexto que entra o governante Bernard Holland (Tim Robbins, que voltou a ter um ótimo e grande papel, depois de anos) e o investigador Robert Sims (Common, no seu papel mais assustador na carreira, pois sua presença em algum local, já consegue amedrontar qualquer um). Partindo para a protagonista vivida por Rebecca Ferguson, apesar dela casar e muito com os últimos personagens dela em longas como “Missão Impossível”, pois ao mesmo tempo que exibe o perfil de durona, também possui um lado humano (que é exemplificado não apenas em flashbacks, mas em pequenas atitudes como um olhar, lágrima, expressão Embora não seja muito complexo na hora de desenvolver o cenário (já que estamos vendo a todo momento um bunker, e isso requer um CGI plausível, da forma que foi feito), o design de produção assinado por Gavin Bocquet lembra e muito o visual da franquia “Star Wars” (inclusive, o próprio assinou a função nos Episódios I, II e III, da saga citada). A primeira temporada de “Silo” só deixa comprovado que o streaming da Apple TV+, está cada vez mais acertando em mais qualidade em suas atrações, ao invés da quantidade.
Crítica | Nimona

Engenharia do Cinema Originalmente sendo concebido pela Blue Sky Studios (divisão de animação da Fox Film), a animação “Nimona” foi cancelada pela própria Disney, após o fechamento daquele (embora 70% do projeto já estivesse pronto), em 2021. O longa foi adquirido pela Annapurna e Netflix, que encaminharam o mesmo para a DNEG Animation, com o intuito de finalizarem o projeto (naquele mesmo ano). Embora esteja sendo vendido para o público infantil, nitidamente estamos falando de uma animação que irá funcionar mais para o público adolescente/adulto, uma vez que várias temáticas abordadas pelo próprio, os primeiros não vão compreender devidamente. Originalmente sendo concebido pela Blue Sky Studios (divisão de animação da Fox Film), a animação “Nimona” foi cancelada pela própria Disney, após o fechamento daquele (embora 70% do projeto já estivesse pronto), em 2021. O longa foi adquirido pela Annapurna e Netflix, que encaminharam o mesmo para a DNEG Animation, com o intuito de finalizarem o projeto (naquele mesmo ano). Embora esteja sendo vendido para o público infantil, nitidamente estamos falando de uma animação que irá funcionar mais para o público adolescente/adulto, uma vez que várias temáticas abordadas pelo próprio, os primeiros não vão compreender devidamente. Imagem: Netflix (Divulgação) Em seu trabalho antecessor na animação “Um Espião Animal“, a dupla Nick Bruno e Troy Quane já haviam mostrado que sabem como desenvolverem histórias com dois personagens com uma personalidade diferente, além de tirarem várias situações divertidas. Aqui a dupla nitidamente soube escolher a Chloë Grace Moretz para dublar a protagonista, uma vez que a própria combina com Nimona em vários sentidos (inclusive, a sua mixagem de som é mais alta do que a dos outros personagens, com o intuito de falarem que ela é diferente dos demais). Desbocada, sem paciência e zoeira, ela é uma personagem que facilmente gostamos. Enquanto seu parceiro, Ballister Boldheart tem uma trama mais séria e tensa, uma vez que além de ter lutar para provar sua inocência, ainda vive um romance com o seu amigo e cavaleiro Ambrosius Goldenloin (dublado por Eugene Lee Yang). Diferente de outras produções, este arco funciona mais por mérito do roteiro de Robert L. Baird e Lloyd Taylor, que procura humanizar a dupla e não apenas colocar o romance por colocar. Com relação aos traços da animação, o recurso que mescla 2D tradicional com o 3D, remete e muito a outra produção da Netflix (o ótimo “Klaus”). Funcionaria melhor vendo nas telonas? Se estivesse acompanhada do recurso dos óculos 3D, acredito que seria interessante (principalmente nas cenas de ação). “Nimona” termina sendo mais uma grata surpresa na área de animações da Netflix, onde embora funcione mais para o público adulto, abre portas para uma possível nova franquia.
Crítica | Um Dia Cinco Estrelas

Engenharia do Cinema Não é novidade que o cineasta Hsu Chien sempre procurou mirar em cenários atuais, para colocar em suas obras cinematográficas. “Me Tira da Mira” foi a questão dos blogueiros imbecis (apesar de ser uma sátira na pegada de “Corra Que a Polícia Vem Aí“), “Desapega” foi sobre os gastos excessivos dos brasileiros, e agora em “Um Dia Cinco Estrelas“, ele retrata um dia da vida de um cidadão que se vê obrigado a trabalhar como Uber, para completar sua renda. E apesar de ser vendido como uma comédia, a produção nos faz mais refletir, do que rir. Após o telhado de sua casa ter uma infiltração, suas contas não fecharem e ainda ter de realizar uma festa de aniversário para sua mãe (Nany People), Pedro Paulo (Estevam Nabote) se vê obrigado a trabalhar como Uber para conseguir arcar com as despesas. Só que ele não esperava vivenciar várias situações inusitadas. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Nos primeiros minutos iniciais, atire a primeira pedra qual brasileiro de classe média para baixo, não passou situações degradantes com relação a chuvas fortes, problemas salariais e contratempos com filhos. E em meio a este cenário, os aplicativos acabaram sendo uma das grandes saídas para a maioria dos cidadãos ao redor do globo. E isso coincide com o carisma absoluto de Estevam Nabote (que vem de esquetes do Youtube), que com seu carisma e feições, consegue cativar o espectador facilmente. Em contraponto, temos sua mãe, vivida por Nany People, que nitidamente estava se divertindo no projeto, uma vez que ela interpreta uma personagem que se casa com sua personalidade. Ocorrem algumas participações especiais de nomes como Ed Gama e Danielle Winits, que conseguem se divertir brevemente (embora acabem viajando um pouco, dentro do contexto do enredo). E para fechar o pacote, ainda acompanhamos um dia na rotina do trabalho da esposa de Pedro, Manuela (Aline Campos). Isso mostra realmente algumas situações inusitadas que os vendedores enfrentam no mercado, em meio a cenários complicados. “Um Dia Cinco Estrelas” consegue ser uma divertida produção, que nos faz refletir o quão o brasileiro consegue ser criativo e dar a volta por cima, até nas piores situações.
Crítica | Sobrenatural: A Porta Vermelha

Engenharia do Cinema Existem filmes que mesmo sendo ruins, conseguem ter um aspecto técnico muito bom. E isso se encaixa perfeitamente no contexto deste “Sobrenatural: A Porta Vermelha“, que se trata do quinto filme da cinessérie, cuja motivação dele ter sido feito não vai além da bilheteria fácil (uma vez que ele já se pagou em seu primeiro fim de semana, tendo custado cerca de US$ 16 milhões e rendido US$ 74 milhões). Sendo a estreia do ator Patrick Wilson (“Watchmen”) na direção de longas, realmente o próprio consegue exercer bem a função, mas deu azar de pegar um texto fraco. Embora estejamos falando de uma franquia criada por Leigh Whannell (responsável pelo ótimo “O Homem Invisível”) e James Wan (que junto aquele também criou a franquia “Jogos Mortais”). A história ocorre dez anos depois do original, com Josh (Wilson) levando seu filho Dalton (Ty Simpkins) para sua universidade de artes. Porém, após este realizar um desenho de uma porta misteriosa, ele traz de volta a possibilidade de ambos conseguirem embarcar em uma realidade paralela à nossa, pelas quais eles podem encontrar seres diabólicos. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) À todo momento fica claro que Wilson está familiar com este universo, ao saber se comportar e retratar todos os seus personagens (principalmente Josh e Dalton). Tanto que para embarcar melhor nesta jornada, é necessário ter visto os dois primeiros filmes da franquia (uma vez que este é continuação direta do segundo). Mas quando passamos a raciocinar o roteiro de Scott Teems (que também escreveu o horrendo remake de “Chamas da Vingança“), sentimos que não há uma retratação aprofundada com os protagonistas e coadjuvantes. Inclusive, Simpkins está bem canastrão (para quem o viu recentemente em “A Baleia“, sabe o que estou falando) e Wilson bastante “perdido” (não sabendo discernir bem os momentos de drama e medo). Até acontecer alguma coisa realmente relevante, já notamos que o próprio está se aproximando de seus 30 minutos finais, e o tempo foi totalmente perdido em arcos em festinhas, sustos previsíveis (embora alguns ainda funcionem, pela direção ótima de Wilson) e retorno de personagens como a médium Elise Rainier (vivida pela sempre ótima, Lin Shaye), e a agora ex-esposa de Josh, Renai (Rose Byrne). “Sobrenatural: A Porta Vermelha” é mais um devaneio do cinema de horror, neste ano nos cinemas e acabará não só passando em branco por ter sido lançado na pior época, como também não nos mostrar nada de interessante para a franquia.
Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Engenharia do Cinema Não é novidade que a Disney estava há tempos tentando realizar um novo filme para o personagem Indiana Jones, depois que a compra da Lucasfilm foi concretizada. Depois de decepcionar muitos fãs com os últimos materiais cinematográficos de “Star Wars”, o selo finalmente mirou para a franquia estrelada por Harrison Ford. “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” usa e abusa de recursos de CGI, com o intuito de tentar fazer com que o primeiro volte a viver seus tempos de ouro como o citado. Funciona, mas ainda há ressalvas. A história se passa em meados dos anos 60/70, quando Indiana está vivendo uma vida triste e pacata, ainda trabalhando como professor e tendo alunos ainda menos interessados em suas aulas. Porém, ele tem seu caminho cruzado com sua afilhada, Helena (Phoebe Waller-Bridge) que comenta estar atrás de um artefato que seu próprio Pai sonhava em desvendar seus segredos. Eis que a dupla descobre que os nazistas, liderados pelo Dr. Voller (Mads Mikkelsen), também estão atrás do próprio, e começa um enorme jogo de gato e rato pelo próprio. Imagem: Lucasfilm (Divulgação) Depois que Steven Spielberg abriu mão de dirigir a franquia (já que ele estava ocupado com “Os Fabelmans” e finalizando outros projetos), o estúdio contratou o ótimo James Mangold (“Ford vs Ferrari” e “Logan‘) para assumir a função. Realmente, embora este tenha como marca grandes cenas de impacto no quesito dramático (pelas quais são regadas de violência, na maioria das vezes), aqui o próprio parece ter feito o copia e cola de tudo que Spielberg fez na trilogia original. E digo isso com total clareza, pois até a fotografia com tonalidades amareladas/depressivas de Phedon Papamichael (que já fez com Mangold filmes como “Johnny e June“) remete aos trabalhos clássicos de Douglas Slocombe (falecido em 2016). Felizmente John Williams pode voltar ao posto de responsável pela trilha sonora, e não existia um profissional melhor para saber como conduzir esta função na saga. Isso faz com que não exista uma marca ou diferencial marcante neste filme, apenas um conjunto de cenas que homenageia o legado do próprio. Porém, isso funciona? A minha resposta é sim! Embora em muitas das cenas vemos que foram utilizados Deep Fake e CGI carregados para rejuvenescer Harrison Ford (uma vez que o próprio já está com 80 anos, e ainda contundiu a perna durante as gravações), especialmente em cenas de ação extrema (já que o próprio não teria como andar correndo à cavalo ou saltar de vagões de trens). Inclusive estas realmente funcionam e prendem nossa atenção (uma vez que ocorrem em boa parte da projeção). Com relação ao elenco de apoio, há algumas participações breves, mas bem retratadas de nomes como Antonio Banderas (“A Máscara de Zorro“), Toby Jones (“Capitão América e o Soldado Invernal“) e John Rhys-Davies (que retorna como o velho amigo de Jones, Sallah), enquanto os vilões vividos por Mads Mikkelsen e Boyd Holbrook (da série “Narcos“), se distinguem no quesito de espalhar o caos, uma vez que o primeiro por suas atitudes e olhares, enquanto o segundo literalmente resolve tudo “na bala” (chegando até ser previsível seus arcos, em certo ponto). Outra questão bastante polêmica no enredo, seria se Phoebe Waller-Bridge se tornaria a “nova Indiana Jones”, uma vez que os roteiros vazados e informações de insiders indicavam isso. Porém, a própria não apenas se assemelha demais com sua personagem em “Fleabag” (inclusive, há algumas referências a série), como não possui um semblante de protagonista para este tipo de filme, ou seja, ela precisará sempre de um Harrison Ford, para conseguir ter sentido de existir e possui motivações. “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” não consegue ser uma obra digna de uma despedida grandiosa para Indiana Jones, mas diverte aqueles que estavam com saudades do bom e velho Harrison Ford.
Crítica | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint-Seiya o Começo

Engenharia do Cinema Não hesitarei em dizer que estamos falando de um dos mais fracassados e piores filmes lançados em 2023. Custou para a Sony cerca de US$ 60 milhões e rendeu até agora US$ 6.7 milhões (e dificilmente se pagará). “Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya: O Começo” poderia ser um simples filme de artes marciais, porém, o diretor Tomasz Baginski parece ter pego o anime criado por Masami Kurumada e pensado “como posso piorar isso, para falar que estou fazendo algo diferente?” Após descobrir que faz parte de uma linhagem de guerreiros conhecidos como “Os Cavaleiros do Zodiáco”, Seya (Mackenyu) é levado por Mylock (Mark Dacascos) e Alma Kido (Sean Bean) para treinar suas habilidades e proteger a Deusa Atenas, que agora reencarnou no corpo de Sienna (Madison Iseman). Ao mesmo tempo, o quarteto tentará parar Vander Guraad (Famke Janssen) e seus capangas que tentarão a todo custo deter Atenas. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Pegue o clássico enredo da “Jornada do Herói”, coloque neste cenário do icônico anime (que até hoje faz muito sucesso no Brasil) e misture com cenas de cosplayers lutando em eventos Otaku, e pronto, temos o live-action de “Os Cavaleiros do Zodíaco”. Realmente, fica difícil falar o que seria pior neste enredo, que possui atuações totalmente amadoras e canastronas (inclusive, Mackenyu é um dos piores atores que já vi no cinema, pois ele apenas lê suas falas e não às interpreta). O roteiro de Josh Campbell, Matt Stuecken e Kiel Murray, em momento algum procura fazer sentido (com direito a descarte e inserção de personagens da própria narrativa). Enquanto a direção de Tomasz Baginski, consegue não ser apenas tosca, mas pior do que uma produção totalmente amadora de qualquer franquia (inclusive, até uma Inteligência artificial entregaria cenas melhores). Enquadramentos, tomadas com nítido uso do CGI e algumas sem a iluminação adequada (há ainda cenas externas, pelas quais parecem que foram filmadas com um celular smartphone de 2017). “Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya: O Começo” termina sendo não apenas uma das maiores vergonhas na história do cinema, como um verdadeiro exemplo de filme que nem serva para usado como adubo.
Crítica | Campeões

Engenharia do Cinema Depois que os irmãos Peter e Bobby Farrelly (“Debi e Lóide“) começaram a fazer projetos sozinhos, a dupla conseguiu aumentar ainda mais o selo de qualidade que haviam conquistado nos anos 90. Enquanto o primeiro conseguiu um Oscar de Melhor Filme por “Green Book“, o segundo lançou este ótimo “Campeões”, que mira em uma minoria que os próprios já haviam retratados em produções como “Ligado em Você”: os autistas. Inspirado no longa espanhol “Campeones” de Javier Fesser, a trama mostra Marcus (Woody Harrelson), um técnico assistente de um time na NBA, que acaba sendo punido após empurrar o técnico do seu time (Ernie Hudson) depois de uma discussão. Como punição, ele é colocado para comandar em um time de basquete com jovens autistas. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Desde o primeiro segundo, fica perceptível que Harrelson combina com o tipo de filme e protagonista que ele está presente. Não apenas o semblante cômico do próprio, como também há uma breve carga dramática que ele naturalmente consegue exercer (além do típico deboche, em situações diversas). Mas o foco do roteiro de Mark Rizzo (da animação “Gravity Falls: Um Verão de Mistérios“), é na vida dos jogadores do time de basquete como um todo. Mesmo neste tópico soando como clichê para este tipo de filme com temática esportiva, a graça está no desenvolvimento original da trama. Há um breve diálogo entre Marcus e o supervisor do local onde estes treinam, Julio (Cheech Marin), sobre como eles conseguem ter uma vida normal, mesmo com suas diversas deficiências (que vão de autismo leve, pesado e síndrome de down). Só este breve arco, já vale o filme como um todo. Em sua conclusão, “Campeões” acaba sendo um ótimo exemplo de filme sobre minorias, contendo uma ótima qualidade. Embora sua trama e escopo sejam bastante clichês.
Crítica | The Idol

Engenharia do Cinema Pode-se dizer que esta é uma das mais polêmicas séries na história da HBO, por vários motivos. Seja por conta de uma parcela enorme que não gostou da mesma, outra que resolveu cancelar o personagem fictício do músico/ator The Weeknd (que também é um dos criadores da atração) e o fator de não estarmos falando de um enredo linear ou com muitas coisas acontecendo. Sim, realmente a série “The Idol” poderia ser resumida em um longa de duas horas, porém o diretor/showrunner Sam Levinson (responsável pela sucedida série “Euphoria“), resolveu conduzir o projeto como uma atração à altura da produção criada por ele, anteriormente. Dividida em cinco episódios, a série mostra a cantora pop Jocelyn (Lily-Rose Depp) não vivendo seus melhores dias na carreira e tendo uma rotina totalmente rasteira e fútil, deixando seus empresários e assessores totalmente malucos. Mas tudo começa a piorar, quando ela começa a se envolver com o misterioso Tedros (The Weeknd), que se mostra um completo manipulador. Imagem: HBO (Divulgação) Antes de começar a falar sobre a atração como um todo, vale ressaltar que a própria passou por diversos problemas, antes de obter este resultado final. Quando estava 80% concluída, a diretora original Amy Seimetz (“Ela Morre Amanhã”), foi demitida da atração pelo co-criador Abel Tesfaye (que também interpretava o protagonista masculino) não estava gostando do resultado. Consequentemente, Levinson assumiu a função às pressas e refez quase toda a atração (isso em 2022, uma vez que a primeira leva foi concebida ainda em 2021). E a “simples mudança” acarretou em um custo de US$ 75 milhões para a HBO (além do valor inicial, que era de US$ 54 milhões). Este também concebeu mais cenas de teor erótico para a atração, inclusive arcos envolvendo bandagem (que causou várias polêmicas, na rede). Agora, partindo para o resultado final da atração a sensação que temos é a de constante repetição das situações mostradas, e que realmente em certo ponto é nítido que não havia conteúdo para ser injetado na atração, até que chegasse ao episódio final (para se ter uma noção, dos seis episódios, um deles acabou sendo descartado, na hora de ser lançada a temporada). Tanto que dos 255 minutos de duração total, apenas 20 destes acontecem coisas relevantes. Mesmo tendo um intuito de mostrar como era a vida de uma popstar regada a álcool, drogas e sexo, no ponto de vista da própria Jocelyn, chega um ponto na atração que não conseguimos mais achar graça, muito menos tentamos ver onde Levinson quer chegar com tudo (como vem sendo em “Euphoria”). Apesar de The Weeknd se mostrar um baita antagonista (inclusive, ele rouba a cena apenas com seus olhares e curtos diálogos), Depp possui uma atuação mediana (uma vez que ela não transparece os dramas de Jocelyn). Há algumas menções honrosas a nomes como Da’Vine Joy Randolph (Destiny), Hank Azaria (Chaim), Eli Roth (Andrew Finkelstein) e Rachel Sennott (Leia), que conseguem transparecer bem seus sentimentos e os tópicos que são propostos. “The Idol” termina sendo uma verdadeira farofa de conteúdos, onde tenta tirar alguma lição inexistente, em seu desfecho desastroso.