Crítica | Amor e Morte

Engenharia do Cinema Depois da minissérie “Candy“, estrelada por Jessica Biel, ter uma passagem bastante tímida no streaming da Star+, “Amor e Morte” literalmente conta a mesma história, porém com um novo elenco e alcance ainda maior (devido a popularidade do HBO Max). Só que o foco desta produção, dividida em sete episódios e estrelada por Elizabeth Olsen, tem como foco o julgamento da dona de casa Candy Montgomery (interpretada por esta), que foi acusada de assassinar a machadadas a amiga Betty Gore (Lily Rabe). Enquanto a primeira desenrolava os fatos que encadearam este cenário. Tendo como base o livro “Evidence of Love“, de John Bloom e Jim Atkinson, a história mostra a vida da pacata dona de casa, Candy, que após resolver ter um caso com Allan Gore (Jesse Plemons), começa a refletir mais sobre os limites em sua vida. E é neste meio tempo, que ela acaba tendo uma rixa com a esposa deste, Betty, que acaba resultando na brutal morte desta. Imagem: HBO Max (Divulgação) Fica nítido que o showrunner David E. Kelley (“Big Little Lies“) está ciente sobre o fato do espectador não ter de pensar muito sobre o que lhe aguardará no resultado final (ainda mais pela série estrelada por Biel, ainda está fresca na mente do público). Então, ele opta por focar na complexidade que foi o julgamento, uma vez que Candy era vista como uma cidadã exemplar e totalmente com viés conservador. Como estamos falando de uma produção dirigida por dois diretores distintos (Lesli Linka Glatter e Clark Johnson), fica perceptível que a atração se divide em dois tempos. O primeiro é a construção do caso de Betty e Allan, que serve para criarmos simpatia e interesse pela história da dupla e das pessoas ao seu redor. A segunda já nos mostra o cenário jurídico, porém, mesmo se tratando de uma história que ocorreu em 1980, há muitos descuidos no roteiro. Um mero exemplo é a forma como a sociedade trata o crime, e como os familiares de ambos estão vivenciando a situação (uma vez que os EUA sabem dos detalhes, por conta dos noticiários). E fica nítido que poderiam ter ido mais além do que desencontros em cafeterias e mercados, resultando em desperdiço de nomes como Patrick Fugit (“Quase Famosos”) e Krysten Ritter (a Jessica Jones, da Marvel). Em compensação, o projeto serviu também como uma atração que comprova o talento dramático de Elizabeth Olsen (que, nos últimos anos, vinham se reduzindo às produções da Marvel). Mesmo sendo um cenário bastante delicado, conseguimos perceber o grau de psicopatia, medos e injustiças que ela vivencia em sua rotina. Uma lástima que o mesmo não consegue ser transposto por Jesse Plemons (“Ataque dos Cães“), que realmente parece não ter expressão e convicção alguma do que está fazendo (e não é por conta do cenário do seu personagem, e sim porque ele não estava bem neste papel). “Amor e Morte” termina sendo uma interessante minissérie, que não só comprova o talento dramático de Elizabeth Olsen, como também conquista o espectador já em seu princípio.
Crítica | Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História

Engenharia do Cinema Temos mais um caso de lançamento que foi totalmente deixado as surdinas, por conta de problemas que antecederam os bastidores (uma vez que alguns veículos de comunicação dos EUA, garantiram que o filme não foi fiel aos fatos) e o descaso da própria Disney em não apostar no potencial de suas boas produções. “Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História” pode-se dizer que é mais uma produção sobre como determinado produto conseguiu chegar nas prateleiras dos mercados mundiais, e levou sua marca ao extremo sucesso (como vimos nos recentes “Air: A História Por Trás do Logo” e “Tetris“, que até agora são um dos melhores do ano). Poderia ser algo tedioso e previsível, se a cineasta Eva Longoria (em sua estreia na direção de longas) e o carisma do ator Jesse Garcia, conseguissem cativar o espectador logo nos primeiros minutos. Baseado no livro “A Boy, A Burrito and a Cookie: From Janitor to Executive” de Richard Montanez, a história gira em torno de como o próprio (vivido por Garcia) passou de um faxineiro da fabrica de batatas fritas, Flamin’ Hot, para o criador do sabor picante da mesma e conseguiu salvar o selo da falência. Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação) Atire a primeira pedra quem não já conhece de outras produções, como é o estilo de vida dos latinos nos EUA. Embora o roteiro de Lewis Colick e Linda Yvette Chávez tecle muito nesta pegada em continuar mostrando isso exaustivamente (chegando a parecer uma novela mexicana, literalmente), conseguimos ser conquistados nesta narrativa pela divertida narração de Garcia, com os fatos que foram vivenciados por ele (inclusive, se assemelha e muito ao personagem Luís de “Homem-Formiga”, vivido por Michael Peña). Sim, nitidamente alguns fatos não puderam ser inseridos ou até mesmo detalhados, por questões burocráticas da própria Flamin’ Hot (que é uma das divisões da PepsiCo). E por conta deste fator, o enredo se vê obrigado a explorar alguns personagens chave como o Engenheiro Clarence (Dennis Haysbert), o CEO da PepsiCo Roger Enrico (Tony Shalhoub) e o chefe de Richard, Lonny (Matt Walsh). Ao contrário dos filmes citados no segundo parágrafo, as noções de marketing empresarial aqui retratadas, não chegam a serem retratadas de forma mais técnica, e sim na execução e ação dos atos (uma vez que estamos falando de um protagonista totalmente leigo no assunto). “Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História” termina sendo um interessante longa sobre a criação de um petisco que muitos consomem, quando assistem aos filmes nas plataformas de streaming e até mesmo cinemas.
Crítica | Que Horas Eu Te Pego?

Engenharia do Cinema Já tem certo tempo que a atriz Jennifer Lawrence (vencedora do Oscar por “O Lado Bom da Vida“), havia dito que estava atrás de uma comédia pastelão para estrelar. Tentou com “Debi e Loide 2“, mas voltou atrás e pediu para suas cenas serem excluídas do longa, e agora oficialmente está na nova comédia do cineasta Gene Stupnitsky (do ótimo “Bons Meninos”), “Que Horas Eu Te Pego?“. Nitidamente, o papel da protagonista foi escrito para a mesma, tamanho talento que ela conseguiu demonstrar neste (inclusive, em uma era onde o gênero raramente está indo para os cinemas). Após seu carro ser guinchado (que ela usava para trabalhar de Uber) e estar prestes a ser despejada de sua casa, Maddie (Lawrence) acaba abraçando a proposta do casal Laird (Matthew Broderick) e Allison (Laura Benanti) de ser uma “Namorada de Aluguel“, para o tímido filho destes, Percy (Andrew Barth Feldman). Como pagamento, ela ganhará um carro novo. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Desde os primeiros minutos, fica perceptível que Stupnitsky (que também escreveu o roteiro com John Phillips), deu total liberdade para Lawrence tentar improvisar em suas piadas e reações (de tamanha naturalidade que ela exerce em cena). Inclusive, há uma cena em específico que nós acabamos rindo não apenas por conta da situação, mas pela audácia da própria em exercer este tipo de arco (uma vez que nem todas as atrizes de seu calibre, topariam fazer). Porém, estamos falando de um enredo que remete e muito aos sucedidos “Pork’s“, “Superbad” e ao estilo John Hudges, uma vez que o foco não é o romance dos protagonistas, e sim o amadurecimento deles, em torno da situação que estão vivenciando. Outro mérito também é de Andrew Barth Feldman (em seu primeiro papel como protagonista, no cinema), que casa perfeitamente com o estereótipo do garoto tímido. Além de exercer uma ótima química com Lawrence, a todo momento compramos a motivação de ambos (uma vez muitas pessoas, se consegue colocar no lugar deles). “Que Horas Eu Te Pego?” arranca vários risos descompromissados, e demonstra que Jennifer Lawrence também possui um talento cômico na frente das câmeras.
Crítica | Tempestade

Engenharia do Cinema Originalmente concebido como uma minissérie de 12 episódios, na extinta plataforma de streaming Quibi (cujo propósito era ter episódios com cerca de sete minutos, para serem vistos em dispositivos móveis), foi adquirido pela Prime Video, reeditado e condensado em um longa metragem. E só por conta deste fator, já vemos que “Tempestade” trata-se de um filme totalmente problemático em vários fatores. Baseado no livro de Alex Morel, a história gira em torno de Jane (Sophie Turner) que após um período em uma clínica psiquiatra, acaba saindo em uma viagem de avião. Porém, quando este acaba caindo no meio do nada e ela se torna uma das únicas sobreviventes, ela se vê obrigada a se juntar com Paul (Corey Hawkins), para tentarem sair do local. Imagem: Synapse Distribution (Divulgação) Chega a ser engraçado que este projeto possui duas faces totalmente distintas, entre si. Na primeira, temos um drama sobre depressão e outras doenças psicológicas. Já na outra, presenciamos um Thriller de sobrevivência. Se ambos fossem bem trabalhados e fizessem jus ao semblante das situações, seria plausível. Porém, o roteiro de Richard Abate e Jeremy Ungar parece ter sido escrito de forma totalmente distinta e unido na gráfica, para poder entregar ao diretor e atores do projeto, antes de ser filmado. Isso sem citar a inexperiência do diretor Mark Pellington (“O Suspeito da Rua Arlington”), em comandar cenas de ação, tensão (onde ele usufrui da técnica sensacionalista de mostrar vários takes diferentes, de uma mesma cena, em sequência), e quando corta para o lado dramático, ele opta por flashbacks e enquadramentos de choros de Turner e Hawkins (que nitidamente estavam com vergonha de atuarem neste projeto). “Tempestade” termina sendo um verdadeiro caos narrativo, de direção e atuação, resultando em uma verdadeira chuva de horrores.
Crítica | Fubar – 1ª Temporada

Engenharia do Cinema Depois de Sylvester Stallone se conciliar no streaming do Paramount+ com drama de ação “Tulsa King” e o reality “A Família Stallone“, seu amigo de longa data Arnold Schwarzenegger fez exatamente o mesmo na Netflix. O veterano está na minissérie “Arnold” (que foca em três fases na sua carreira) e nesta série de comédia/ação “Fubar” (que no ramo militar estadunidense, significa que os soldados estão f*didos). Com o intuito de não se levar a sério e homenagear o legado do próprio em vários sentidos (seja por intermédio de suas frases, situações que remetem aos seus filmes e sua vida pessoal), a atração funciona e muito, se você for assistir com esses pensamentos. Prestes a assinar sua aposentadoria, o agente secreto Luke (Schwarzenegger) é convocado inesperadamente para uma última missão: resgatar um agente que foi descoberto por um cartel de drogas, comandado pelo temido criminoso Boro (Gabriel Luna). Ao chegar no local, ele acaba descobrindo que o próprio trata-se de sua filha Emma (Monica Barbaro), que também está na carreira há anos. Imagem: Netflix (Divulgação) Dividido em oito episódios, com cerca de 50 minutos cada, a atração em momento algum se leva a sério em suas várias situações que vão a consertar a CPU de um computador com uma tampinha de alumínio ou atropelar “sem querer” um capanga do vilão durante uma discussão. Tudo isso sempre carregado de um CGI de péssima qualidade (remetendo a produções D do canal “Syfy“). Embora várias dessas situações nesta pegada são apresentadas pelo enredo, nem todas conseguem tirar risos do espectador, uma vez que vários arcos são clichês e previsíveis, como o jovem nerd namorando pela primeira vez, o galã bobão, a lésbica que rouba a cena dando fora nos outros personagens, um carro que vai explodir “inesperadamente” (muito devido aos enquadramentos da direção, entregarem que isso vai ocorrer) A única exceção se dá pela aparição do veterano Tom Arnold (que trabalhou com Schwarzenegger, em “True Lies”), que interpreta o torturador Norm Carlson (que é um dos mais engraçados e melhores personagens da trama). Mesmo assim, Schwarzenegger e Barbaro possuem uma boa química e entrosamento de Pai e Filha (uma vez que eles casem no timing cômico e de ação), e também rendem boas risadas (como a breve cena do batom). A primeira temporada de “Fubar” poderia ter sido um pouco melhor desenvolvida, mas ainda sim consegue entreter sutilmente e sem compromisso, os fãs do veterano australiano.
Crítica | 65 Ameaça Pré-Histórica

Engenharia do Cinema A humanidade possui diversas perguntas, sem resposta. Uma delas que vai se perpetuar durante anos vai ser como a Sony Pictures resolveu bancar o longa “65: Ameaça Pré-Histórica“, esperando que seria um filme plausível para alguma coisa, uma vez que ele não consegue entreter nem uma mosca que passa na frente do televisor. Estrelada por Adam Driver (“A História de Um Casamento“), e tendo a direção e roteiro assinada pela dupla Scott Beck e Bryan Woods (roteiristas dos dois “Um Lugar Silencioso”), a produção se vende como um filme de Dinossauros, que sequer mostra os mesmos devidamente. Após um acidente ocasionar na queda de uma nave espacial, em um então planeta desconhecido, o Astronauta Mills (Drive) e a jovem tripulante Koa (Ariana Greenblatt) se vêem em um cenário florestal repleto de seres pré-históricos e correndo um enorme risco de vida. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Realmente é um desafio grandioso começar a falar sobre este filme, uma vez que o roteiro não é interessante e em muitos momentos parece estarmos vendo uma produção inacabada e com efeitos visuais tão ruins, que fazem os filmes do canal Syfy serem obras primas (vide “Sharknado”). O longa se resume a Adam Driver e Ariana Greenblatt ficarem em um looping infinito de andarem na floresta, matarem dinossauros, se machucarem e o primeiro subir/cair de árvores. Ponto (não estou brincando). E em determinado ponto da projeção, me peguei pensando “porque diabos, este filme foi idealizado?” e “Como que um estúdio deve ter aprovado este roteiro imbecil?”. Uma coisa é fato: Driver aceitou este papel não apenas pelo cachê, mas também para reviver seus tempos onde serviu na marinha (inclusive, este foi seu primeiro papel no cinema, onde ele teve de ter um treinamento bélico). Ligamos para o seu personagem e para a jovem Koa? Não conseguimos sequer ter interesse em torcer para eles saírem daquele cenário de looping “inusitado”, uma vez que não existe uma verdadeira motivação para a dupla seguir naquele cenário. “65: Ameaça Pré-Histórica” facilmente entrará para a lista dos piores longas deste ano, e da carreira do ator Adam Driver. Evite.
Crítica | Transformers: O Despertar das Feras

Engenharia do Cinema Não é novidade que a franquia “Transformers” já está começando a saturar nos cinemas, uma vez que o quarto e quinto capítulos se transformaram em uma bomba atômica (inclusive o próprio Michael Bay declarou, que só dirigiu estes filmes por questões contratuais com a Paramount), ao invés de entretenimento. Porém, em 2018, com o spin-off “Bumblebee” (com Bay assinando apenas a produção) o selo começou a ganhar um novo gás e chamou a atenção do público para novos longas. Embora não seja uma continuação direta do citado, “Transformers: O Despertar das Feras” se passa alguns anos depois daquele. Mesmo tendo um trabalho técnico superior aos últimos longas dirigidos por Bay, o roteiro mais uma vez nos entrega uma história sem profundidade e cansativa em vários aspectos. Se passando exatamente em Nova York, em 1994, a história é centrada em Noah (Anthony Ramos), que após várias tentativas falhas de arrumar um emprego digno, resolve roubar um carro para comercializá-lo. Só que ele não esperava que este se tratava do Autobot Mirage, que acaba lhe colocando dentro do cenário da batalha entre estes e os Decepticons. O mesmo pode-se dizer da historiadora Elena (Dominique Fishback), que acidentalmente se depara com o artefato que ambos estão atrás. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Nos minutos iniciais já sentimos que o diretor Steven Caple Jr. (“Creed 2“), já estava ciente de como captar as tomadas de ação e não deixar o espectador confuso ou cansado do que estava sendo mostrado (uma vez que Bay não conseguia fazer isso, e transformava as cenas de lutas em verdadeiras farofadas sem sentido). Os enquadramentos, efeitos visuais e fotografias são coisas que realmente conseguem casar (principalmente em momentos chaves), e não causam dor de cabeça por conta de seus excessos (como já tive com os primeiros filmes). Só que o roteiro escrito por Joby Harold, Darnell Metayer, Josh Peters, Erich Hoeber e Jon Hoeber (o que já é um problema, pois estamos falando de um enredo que passou por cinco mãos), não consegue criar uma atmosfera plausível e que mostre uma trama que nos faça se importar com os protagonistas e até mesmo com os Autobots. E chega a ser triste ver isso, pois Ramos e Fishback estavam se esforçando para entregarem algo plausível (lembrando que eles atuavam, em sua maioria, para o nada). A única exceção fica para o próprio Mirage, que não só rouba a cena (muito por mérito também da dublagem nacional de Douglas Silva e de Pete Davidson, no original), como acaba conseguindo exercer as melhores cenas da produção (além de exercer uma boa química com Ramos). “Transformers: O Despertar das Feras” é mais um esquecível filme da franquia, que provavelmente não será lembrado pelo público nos próximos sete dias, que for conferido. Obs: o filme possui uma cena extra, no meio dos créditos finais.
Crítica | The Flash

Engenharia do Cinema Após um longo período de pré-produção, uma vez que o longa “The Flash” chegou a ser anunciado em 2016 e tendo passado por diversos cineastas (até mesmo Steven Spielberg e Robert Zemeckis), apenas em meados de 2021 o próprio acabou saindo do papel. Em meio a indecisões sobre Ben Affleck ficar ou não como Batman e qual o verdadeiro rumo da DC, o estúdio acabou contratando Andy Muschietti (“It – A Coisa”), para dirigir o longa e produzir com sua irmã Barbara Muschietti. De imediato Muschietti não teve uma missão apenas de entregar o primeiro grande filme, de um dos heróis mais populares do selo, como também trazer de volta, depois de 30 anos, o veterano Michael Keaton no papel de Batman/Bruce Wayne. Com uma pegada totalmente remetendo aos clássicos filmes do “Superman” e “De Volta Para o Futuro”, não hesito em dizer estamos falando de mais um acerto do estúdio. Porém, não se trata de um encerramento, mas sim novas lacunas que vão se abrir. Depois de descobrir que possui a capacidade de viajar no tempo, Barry Allen (Ezra Miller) resolve tentar fazer com que sua mãe sobreviva de um fatal acidente no passado, o que também inocenta seu Pai (Ron Livingston) nos tribunais. Ele consegue fazer isso, porém sua atitude acaba trazendo para aquele universo o General Zod (Michael Shannon). Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Começo enfatizando que o roteiro de Christina Hodson (“Aves de Rapina”) e Joby Harold (“Transformers: O Despertar das Feras”) é nitidamente simples, com várias pitadas de easter-eggs de filmes, quadrinhos e até mesmo memes que já foram apresentados pela DC. O recurso não só funciona, como também representa que o próprio está começando a entregar aos fãs exatamente aquilo que eles esperavam deste filme (diferente do que vimos em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”). Inclusive, algumas participações especiais irão arrancar suspiros e gritos de emoções dos fãs mais aflorados (e sim, em maioria elas não estão jogadas sem contexto). E quase que uma delas acabou sendo da própria Supergirl (vivida por Sasha Calle, em uma boa interpretação e presença), que serve apenas para ser uma escada para os arcos do Batman e Flash (principalmente na batalha final). Uma pena não terem aproveitado ela mais. Felizmente, não posso deixar de citar que além de Miller estar muito a vontade no papel de Barry/Flash (inclusive, mais maduro), o show cai em cima de Michael Keaton. O veterano realmente estava feliz em ter voltado ao papel que lhe consagrou, e nas várias possibilidades que ele pode exercer. Uma vez que agora há o recurso de CGI lhe promove mais habilidades em cena. Porém, aí está o grande problema do longa. Com uma cena de abertura que parece ter sido tirada de um game do Playstation 1 (principalmente na estética dos bebês), chega a ser bizarro o que estávamos presenciando, uma vez que fica nitidamente explícito que a pós-produção foi caótica e feita às pressas (devido aos vários problemas nos bastidores com a mudança de Presidente da Warner, as polêmicas de Ezra Miller e outras coisas que colocaram em xeque o destino da produção). Agora, quando estamos nas cenas onde Flash está se preparando para ir em outras realidades, fica nítido que o aspecto cartunesco foi proposital (o que resultou no quesito do “Vale da Estranheza”, na maioria do espectador). Outro acerto, é a questão da trilha sonora de Benjamin Wallfisch (que já trabalhou com Muschietti, em “It”) não apenas remeter as melodias clássicas do próprio Batman estrelado por Keaton, como também outras produções do selo. Mas faltou uma que vendesse a aparição do próprio Flash (como ocorre nas aparições da Mulher Maravilha). Em seu término, “The Flash” não acaba sendo uma despedida do arco de Zack Snyder no universo DC, e sim uma abertura para novas e possíveis lacunas que ainda deverão serem exploradas nas próximas produções do estúdio. Obs: o longa tem uma cena pós-créditos, pelo qual não acrescenta em absolutamente nada, ou seja, veja por sua conta e risco. Porém, não compensa esperar os letreiros passarem.
Crítica | Resgate 2

Engenharia do Cinema Depois do enorme sucesso que “Resgate” conquistou na Netflix, em 2020 (inclusive foi lançado em pleno cenário de lockdown, e com uma ausência de poucos lançamentos), era óbvio que a mesma iria investir em uma continuação (inclusive, a terceira parte já foi confirmada). Estrelada por Chris Hemsworth e dirigida por Sam Hargrave (que vem do universo dos dublês de ação), estamos falando de uma potencial nova franquia que remete e muito aos estilos de Rambo, Braddock e “Comando Para Matar”. E realmente, funciona. O filme tem inicio logo após o término do primeiro, com o mercenário Tyler (Hemsworth) deixado gravemente ferido, sendo posteriormente resgatado e “renascendo”. Em sua recuperação, ele recebe a visita do misterioso Alcott (Idris Elba), que lhe divulga seu novo trabalho, que envolverá o resgate de uma mãe (Sinead Phelps) e seus dois filhos, de um perigoso criminoso. Imagem: Netflix (Divulgação) Não é novidade que a onda de novos diretores de ação, que eram dublês do gênero (o que é o caso de nomes como Chad Stahelski e David Leitch) conseguem ser os melhores e mais inovadores no mesmo. Embora o material em mãos seja totalmente clichê, Hargrave procura inovar na técnica de mostrar suas cenas malucas de ação (como mostrar um arco da fuga de uma prisão, em um plano sequência com cerca de 25 minutos). E o recurso não só funciona, como prende nossa atenção. Embora este tipo de produção não foque em atuações dramáticas ou algo do gênero, é nítido que Hemsworth está muito à vontade no papel de Tyler (uma vez que o próprio havia declarado que queria focar em mais papéis nesta pegada), inclusive seu porte é condizente com o enredo. E isso funciona também, pois ele apanha, se machuca e seus desafios são bem apresentados por Hargrave (sem quebrar o suspense por cortes amadores). Remetendo e muito aos longas brucutus como “Rambo 2“, estamos falando de um enredo que não possui um tempo para descansarmos do excesso de ação que ocorre. E confesso que é nítido que o trabalho de mixagem de som e fotografia seriam melhor aproveitados em uma tela grande (o que me faz pensar que a Netflix errou, em não colocar este filme nos cinemas, primeiro), por isso a experiência fica mais divertida vendo na maior tela que você tiver em mãos. “Resgate 2” é uma verdadeira aula de como se fazer uma continuação de um longa de ação, e finca que a nova onda de diretores vindo do universo dos dublês do gênero, são para ficarmos de olho.